Uma parada cardiorrespiratória é um evento de saúde grave, caracterizado por uma interrupção repentina e simultânea do bombeamento do coração e da respiração dos pulmões. Se não for tratada imediatamente, essa ocorrência pode levar ao desenvolvimento de sequelas neurológicas complexas ou à morte.
Nos adultos, essa condição costuma ter causas relativas ao coração, tais quais em episódios de infarto do miocárdio e de insuficiência cardíaca. Por outro lado, em bebês, é mais comum que a parada esteja associada a obstruções no sistema respiratório, por sufocamento ou engasgo.
Quais são os sinais?
O desmaio, a ausência de movimentação e o arroxeamento da pele (cianose) são alguns dos sinais mais claros de parada cardiorrespiratória em crianças. Caso esses sintomas sejam identificados, o socorro médico precisa ser acionado imediatamente por meio do número 192, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Enquanto os profissionais não chegam ao local, a recomendação é dar início ao processo de reanimação cardiopulmonar (RCP) de primeiros socorros. Esse exercício tem como objetivo circular o sangue que contém oxigênio dos pulmões para o cérebro e outros órgãos, a fim de estimular a retomada de suas funções.
Vídeo: Bebê parou de respirar: respiração boca a boca e massagem cardíaca
Aprenda o passo a passo em oito etapas:
1. Posicionar o bebê em local seguro
O primeiro passo do RCP é assegurar que o bebê esteja em um local seguro para ser atendido. Idealmente, ele deve ser deitado no chão, de barriga para cima.
2. Tentar estimular a criança
Verificar se o bebê apresenta alguma resposta a estímulos externos. Isso pode ser feito a partir do toque de seus membros ou por meio da fala, chamando a criança pelo nome.
3. Verificar os sinais vitais
Além dos movimentos visíveis do tórax, deve-se checar o pulso braquial do bebê. Para tanto, o adulto deve posicionar dois de seus dedos no meio do braço da criança e contar a quantidade de pulsos sentidos ao longo de um minuto.
A frequência cardíaca de um recém-nascido pode variar de 70 a 170 batimentos por minuto (bpm). No caso de bebês com até 1 ano de idade, esse valor muda para 80 a 160 bpm. Com 2 anos, o pulso normal é de 80 a 130 bpm.
4. Analisar o quadro
Se, apesar dos sintomas, o bebê estiver respirando e apresentar pulso, a recomendação é encaminhá-lo para o serviço de emergência mais próximo. Já caso seja detectado que a criança tem pulso, porém não está respirando, deve-se começar a realizar as respirações de resgate.
5. Preparar o bebê para as respirações de resgate
Para conduzir as respirações de resgate, deve-se posicionar dois dedos na região do queixo do bebê. Com a outra mão, tracione levemente a cabeça da criança para cima.
6. Realizar as respirações de resgate
Na respiração boca a boca (ou boca a nariz, se o bebê for muito pequeno), o ideal é que um sopro seja lançado a cada três segundos. Após um minuto de respiração, cheque o pulso. Caso ele ainda não tenha sido detectado, recomenda-se iniciar a massagem cardíaca.
7. Fazer massagem cardíaca
Para realizar a massagem cardíaca em recém-nascidos, existem duas técnicas possíveis. Em ambos os casos, as massagens devem ocorrer em revezamentos de 30 compressões com duas respirações boca a boca.
Na primeira delas, os dedos médio e indicador da mão dominante devem ser posicionados no terço inferior do osso esterno (próximo do centro do peito) do bebê, enquanto a outra mão deve estar sob as suas costas, de forma a ser utilizada como um apoio para as compressões.
Já na segunda abordagem, o tórax da criança é envolvido pelas duas mãos, com os polegares cruzados na mesma região do esterno, onde os dedos também farão pressão.
8. Checar os sinais vitais e manter a RCP até a chegada do SAMU
Durante o atendimento do bebê, é recomendado que a pessoa pare algumas vezes para checar se ele voltou a respirar sozinho e como estão os seus sinais vitais. Vale lembrar que as reações de um recém-nascido podem ser muito sutis, então é importante fazer essa avaliação com cuidado. Mantenha as manobras de massagem cardíaca até a chegada dos paramédicos.
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes, médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.