Por Arthur Pires*
Segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, o Parkinson é lembrado todo 11 de abril, no Dia Mundial da Conscientização da Doença de Parkinson.
Nesta data, especialistas se dedicam a compartilhar informações, com o objetivo de aumentar a compreensão da doença e reforçar a importância do diagnóstico precoce e do tratamento.
Para conhecer mais sobre a condição, confira a entrevista com André Felício, neurologista e médico pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein.
O que é a doença de Parkinson?
O Parkinson é uma condição crônica neurodegenerativa que atinge, com mais frequência, homens com idades entre 60 e 65 anos, ou mais. Uma das características mais associada à doença é o tremor de braços e pernas, mesmo em repouso, além de instabilidade e desequilíbrio, rigidez nas articulações e lentidão de movimentos.
De acordo com Felício, embora a idade mais comum para o Parkinson se manifestar seja a partir dos 60 anos, a doença também pode se apresentar em pessoas mais jovens. “Hoje são descritas formas de início precoce, abaixo de 50, 45 e até 40 anos de idade, alcançando uma ampla faixa-etária de pessoas, incluindo mulheres”, explica o neurologista.
Sintomas mais comuns
Sintomas motores e não-motores fazem parte da lista de sinais da doença. Os não-motores são os primeiros a aparecer, segundo o especialista, como por exemplo:
- Diminuição do olfato;
- Alteração do hábito intestinal (constipação);
- Sintomas de depressão;
- Diminuição do apetite;
- Alterações do sono (Transtorno Comportamental do Sono REM).
Os sintomas motores prejudicam a movimentação adequada do corpo, e são definidos por:
- Lentidão;
- Rigidez;
- Tremor de repouso;
- Desequilíbrio.
Causas
As causas associadas ao Parkinson podem ser ambientais, genéticas e atribuídas ao envelhecimento, segundo Felício. “O contato com algumas substâncias presentes no ambiente pode aumentar o risco de Parkinson, como beber água de mina de poço e entrar em contato com solventes orgânicos e pesticidas”, destaca.
De acordo com o especialista, os fatores genéticos são mais conhecidos. Já as causas relacionadas ao envelhecimento, visto que é uma condição que ocorre principalmente entre idosos, estão associadas a disfunções de proteínas e mitocôndrias, de acordo com o especialista. “Uma série de mecanismos participam da etiologia e da fisiopatologia do Parkinson”, esclarece.
Diagnóstico
O diagnóstico do Parkinson é clínico, baseado na observação dos sintomas motores e na exclusão de outras possíveis causas dos sintomas, como efeitos colaterais de alguns medicamentos, explica André. “Identificando a lentidão, em primeiro lugar. Depois, a rigidez da roda denteada [rigidez muscular que impede o movimento adequado], o tremor de repouso e o desequilíbrio”, detalha.
Alguns exames também ajudam a confirmar o diagnóstico. “Esses exames nem sempre são necessários, mas em caso de dúvida diagnóstica pode ser usado exame de neuroimagem estrutural e funcional, além da ultrassonografia craniana”, explica o especialista.
Tratamentos
O cuidado da pessoa diagnosticada com Parkinson associa a indicação de medicamentos, que vão atuar na melhor dos sintomas motores, com as terapias não medicamentosas, inclusive exercícios físicos. De acordo com Felício, o exercício físico desempenha função neuro protetora, freando a progressão da doença.
A abordagem tende a ser multidisciplinar, com profissionais que auxiliam na reabilitação, como fisioterapeuta, fonoaudiólogo, educador físico, dentista e assistente social.
Papel da família
O apoio e a compreensão da família são essenciais para a recuperação do paciente, segundo o especialista. “É preciso ter uma postura bastante empática e simpática, sem infantilização ou vitimização, tentando apoiar essas pessoas sempre, inclusive quando elas têm vontades ou desejos de procurar tratamentos experimentais, apoiando sempre”, explica Felício.
*Sob supervisão da jornalista Amanda Milléo.