A depressão é um transtorno mental complexo que vai muito além de um estado passageiro de tristeza. Essa condição afeta profundamente o bem-estar emocional e físico da pessoa e é caracterizada por uma sensação persistente de desânimo, perda de interesse em atividades cotidianas e falta de energia, o que pode interferir significativamente no convívio social, no trabalho e nos estudos.
Os sintomas podem variar de acordo com cada indivíduo, mas geralmente incluem humor deprimido, sensação de desesperança, fadiga, alterações no sono e no apetite, bem como dificuldade de concentração. Em casos mais graves, pode levar à automutilação e ideação suicida.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que 300 milhões de pessoas sofrem com o transtorno depressivo no mundo. Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior prevalência da doença na América Latina.
Apesar dos números e do avanço nas discussões sobre saúde mental, como por meio da campanha de Setembro Amarelo, a condição ainda é mal compreendida e muitas pessoas hesitam em buscar ajuda profissional. A conscientização sobre os seus sinais e o acesso a informações claras podem fazer uma grande diferença na vida de quem convive com a doença.
Vídeo: Das redes sociais ao home office: 8 verdades sobre a depressão
Conheça 10 fatos sobre a depressão.
1. Não é apenas tristeza
A depressão é frequentemente confundida com uma tristeza profunda, mas se trata de algo muito mais complexo do que isso. Enquanto a tristeza é uma emoção natural e temporária, geralmente provocada por eventos negativos, como uma perda ou decepção, o transtorno mental pode surgir mesmo sem uma causa evidente e se estender por semanas, meses ou até anos.
2. Redes sociais podem influenciar
Estudos indicam que a constante exposição a imagens idealizadas de sucesso, beleza e felicidade pode gerar comparações prejudiciais e expectativas irreais. Esse fenômeno, amplificado pela repetição de conteúdos positivos nas plataformas, pode afetar negativamente o humor e a autoestima dos usuários, e contribuir para a vulnerabilidade à depressão.
3. Crianças e adolescentes também podem desenvolver
Mesmo que os sintomas possam ser um pouco diferentes daqueles apresentados por indivíduos adultos, crianças e adolescentes também podem desenvolver o transtorno depressivo. Nesses casos, não é incomum que a doença se manifeste como mudanças de comportamentos ligados a uma maior irritabilidade e agressividade, com tendência ao isolamento social e a quedas no desempenho escolar.
A dificuldade desses jovens em expressar o que sentem para seus pais ou outros adultos responsáveis é o que torna o diagnóstico tão desafiador. O reconhecimento precoce dos sinais da doença é chave para iniciar o tratamento adequado, o que pode beneficiar a recuperação.
4. A solidão é um fator de risco
Estar sozinho não significa necessariamente sentir-se solitário, mas a solidão, especialmente quando prolongada, é um fator de risco significativo para o desenvolvimento do transtorno. A interação social, seja por meio do trabalho, da família, das amizades ou de atividades comunitárias, é um fator de proteção contra a doença.
5. Trabalho remoto nem sempre aumenta o isolamento social
Quando o trabalho remoto inclui interações regulares com colegas, atividades sociais fora do expediente e um bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ele até pode auxiliar no combate à depressão.
O problema surge quando o regime trabalhista é realizado sem estrutura adequada e leva ao isolamento e à solidão. Portanto, a chave está em como o trabalho remoto é gerido: criar oportunidades de interação social e manter um equilíbrio saudável pode evitar que ele se torne um gatilho.
6. Combinar terapia e medicação pode ser eficaz
Em muitos casos, a combinação de psicoterapia e medicação pode trazer resultados mais positivos do que cada abordagem isolada. A psicoterapia ajuda a desenvolver estratégias para lidar com emoções e pensamentos negativos, enquanto a medicação pode ajustar os desequilíbrios químicos no cérebro que contribuem para a doença.
É importante que a medicação seja prescrita e monitorada por um profissional qualificado, como um psiquiatra. O acompanhamento regular é fundamental para ajustar a dosagem e avaliar a eficácia do tratamento.
7. A prática de exercícios físicos ajuda no tratamento
A atividade física é considerada um componente essencial no tratamento da depressão. Isso porque os exercícios regulares podem ser tão eficazes quanto medicamentos ou psicoterapia, pelo menos em casos leves e moderados.
Tais práticas ajudam a liberar endorfinas, hormônios que melhoram o humor e a disposição. No entanto, devido à falta de energia e motivação, é comum que pessoas deprimidas tenham dificuldade em iniciar ou manter uma rotina de exercícios, o que torna necessário um suporte adicional.
8. Pode ser inevitável em alguns casos
Fatores como predisposição genética significativa, traumas profundos, vulnerabilidade social e situações de extrema adversidade, como desemprego prolongado ou falta de moradia, podem aumentar o risco de desenvolver depressão.
Nesses casos, a abordagem terapêutica e o suporte adequado são essenciais para gerenciar e mitigar os impactos da doença, mesmo que sua predisposição seja elevada.
9. Mindfulness e meditação podem ajudar
Técnicas de relaxamento ajudam a pessoa a desenvolver maior consciência dos próprios pensamentos e emoções e a promover atitudes de aceitação e menos julgamento. Pesquisas indicam que a prática regular de mindfulness pode reduzir os níveis de estresse, melhorar o humor e prevenir recaídas em pessoas que já passaram por episódios depressivos.
10. Requer tratamento personalizado
O tratamento da depressão deve ser adaptado às necessidades específicas de cada pessoa, levar em consideração vários fatores e ser desenvolvido em colaboração com profissionais de saúde qualificados.
Embora a gravidade dos sintomas desempenhe um papel fundamental na escolha da abordagem terapêutica, as preferências pessoais também são importantes e devem ser consideradas. Algumas pessoas podem preferir ou responder melhor a abordagens terapêuticas específicas, como a terapia cognitivo-comportamental..
As condições de saúde associadas, como a existência de doenças crônicas, são outras questões a serem consideradas, pois podem influenciar a escolha dos tratamentos e sua eficácia. Pessoas com problemas cardíacos, por exemplo, podem precisar de uma abordagem que minimize os efeitos colaterais dos medicamentos antidepressivos.
Revisão técnica: Sabrina Bernardez Pereira, médica do Escritório de Valor do Hospital Israelita Albert Einstein. Doutorado em Ciências Cardiovasculares pela UFF e especialista em Cardiologia pela SBC/AMB