Os atletas devem estar em dia com seus exames para evitar problemas que afetem o desempenho.
Não adianta ter apenas talento, mesmo que seja muito. Antes de vestir a camisa de uma seleção, o jogador tem de estar com a saúde em dia e o corpo preparado para um ritmo alucinante de jogos e pressão. Exames e avaliações médicas fazem parte do cotidiano de um atleta de alta performance.
O levantamento do histórico de saúde do jogador e de sua família por meio de uma longa consulta é o primeiro passo dentro de uma cadeia da extensa avaliação médica pela qual ele passa. Após a consulta, é submetido a uma série de exames laboratoriais e de imagens que ajudam a identificar possíveis males e avaliar as condições físicas.
Por que atletas realizam exames laboratoriais?
Os exames laboratoriais têm objetivo de acompanhar ou identificar problemas como diabetes, alterações nos níveis de colesterol, anemia ou alguma disfunção hormonal (caso do hipotireoidismo) que podem impactar na performance em campo. São realizados também exames como o ecocardiograma e o teste ergoespirométrico, também chamado de teste cardiopulmonar.
O ecocardiograma é um exame de ultrassom que usa ondas sonoras de alta frequência para criar imagens que permitem avaliar todas as estruturas do coração e seu funcionamento – forma, tamanho e espessura, por exemplo. Já o teste ergoespirométrico analisa o comportamento do coração durante o exercício, o desempenho físico máximo do atleta e como é a resposta do sistema cardiovascular e pulmonar.
Ele pode ser feito em uma esteira ou bicicleta ergométrica com aumento progressivo da carga.
“São exames importantes para checar se o atleta está saudável para que o treinamento ocorra de forma plena. A avaliação ajuda a prevenir complicações cardiovasculares e lesões musculares”, explica Leandro Echenique, cardiologista do Centro de Cardiologia do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein.
O cardiologista do Einstein explica que os exames devem ser feitos anualmente e, em geral, são repetidos perto da escalação de atletas para grandes eventos, como o mundial de futebol.
O coração do atleta é diferente?
Como o jogador de futebol pratica atividade física diariamente, o coração dele desenvolve algumas adaptações. O objetivo, de acordo com Echenique, é melhorar a performance do órgão. Essas adaptações envolvem a frequência cardíaca, que no caso de quem pratica atividade aeróbica intensa pode ser mais baixa quando se está em repouso. O atleta de alta performance tem também uma recuperação mais rápida depois de uma corrida – ou seja, desacelera de uma forma mais efetiva.
“A estrutura do coração de um jogador de futebol também é diferente. Ele pode hipertrofiar, que é o aumento da espessura da parede do órgão. Pode ainda apresentar um aumento leve de tamanho e mudanças na função de bombeamento do sangue com contração e relaxamento mais efetivos. Isso contribui para a melhoria do desempenho”, explica Echenique.
Revisão técnica: Leandro Echenique, cardiologista do Centro de Cardiologia do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein