Quais os riscos de dormir pouco? 5 problemas ligados à privação de sono

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Diante de uma sociedade cada vez mais acelerada e orientada pela lógica da superprodutividade, dormir passou a ser visto como um luxo. O “normal” seria dormir pouco para, assim, conseguir cumprir todas as tarefas do dia a dia. Mas esse hábito pode cobrar um alto custo para a saúde – mesmo para quem acredita “funcionar bem” com menos tempo de sono.

O ideal não é, necessariamente, dormir por muitas horas consecutivas. O segredo está em garantir uma noite de sono na qual o corpo consiga descansar adequadamente. Segundo o Ministério da Saúde, isso é sinônimo de uma média de sete a nove horas na cama por noite.

Contudo, entre a população existe uma vasta diversidade de cronotipos. Essa característica se refere à necessidade natural de sono de acordo com cada “relógio biológico”. Na prática, significa que algumas pessoas podem se sentir despertas e produtivas mesmo com rotinas compostas por pouco tempo de sono (como quatro ou seis horas por noite). 

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Contudo, tal costume não é ausente de riscos; pelo contrário, o cansaço no dia seguinte é apenas a ponta do iceberg. Conheça cinco problemas relacionados à privação de sono.

1. Maior risco de doenças cardiovasculares

Durante o sono, o corpo reduz naturalmente a pressão arterial e o ritmo cardíaco, promovendo um estado de “manutenção” essencial para o sistema cardiovascular. Quando esse processo é interrompido por noites maldormidas, o coração permanece em estado de alerta constante — o que, ao longo do tempo, aumenta o risco de desenvolver hipertensão, arritmias e até infarto.

A privação crônica de sono está associada ainda a maiores taxas de eventos como acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Além disso, distúrbios do sono (como apneia) reduzem a oxigenação do sangue e sobrecarregam o coração, intensificando o risco de complicações graves, muitas vezes silenciosas.

2. Comprometimento do metabolismo 

O sono desempenha um papel fundamental na regulação de hormônios, especialmente aqueles ligados ao apetite e ao metabolismo, como a leptina, a insulina e o cortisol. Dormir pouco desregula o processo natural de secreção dessas substâncias, o que pode levar ao aumento da fome e a preferência por alimentos mais calóricos.

Mesmo pessoas consideradas “produtivas” com menos horas de descanso por noite podem ter uma sobrecarga metabólica invisível. O corpo continua operando, mas em desequilíbrio, o que prejudica o organismo momentaneamente e em longo prazo.

3. Problemas cognitivos

Durante o sono, especialmente em suas fases mais profundas e no sono REM, o cérebro consolida memórias, processa aprendizados e reorganiza informações adquiridas ao longo do dia. Privar-se desses processos prejudica diretamente a memória, a capacidade de concentração e até a criatividade.

É comum que pessoas que dormem pouco relatem dificuldade para focar em tarefas simples, além de lapsos de memória e uma sensação constante de cansaço mental. Esses sintomas são especialmente perigosos em profissões que exigem alta performance cognitiva ou tomadas rápidas de decisão. Mais do que um incômodo passageiro, esses déficits podem gerar erros no trabalho e, em casos extremos, causar acidentes.

4. Predisposição a ansiedade e depressão

A privação de sono afeta regiões cerebrais relacionadas ao controle emocional, como a amígdala e o córtex pré-frontal. Isso aumenta a sensibilidade a estímulos estressantes, o que pode acarretar alterações súbitas de humor e o desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão.

Distúrbios do sono, como a apneia e o sonambulismo, ainda fragmentam o descanso e provocam microdespertares constantes, dificultando a entrada nas fases restauradoras do sono. Isso contribui para a sensação de exaustão emocional, irritabilidade e baixa tolerância ao estresse. 

5. Enfraquecimento do sistema imunológico

Enquanto se dorme, o corpo libera proteínas chamadas citocinas, que ajudam a combater infecções, inflamações e o estresse. Quando o sono é insuficiente ou fragmentado, a produção dessas substâncias diminui, comprometendo a resposta imune do organismo.

Basicamente, isso o torna mais vulnerável a resfriados, gripes e outras doenças. A longo prazo, tal imunossupressão ainda favorece o surgimento de condições autoimunes e crônicas, além de retardar a recuperação de infecções. 

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