O câncer é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Caracterizado por um crescimento anormal de células, pode atingir diversas partes do corpo e é uma das causas de morte mais comuns.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que, em todo o globo, sejam diagnosticados mais de 25 milhões casos da doença até 2030. Especificamente no Brasil, a projeção do órgão é que, durante o triênio de 2023 a 2025, 704 mil pessoas descubram um câncer.
Vídeo: Quais são os tratamentos indicados para o câncer?
Geralmente, a quimioterapia e a radioterapia são as abordagens de tratamento do câncer mais conhecidas. No entanto, existem diversos outros procedimentos que podem ser indicados. A seguir, conheça três deles:
1 – Cirurgia oncológica
A cirurgia oncológica é uma intervenção médica invasiva que tem como objetivo remover o órgão acometido pelo câncer de forma integral ou parcial, a depender da extensão do caso. O procedimento serve para tratar tanto os tumores primários, onde as células malignas primeiro se desenvolveram, quanto os tecidos secundários, que foram afetados pela metástase (que acontece quando as células doentes migram pela corrente sanguínea e o câncer se desenvolve em outros órgãos).
Pilar fundamental no tratamento curativo da doença, a cirurgia pode ser indicada em boa parte dos tumores sólidos, como:
- Colo do útero;
- Mama;
- Estômago;
- Pâncreas;
- Intestino;
- Próstata;
- Pulmão;
- Tireoide;
- Cérebro.
Um tumor maligno é considerado inoperável quando ele invade órgãos que não podem ser removidos por meio de tratamento cirúrgico. É o caso de quando ele envolve grandes vasos sanguíneos ou partes cuja remoção (mesmo que parcial) ameaçam a vida do paciente.
Neoplasias cerebrais são os principais exemplos disso, pois os tecidos cancerígenos podem se formar em regiões tão sensíveis que a sua retirada apresenta grandes chances de causar complicações como cegueira ou paralisias motoras ou de fala.
A alternativa terapêutica para esses cânceres inoperáveis geralmente envolve sessões de quimioterapia e/ou radioterapia, que podem diminuir o tamanho ou a intensidade do tumor. Se isso ocorrer, a cirurgia pode se tornar viável no futuro.
2 – Terapia celular com células CAR-T
Considerada um tratamento inovador no combate a alguns tipos de câncer hematológicos, a terapia CAR-T é um tipo de imunoterapia que consiste em modificar geneticamente os linfócitos T (células de defesa) do paciente para que elas sejam capazes de reconhecer e combater as células cancerígenas. Essa terapia é particularmente benéfica no tratamento da leucemia linfoblástica aguda (LLA), de linfomas não Hodgkin e do mieloma múltiplo.
Para a sua condução, é preciso coletar previamente os linfócitos do paciente em laboratório, onde essas células são isoladas e modificadas geneticamente para expressar o receptor CAR. Esse material então é estimulado a se proliferar antes de ser introduzido novamente no paciente.
Por meio de um processo chamado quimioterapia linfodepletora, o paciente recebe a infusão das células CAR-T. A partir disso, é esperado que as células recém-introduzidas no organismo identifiquem o tumor e matem suas células malignas.
3- Transplante de medula óssea
O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como em casos de anemia aplástica grave, mielodisplasia e leucemia.
Consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária em decorrência da quimioterapia por células saudáveis, com o objetivo de reconstituição da “fábrica” de plaquetas, hemácias e anticorpos.
Em casos de linfomas Hodgkin, não Hodgkin e mieloma múltiplo, o transplante costuma ser feito com células saudáveis, retiradas do próprio indivíduo que será transplantado. Esse procedimento é chamado de transplante autólogo.
Quando o material é recolhido de um doador compatível, o transplante é alogênico. Ele costuma ser indicado em quadros como leucemia linfoide e mieloide aguda.
Em ambos os casos, a finalidade é estimular a repovoação da medula óssea do receptor a partir das novas células. Se tiver sucesso, o procedimento pode causar a regeneração completa do tecido comprometido pelo câncer.
Revisão técnica: Erica Maria Zeni (CRM 140.238/ RQE 75645), médica da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo . Possui graduação e residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e residência em Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Também possui pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, em Buenos Aires, Argentina.