É normal que fios de cabelo caiam da cabeça. Isso não representa, necessariamente, um problema de saúde. Estima-se que cerca de 100 a 150 fios caiam por dia de um couro cabeludo saudável.
As quedas só são prejudiciais e configuram um caso inflamatório de alopecia se o número de fios caídos diariamente superar a marca de 150 e se isso for acompanhado de dor ou sensibilidade no couro cabeludo. Pessoas com essa condição podem enfrentar isso de forma recorrente e difusa.
A alopecia pode se manifestar de maneira crônica, quando é irreversível e cicatricial, ou ser temporária. Nesses casos agudos, normalmente está associada a condições específicas que ocasionam a quebra dos fios, sem que haja formação de cicatrizes ou impedimento do crescimento capilar.
Dentre os tipos de alopecia não cicatricial, existem três classificações mais conhecidas:
Eflúvio telógeno
É um dos tipos mais comuns de alopecia e atinge principalmente mulheres. Geralmente aparece em episódios que duram menos de seis meses. Suas causas incluem infecções, dietas restritivas, deficiências nutricionais, Covid-19, doenças autoimunes, endocrinológicas e metabólicas, cirurgias, estresse físico e psicológico, mudanças hormonais e uso de certas medicações. O pós-parto também pode estar associado ao quadro.
Alopecia androgenética
Popularmente conhecida como “calvície”, afeta principalmente os homens e está ligada a predisposição genética e fatores hormonais. Seu principal sintoma é o afinamento contínuo dos fios, que se enfraquecem e levam a uma perda gradual, seguindo um padrão de distribuição típico anterior, com progressão posterior e lateral (a região occiptal, na nuca, geralmente é preservada).
Alopecia areata
Trata-se dos casos em que as quedas acontecem de maneira circular e não cicatricial (portanto geralmente é reversível). Acomete mais comumente o couro cabeludo; porém também pode ocorrer na sobrancelha, barba, bigode, axilas e genitais. Tem natureza autoimune e predisposição genética, com possível influência de estresse emocional.
Quando os fios caem, a pele da região fica lisa e brilhante, com os pelos ao redor da “placa” sensíveis e saindo facilmente se puxados. Se voltarem a crescer, os fios podem aparecer brancos e, posteriormente, recuperar sua coloração normal.
Vídeo: Por que ocorre a perda de cabelo?
Diagnóstico
Para diagnosticar um quadro de alopecia, o primeiro passo dado pelos dermatologistas costuma ser a anamnese. Por meio da conversa detalhada com o paciente, o profissional vai investigar o histórico das quedas e tentar identificar os seus possíveis fatores causais, que podem derivar de uma janela de até três meses antes do sintoma.
Os médicos dermatologistas costumam realizar exame clínico direcionado e solicitar exames laboratoriais para verificar a saúde dos fios e do couro cabeludo. Entre eles:
- Prova da tração: em que o profissional passa os dedos pelo cabelo do paciente para verificar a quantidade de fios que saem com facilidade de seu couro cabeludo;
- Dermatoscopia do couro cabeludo: um exame não invasivo, realizado com um equipamento que tem uma lente de aumento associada à luz polarizada e permite enxergar a raiz dos fios;
- Tricograma: tração de 40 a 60 fios para avaliação da raiz e da haste dos fios;
- Biópsia: em alguns casos pode ser indicada a retirada de um fragmento do couro cabeludo para exame anatomopatológico.
Tratamento
A partir do diagnóstico, é possível definir tratamentos para controle e, em alguns casos, cura da alopecia. Tudo depende da identificação dos fatores causais responsáveis pela queda dos fios de cabelo.
Se o problema for, por exemplo, a deficiência de vitaminas, sua reposição pode evitar a recorrência do sintoma. Da mesma forma, se a queda dos fios estiver relacionada a algum tipo de disfunção da tireoide, o tratamento será controlar os hormônios dessa glândula.
Em geral, os tratamentos da condição funcionam a longo prazo. A recuperação completa da saúde dos fios perdidos pode demorar de 12 a 18 meses após a correção do agente causal.
Prevenção
Não existe uma forma de prevenção específica de combate à alopecia. Contudo, manter uma dieta equilibrada e balanceada, assim como aliviar o estresse, pode evitar as quedas de cabelo.
Revisão técnica: Erica Maria Zeni, médica da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein. Possui graduação e residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e residência em Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Também possui pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, em Buenos Aires, Argentina.