Loperamida: para que serve e como age no tratamento da diarreia

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A loperamida é um medicamento pertencente à classe dos antidiarreicos. Sua ação no corpo causa a diminuição do fluxo de fluidos e eletrólitos para o intestino, desacelerando o processo de passagem do alimento pelo órgão e permitindo uma maior absorção de sua água e nutrientes. Dessa forma, as fezes produzidas ficam mais firmes e se diminui a necessidade de evacuação frequente.

Esse produto costuma ser indicado para tratar quadros de:

  • Diarreia crônica espoliativa, associada a doenças inflamatórias (como Doença de Crohn e retocolite ulcerativa);
  • Diarreia aguda inespecífica, sem caráter infeccioso;
  • Síndrome do intestino irritável (SII);
  • Ileostomia e colostomia com excessiva perda de água e eletrólitos.

Como usar a loperamida

Disponível nos formatos de comprimido, cápsula e suspensão oral, a loperamida pode ser comercializada com ou sem receita médica. Cada uma delas apresenta doses específicas e é recomendada para lidar com um tipo de quadro.

Sua versão de venda livre (isso é, que não exige receita médica) apresenta doses menores e serve para lidar com episódios pontuais de diarreia, como em quadros de intoxicação alimentar. No geral, sugere-se que ela seja tomada imediatamente após cada evacuação, mas não mais do que a quantidade máxima de 24 horas descrita na bula. 

Já a loperamida com receita médica atende casos mais crônicos, como aqueles relacionados a pacientes diagnosticados com Doença de Crohn ou retocolite ulcerativa. Neles, o remédio apresenta doses mais concentradas e deve ser tomado diariamente em horários específicos, uma ou mais vezes ao dia (a depender da indicação do profissional de saúde).

Em ambas as situações, vale lembrar que a automedicação nunca é uma prática recomendada, pois quando o seu uso é feito em excesso pode causar problemas cardíacos graves e até mesmo morte. Siga o tratamento como exatamente prescrito pelo médico e pela bula. Caso surjam dúvidas, não hesite em procurar ajuda profissional. 

Efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais comuns da loperamida incluem:

  • Constipação;
  • Tontura;
  • Sonolência;
  • Náusea;
  • Cólica estomacal.

Mais raramente, ainda é possível que o indivíduo manifeste sintomas mais agravados, como:

  • Fraqueza;
  • Sensação de desmaio;
  • Dor ou sensibilidade no estômago;
  • Febre alta;
  • Dificuldades para urinar.

Se isso ocorrer, é recomendado interromper o tratamento e buscar ajuda profissional o quanto antes. Caso seja necessário, acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pelo número 192.

Contraindicações

A loperamida é contraindicada a pessoas alérgicas a qualquer um de seus componentes. Devido ao maior risco de manifestar efeitos colaterais, também é importante verificar com o médico a segurança do seu uso caso você já tenha sido diagnosticado com colite ulcerativa, síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) ou doença hepática.

Uso em idosos

A loperamida deve ser utilizada com cautela em idosos, pois essa população apresenta maior risco de eventos adversos relacionados ao fármaco. Seu uso é contraindicado em casos de diarreia infecciosa bacteriana invasiva, colite pseudomembranosa associada a antibióticos e em pacientes com suspeita de íleo paralítico ou megacólon tóxico, condições que podem ser mais graves em idosos devido à menor reserva fisiológica e maior vulnerabilidade a complicações. 

Além disso, a loperamida pode causar constipação intensa, retenção urinária, sonolência e, raramente, arritmias cardíacas, o que exige monitoramento atento e avaliação criteriosa da relação risco-benefício antes da prescrição nesse grupo etário.


Revisão técnica: Mariana Jancis Unelo Rigolo (CRM 198725), membro do corpo clínico e da unidade de pronto-atendimento do Einstein Hospital Israelita. Residência em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina do ABC e especialização em Geriatria pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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