O misoprostol surgiu como um medicamento preventivo da formação de úlcera gástrica induzida por anti-inflamatórios não esteróides, como ibuprofeno, naproxeno, celecoxibe, diclofenaco etc. A substância diminui a secreção de ácido estomacal e, com isso, protege o revestimento do estômago.
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Mais recentemente, com a descoberta de seus efeitos no útero (ele dispõe de ação útero-tônica e causa amolecimento do colo uterino), ele também tem sido empregado em clínicas e hospitais para estimular o amadurecimento cervical, induzir o parto em mulheres com ruptura prematura de membranas e tratar quadros de hemorragia no pós-parto.
Nos casos permitidos pela legislação brasileira, ele também pode ser utilizado para interromper uma gravidez. O aborto legal no Brasil pode ocorrer nestas situações:
- Se a gestação decorrer de violência sexual;
- A gravidez representa risco à vida da mulher;
- Quando há anencefalia (ausência parcial ou total do encéfalo e/ou má-formação craniana).
Em 1998, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu o misoprostol na Portaria 344/1998, que discorre sobre substâncias e medicamentos sujeitos a um controle especial. Com isso, sua comercialização ao público foi proibida no país, e seu uso é restrito a ambiente hospitalar autorizado.
Como age o misoprostol
O medicamento se apresenta no formato de um comprimido a ser introduzido pelo especialista no fundo do saco vaginal. Sua dose pode conter diferentes concentrações, variando de 25 mcg a 200 mcg.
Em geral, os efeitos surgem poucas horas após a administração. Eles aparecem como contrações uterinas fortes e ritmadas, que dilatam o colo uterino, estimulando a eliminação do material presente no útero.
Esse processo deve ser acompanhado de perto por uma equipe médica, pois pode levar a uma hemorragia ou até a uma infecção ginecológica. A automedicação com o misoprostol é considerada crime no Brasil, pois se caracteriza como aborto ilegal.
Efeitos colaterais
Geralmente, o misoprostol aparece associado a efeitos colaterais que incluem:
- Diarreia;
- Dor de cabeça;
- Dor de estômago;
- Gases;
- Vômito;
- Constipação;
- Indigestão.
Contraindicações
O misoprostol é contraindicado a indivíduos alérgicos a qualquer uma das substâncias presentes em sua composição. Além disso, informe seu médico se você já teve:
- Doença inflamatória intestinal (DII);
- Problema cardíaco;
- Desidratação.
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006/RQE 91325), médico do pronto-atendimento e do corpo clínico, especialista em Clínica Médica do Einstein Hospital Israelita.