O que são as blue zones? 3 pontos sobre esses “oásis” da longevidade

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As blue zones (ou “zonas azuis”, em português) são regiões do planeta onde a população não apenas supera a média global de expectativa de vida ao nascer — hoje estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 71,4 anos —, mas também o faz mantendo a qualidade de vida e o estado de bem-estar social. Em alguns casos, os indivíduos chegam até a se tornar centenários.

O conceito foi originalmente cunhado em 2008 pelo pesquisador estadunidense Dan Buettner, em seu livro The Blue Zones – lessons for living longer from the people who’ve lived the longest. Nele, o autor destaca cinco regiões: Sardenha (Itália), Loma Linda (EUA), Península de Nicoya (Costa Rica), Icária (Grécia) e Okinawa (Japão).

Mas o que esses espaços têm de tão diferentes? E será que é possível replicar os resultados desses “oásis” da longevidade no Brasil? As respostas para tais perguntas podem estar em um ramo em crescimento na área da saúde: a medicina do estilo de vida.  

Essa abordagem terapêutica, baseada em evidências científicas, propõe intervenções cotidianas que adicionam ou substituem hábitos prejudiciais por outros mais saudáveis, ajudando não só a prevenir doenças, mas também a enfrentar eventuais enfermidades. Como resultado desses esforços, estudos indicam que tanto os homens quanto as mulheres podem se beneficiar com mais de uma década de sobrevida.

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Conheça, a seguir, três características típicas de um morador de blue zone que você pode adotar para otimizar sua reserva funcional (capacidade de enfrentar eventos estressores sem perder o equilíbrio fisiológico) e, consequentemente, ampliar sua longevidade:

1. Noção de propósito

Apesar de, muitas vezes, as pessoas idosas serem retratadas como frágeis, dóceis e dependentes, isso não é necessariamente verdade. Os mais velhos não precisam ser vistos (ou se entenderem) como sujeitos na fase “final” da vida, sem desejos, sonhos ou objetivos. 

Nesse sentido, desenvolver um propósito, seja em relação a carreira, família, educação ou mesmo hobbies, pode aumentar a motivação nessa fase da vida, fortalecendo a saúde mental. É possível que a longevidade seja diretamente influenciada por hábitos como fazer exercícios ou conversar com familiares e amigos.

2. Rede de apoio consolidada

Outro importante fator para o envelhecimento saudável é a socialização. Isso porque o isolamento, que costuma acometer pessoas mais velhas, é um fator de risco muito associado ao desenvolvimento de problemas psicoemocionais, como ansiedade e depressão. 

O fortalecimento dos vínculos com familiares e amigos é um ponto-chave para manter uma boa qualidade de vida. Firmar um forte senso de comunidade pode ser responsável por proporcionar apoio emocional, bem como reduzir os níveis de estresse.

Vale salientar que, por mais que seja comum ouvir que fazer amizades depois de adulto é uma tarefa difícil, isso não é fato. Novas relações podem se construir em qualquer lugar, basta estar disposto e aberto a interagir com os demais.  

3. Hábitos preventivos

Pesquisas sugerem que a genética de uma pessoa influencia em apenas 20% a sua expectativa de vida, ao passo que os outros 80% são ditados por aspectos do estilo de vida que ela seguiu ao longo dos anos. 

Na prática, isso significa que faz diferença, sim, adotar práticas saudáveis e hábitos preventivos que diminuam o risco de morte precoce e atenuem ou atrasem a manifestação de sintomas típicos da velhice, como dores no corpo e indisposição. 

Alguns deles incluem:

Manter uma dieta balanceada

As regiões classificadas como blue zones se assemelham em relação à alimentação. Além de consumirem em excesso produtos industrializados e ultraprocessados, seus moradores priorizam a diversificação de alimentos – não faltam no prato frutas, verduras, legumes, grãos, sementes e carnes magras.

Mais do que abastecer o corpo com todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo, essas refeições equilibradas afastam doenças crônicas, como diabetes e problemas cardiovasculares. Também é importante evitar excessos no consumo de bebidas alcoólicas e café.

Seguir uma rotina de exercícios

Os exercícios são essenciais para ampliar a expectativa de vida. Mas seguir uma rotina de treinos não é sinônimo de ir à academia, pois eles podem ser facilmente integrados de forma natural nas exigências do dia a dia. Caminhar, subir escadas e pegar pesos leves já ajuda. 

Práticas físicas oferecem tanto benefícios à saúde mental, pela liberação de endorfina (substância relaxante natural do corpo), quanto à física. O comportamento está associado, por exemplo, a uma redução nos riscos de doenças cardíacas, problemas circulatórios e obesidade. 

É interessante destacar que os exercícios não servem só para quem é saudável. Pessoas diagnosticadas com diversos tipos de doenças também podem se beneficiar dos treinos regulares, uma vez que estimulam o bom funcionamento do organismo, resultando em tratamentos, por vezes, mais eficientes. 

Dormir bem

Por fim, nas blue zones, o sono é tratado com grande importância. Os moradores dessas localidades tendem ter rotinas regulares que os permitem dormir o suficiente para o corpo e a mente descansarem. 

De acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), adultos devem dormir, no mínimo, sete horas por noite. Seguir essa recomendação melhora a imunidade, reduz o estresse e diminui a probabilidade de desenvolver diabetes, doenças cardíacas, pressão alta e até acidente vascular cerebral (AVC).

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