Para que serve a cloroquina? Entenda as indicações e riscos do medicamento

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A cloroquina (ou fosfato de cloroquina) é um medicamento com diversas indicações. Em alguns casos, é usada para prevenir certas doenças; em outros, como parte do tratamento.

No caso da malária, ela é indicada para a prevenção e para o tratamento. Essa é uma doença tipicamente causada pelo parasita Plasmodium sp., que é transmitido para os humanos por meio da picada de mosquitos-pregos (Anopheles sp.) fêmeas infectadas com esse protozoário. 

A malária é um problema de saúde pública no Brasil e ocorre principalmente na região amazônica, onde o Ministério da Saúde calcula que se concentram 99% das vítimas. Ela costuma vir associada a sintomas de febre alta, calafrio, tremor, sudorese e dor de cabeça. 

A cloroquina também pode ser recomendada como parte dos cuidados em casos de:

  • Amebíase hepática, uma infecção parasitária do cólon causada pela ameba Entamoeba histolytica;
  • Lúpus eritematoso sistêmico ou discoide, doenças inflamatórias crônicas autoimunes que podem afetar articulações, pele, rins, células sanguíneas, cérebro, coração e pulmões;
  • Artrite reumatoide, uma condição inflamatória crônica, que atinge as articulações do corpo, em especial das mãos e dos pés.

Pandemia de Covid-19 e as fake news

Durante a pandemia de Covid-19, essa substância tornou-se alvo de desinformação: muitos acreditavam que ela seria capaz de prevenir a doença causada pelo coronavírus Sars-CoV-2 e até tratar seus sintomas. Porém, tais alegações foram desmentidas diversas vezes por entidades como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Em 2021, um estudo global publicado na revista Nature Communications concluiu que esse remédio não contribuiu em nada para a melhora do quadro clínico dos pacientes internados com a infecção pela Covid-19. Mais do que isso: os autores verificaram que o medicamento até aumentou as taxas de mortalidade nestes indivíduos.

Como usar a cloroquina

Em razão de seus efeitos colaterais severos, especialmente se não for utilizado conforme as instruções médicas, o remédio é classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com tarja vermelha e exigência de retenção de receita. Isso significa que, para a sua venda nas farmácias, o paciente deve entregar uma via assinada do pedido.

Disponível em formato de comprimidos de diferentes dosagens, recomenda-se seguir à risca o modo de uso descrito pelo profissional da saúde. Antes de iniciar o tratamento, também é indicado ler na íntegra a bula presente na caixinha do produto. Caso surja qualquer dúvida, não hesite em consultar seu médico.

Efeitos colaterais

No geral, os efeitos colaterais mais comuns da cloroquina são:

  • Dor de cabeça;
  • Náusea;
  • Perda de apetite;
  • Diarreia;
  • Dor de estômago;
  • Irritação na pele;
  • Coceira;
  • Perda de cabelo.

Em casos raros, os sintomas podem ser mais graves. Eles incluem:

  • Visão turva ou nebulosa;
  • Dificuldade para ouvir;
  • Fraqueza muscular;
  • Sonolência;
  • Vômito;
  • Batimentos cardíacos irregulares;
  • Convulsões;
  • Dificuldade para respirar;
  • Alterações de humor ou mentais;
  • Diminuição ou perda total de consciência;
  • Ideação de automutilação ou suicídio.

Nesses casos, recomenda-se interromper o tratamento imediatamente e buscar aconselhamento médico. Se necessário, acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pelo número 192.

Contraindicações

A cloroquina é contraindicada a pessoas alérgicas à cloroquina ou à hidroxicloroquina. O mesmo vale para quem já sofreu com sensibilidade a outros componentes presentes na formulação do medicamento.

Devido ao risco de interação química, que pode aumentar a probabilidade de efeitos colaterais e diminuição da sua eficácia, deve-se evitar tomar essa substância ao mesmo tempo que antiácidos e antibióticos. 

Uma vez que pode afetar a visão, diminuir a contagem de células sanguíneas e abaixar a concentração de açúcar no sangue, é importante que as pessoas informem ao médico sobre seu histórico clínico antes de iniciar o tratamento com a cloroquina. Isso inclui principalmente aqueles pacientes portadores de:

  • Batimentos cardíacos irregulares;
  • Doenças cardiovasculares;
  • Problemas de audição;
  • Desequilíbrio eletrolítico;
  • Diabetes;
  • Problemas de visão;
  • Doenças hepáticas ou renais;
  • Psoríase;
  • Alcoolismo;
  • Porfiria.

Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006/RQE 91325), médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein. 

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