Quando se trata de fazer o diagnóstico precoce das neoplasias malignas das mamas, conhecer o próprio corpo pode ser um ponto de partida. No caso, a mulher deve apalpar as mamas periodicamente durante o banho, quando estiver trocando de roupa ou mesmo deitada buscando identificar alguma mudança nos próprios seios..
Essa orientação, que tem o aval do Ministério da Saúde (MS) e da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), se deve ao fato de existirem dados oficiais que mostram que é mais comum uma mulher identificar caroços no seio casualmente. Mas, que fique bem claro, o autoexame não substitui o exame clínico das mamas, que é realizado pelo médico, nem substitui a mamografia e o ultrassom.
Além das consultas anuais com o ginecologista, é importante avisá-lo caso você observe algum destes sinais:
- Vermelhidão, inchaço, dores ou sensação de peso nos seios;
- Inchaço em uma das mamas, que pode se estender para a axila e o braço;
- Alterações na forma e na simetria;
- Sulcos que dão a ideia de que há “buracos” em uma ou mais regiões dos seios;
- Secreção nos mamilos.
Por que o câncer de mama é tão falado?
O câncer de mama é bastante comentado por ser um dos tipos com maior incidência no mundo – um em cada oito diagnósticos são de neoplasias mamárias malignas. No Brasil, as previsões do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam mais 73.610 novos casos só em 2023 – a doença é a primeira causa de morte entre as mulheres no país.
No mundo, um levantamento realizado pela Agency for Research Cancer (IARC), que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que, até 2040, serão mais de 3 milhões de novos diagnósticos e mais de 1 milhão de mortes por ano – números que, comparados aos de 2020, representam um aumento de 40% e de 50%, respectivamente.
Quais são os tipos de câncer de mama?
Os tumores de câncer de mama se dividem em duas categorias: não invasivos e invasivos. Um exemplo do primeiro grupo é o carcinoma ductal in situ, que atinge o duto mamário e é conhecido como câncer de mama pré-invasivo. Entre os tumores invasivos ou infiltrantes estão o carcinoma lobular invasivo e o carcinoma ductal invasivo – este último responde por 70% a 80% dos diagnósticos.
O câncer de mama triplo negativo e o inflamatório também são infiltrantes, mas têm incidência mais baixa, assim como doença de Paget, angiossarcoma e tumor filoide, que são ainda mais raros. Vale lembrar também que, embora pouco provável, homens também podem ter câncer de mama – em cada 100 diagnósticos, um é de paciente do sexo masculino.
Fatores de risco do câncer de mama que não podem ser controlados
O crescente envelhecimento da população é um dos fatores de risco, já que o processo de renovação celular se torna mais lento com o passar dos anos, nos deixando mais vulneráveis a várias doenças.
A herança genética também está no grupo dos fatores de risco que não são passíveis de controle. Em famílias com histórico de câncer de mama e de ovários comumente são detectadas alterações nos genes BRCA 1 e BRCA 2. Cerca de 3% dos casos de neoplasias malignas das mamas são resultado de mutações nesses dois genes, mas há casos em que as mutações ocorrem em outros genes. Por isso, recomenda-se levantar o histórico familiar de doenças como câncer de mama e de ovários e conversar com o médico para saber que providências devem ser tomadas e se é o caso, por exemplo, de fazer testes genéticos.
Bons hábitos são fundamentais para evitar o desenvolvimento do câncer
Ao lado do tabagismo e do sedentarismo, que leva ao excesso de peso, a ingestão de álcool faz parte da tríade de fatores de risco que podem ser controlados. No caso das bebidas alcoólicas, por exemplo, você sabia que a ingestão diária de duas ou três doses eleva em 20% o risco de desenvolver o câncer de mama? O número é de um estudo da American Cancer Society. Aqui vale a regra da moderação, já que, segundo a entidade, o risco de desenvolver câncer entre mulheres que não ingerem álcool e aquelas que bebem uma dose por dia é pequeno (de 7% a 10%).
A importância do diagnóstico precoce do câncer de mama
Quando diagnosticado no estágio inicial, as chances de cura do câncer de mama podem chegar a 95%. Nesse caso, a mamografia e o ultrassom são cruciais para o diagnóstico precoce.
A recomendação do Ministério da Saúde é que mulheres de 50 a 69 anos que não tenham sinais ou sintomas de câncer incluam uma mamografia de rastreamento a cada dois anos em seus exames de rotina.
Porém, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) seguem o protocolo da American Cancer Society (ACS) e recomendam mamografias anuais a partir dos 40 anos. Isso porque mulheres na faixa etária que vai dos 40 aos 49 anos correspondem entre 15 % e 20% dos casos de câncer de mama.
Quando existe histórico familiar, a recomendação da SBM é que os exames de rastreamento sejam iniciados dez anos antes da idade que a familiar tinha quando recebeu o diagnóstico. É por isso que o acompanhamento com o médico é fundamental: para que ele indique a periodicidade da mamografia de acordo com exames clínicos e o relato da paciente.
Como é o tratamento do câncer de mama?
Além da cirurgia para remover o tumor, o médico pode recorrer à aplicação local ou sistêmica de medicamentos, como a quimioterapia, as terapias-alvo e a hormonioterapia, ou mesmo recorrer à imunoterapia, que é a administração de substâncias que estimulam o sistema imunológico a atacar as células cancerígenas, tratamento utilizado para alguns tipos de câncer de mama.
A radioterapia, que consiste na aplicação local de um tipo de radiação, também é um recurso muito utilizado no combate à doença. A associação ou não de tratamentos depende de cada caso.Confira a série Entendendo o Câncer para ler todos textos que produzimos a respeito das formas mais comuns da doença, aprenda sobre o tema e saiba o que é verdade ou mentira quando se fala sobre esse assunto tão importante.