A diarreia se caracteriza pela diminuição da consistência das fezes e pelo aumento do um número de evacuações. Quando há ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia em 24 horas, fala-se em doenças diarreicas agudas (DDA), que correspondem a um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais.
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Apesar da definição de diarreia aguda considerar o limite máximo de duração de 14 dias, a maioria dos casos se resolve em bem menos tempo (geralmente em até sete dias).
A diarreia pode ser acompanhada de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em alguns casos, há presença de muco e sangue, quadro conhecido como disenteria. Se não tratada, pode provocar desidratação grave e distúrbio hidroeletrolítico (quando há perda de eletrólitos, como sódio e potássio).
Cuidado especial deve ser dado a crianças pequenas e idosos com quadro de diarreia, pois estes podem desidratar rapidamente.
O que causa diarreia?
A diarreia mais comum é causada por alguns microrganismos, como bactérias, vírus e outros parasitas. Eles provocam a inflamação do estômago e do intestino (gastroenterite).
A infecção por esses microrganismos se dá por meio do consumo de água ou alimentos contaminados, ou pelo contato com objetos, pessoas ou animais contaminados.
A diarreia também pode ter origem não infecciosa, quando a inflamação no trato gastrointestinal é causada por medicamentos, pela ingestão de grandes quantidades de adoçantes ou de alimentos gordurosos ou pelo consumo de bebidas alcoólicas.
Algumas doenças podem desencadear diarreia, como a doença de Crohn, as colites, a doença celíaca, a síndrome do intestino irritável e intolerâncias alimentares.
Nem sempre é possível precisar qual é o microrganismo causador da diarreia pela dificuldade na realização do exame laboratorial de fezes. Ainda assim, com base no relato do paciente e no exame clínico, o médico pode orientar quanto a medidas que vão interromper o quadro e o tratamento adequado.
Surtos de diarreia
O exame laboratorial é importante em casos de surtos de diarreia em uma comunidade para que se identifique o agente causador e a fonte da contaminação.
No Brasil, é frequente a ocorrência de surtos de diarreia durante o verão em balneários, devido a contaminação da água do mar em locais onde o saneamento básico é precário.
Quais são os tipos de diarreia?
- Agudas: geralmente causada por vírus, bactérias ou parasitas; alimentos contaminados, alimentos com grande quantidade de fibras, café, chás, refrigerantes, leite e seus derivados, chocolate; medicações como antiácidos, laxantes; ingestão de açúcares não absorvíveis; isquemia intestinal; impactação fecal; inflamação pélvica.
- Crônicas: são aquelas causadas por doenças inflamatórias do intestino, parasitoses, cânceres intestinais, alterações da imunidade e alergias alimentares.
Como se livrar da diarreia?
Na maioria das vezes, as diarreias melhoram sozinhas. Não se deve tomar medicamentos para interromper a diarreia sem consultar o médico. Isso pode fazer com que o organismo mantenha toxinas que quer expulsar, piorando o quadro.
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade recomenda que se procure um médico quando o quadro de diarreia não desaparece no prazo de sete dias.
O tratamento para diarreia é feito através da reidratação com líquidos e solução de sais de reidratação oral (SRO). O médico vai avaliar a necessidade de utilizar fluidos endovenosos (soro) dependendo da gravidade do caso.
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento com antibiótico deve ser reservado aos casos de diarreia com sangue ou muco nas fezes e comprometimento do estado geral, ou em caso de cólera com desidratação grave, sempre com acompanhamento médico.
De acordo com a avaliação da história e pelo exame físico e laboratorial, quando indicado, o profissional de saúde saberá identificar os casos que precisarão de medicações específicas, como antibióticos e antiparasitários.
Como se hidratar em casa
Durante um quadro de diarreia, é preciso ingerir mais líquido do que se faz habitualmente. Pode-se usar soro caseiro, chá, sucos e sopas ou solução de reidratação oral comprada em farmácias. Refrigerantes e bebidas adoçadas devem ser evitados.
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes, médico do pronto atendimento e corpo clínico, preceptor da residência em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.