Dengue e de leptospirose: conheça as diferenças entre as doenças

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A dengue e a leptospirose apresentam sintomas muito semelhantes, que podem ser confundidos. Por isso é importante procurar atendimento médico diante de qualquer sintoma sugestivo e realizar o teste para confirmar o diagnóstico. Conheça as principais diferenças entre as infecções.

LEPTOSPIROSE

A leptospirose é causada pela bactéria do gênero Leptospira. É considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma doença negligenciada e subnotificada: a estimativa é de que, a cada ano, 500 mil novos casos ocorram em todo o mundo, com uma mortalidade que pode variar de 10 a 70% em casos graves.

É uma doença de notificação compulsória em todo o território brasileiro. Essa notificação deve ser feita já na suspeita, para que as ações de vigilância epidemiológica sejam iniciadas. Essas ações têm como objetivo controlar eventuais focos para evitar que mais pessoas se contaminem.

Como é a transmissão?

A transmissão acontece pelo contato com a urina de ratos infectados. No caso de enchentes, o simples contato da pele e de mucosas com a água suja e a lama pode ser o suficiente para causar a infecção. 

O período de incubação da leptospirose pode ser longo (chegando a 30 dias, apesar de a média ser de sete a 14 dias) e a contaminação também pode ocorrer de forma direta, pela ingestão de alimentos que entraram em contato com a urina contaminada.  

Quais são os sintomas?

Os primeiros sinais são febre alta (acima de 38oC), que começa de maneira súbita, associada a calafrios, dores de cabeça e musculares (principalmente na região da panturrilha), falta de apetite, náusea, vômito e olhos vermelhos. 

A leptospirose pode resultar em quadros assintomáticos, leves (que só requerem o tratamento ambulatorial) ou graves, com o comprometimento do fígado (pele amarelada), dos rins, quadros de insuficiência renal (eventualmente com a necessidade de hemodiálise), dos pulmões e do sistema nervoso.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da leptospirose é feito com a coleta de amostra de sangue para a avaliação da presença de anticorpos. Também é possível realizar a pesquisa direta da bactéria, cultura ou exame de biologia molecular com a pesquisa da presença do DNA. 

Outros exames inespecíficos auxiliam na avaliação da gravidade, como exames de sangue para a avaliação da coagulação, do rim e do fígado, e o eletrocardiograma, que podem ser indicados de acordo com a condição clínica do paciente.  

Qual o tratamento?

No caso da leptospirose, o tratamento é feito com uso de antibióticos e quanto antes for iniciado, melhor. Em casos mais leves, o paciente pode receber a medicação em casa, por via oral. Nos casos graves, é preciso usar antibióticos endovenosos.

Como prevenir?

Para a prevenção da leptospirose, é importante usar materiais impermeáveis (como botas e luvas) ao entrar em contato com água da enchente, lama e ambientes que foram inundados. 

Também vale ficar atento à higiene de mãos e do ambiente, ingerir somente água potável, armazenar adequadamente os alimentos e manter o controle de roedores. Não há vacinas para humanos no Brasil. 

Nos locais que foram invadidos por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente com hipoclorito de sódio a 2,5%, presente na água sanitária (um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água). 

Manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados, manter a cozinha limpa, retirar as sobras de alimentos ou ração de animais domésticos antes do anoitecer, manter o terreno limpo e evitar entulhos e acúmulo de objetos nos quintais são práticas que ajudam a evitar a presença de roedores.  

DENGUE

A dengue é uma infecção viral que faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses. Ela representa um grande problema de saúde pública não apenas no Brasil, mas também em vários países da América Latina. É transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti

Pessoas de qualquer idade podem se contaminar, porém gestantes, pessoas com mais de 65 anos, indivíduos com comorbidades e crianças até 2 anos são mais propensas a desenvolver a forma mais grave da doença e apresentar outras complicações. 

Quais são os sintomas?

Os sinais da dengue surgem depois de três a cinco dias e começam com febre alta repentina (entre 38 e 40oC), acompanhada de dores de cabeça, nas articulações e atrás dos olhos, prostração, falta de apetite e náusea. 

A piora do quadro acontece se a pessoa apresentar ainda manchas vermelhas pelo corpo e sangramento das mucosas (sinal de que há diminuição das plaquetas). 

Como é feito o diagnóstico?

Para a confirmação de dengue, é levado em conta o quadro clínico do paciente e, em alguns casos, são realizados exames laboratoriais, como hemograma, pesquisa de anticorpos produzidos contra o vírus, pesquisa de antígenos e exames bioquímicos. 

Qual tratamento?

Boa parte dos casos de dengue são assintomáticos ou leves. Não há um antiviral específico para combater o vírus e o tratamento consiste basicamente em hidratação, repouso e uso de medicamentos para o controle da febre e da dor.   

Como prevenir?

Após um evento climático catastrófico envolvendo enchentes, por exemplo, a população pode se deparar com desequilíbrios ambientais que favorecem a disseminação de doenças infectocontagiosas.

Nos casos de dengue, os focos de água parada que surgem com a baixa progressiva das águas requerem atenção para o possível aumento de casos. Lembrando que os ovos contaminados do mosquito podem permanecer por longos períodos no ambiente, havendo a eclosão quando surgirem as condições favoráveis.

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