DIU: descubra as vantagens do dispositivo intrauterino como método anticoncepcional

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Entre os métodos contraceptivos disponíveis para evitar a gravidez, o DIU se destaca por ser de longa duração e não exigir tanta atenção diária por parte da mulher. Apesar de sua alta efetividade, ainda é pouco utilizado no Brasil. O DIU é cercado por dúvidas decorrentes dos modelos antigos, que eram menos flexíveis e causavam mais desconforto.

O que é DIU?

O dispositivo intrauterino, conhecido pela sigla DIU, é um método contraceptivo que consiste em uma pequena peça de plástico flexível em forma de T, que é inserida pelo médico no útero, através da vagina. Ele pode permanecer no corpo da mulher por alguns anos, mantendo sua eficácia na prevenção da gravidez. Por essa razão, é classificado como um método contraceptivo de longa duração.

Existem dois tipos de DIU: o hormonal, também chamado de Sistema Intrauterino com Levonorgestrel (SIULNG), e o não hormonal, mais conhecido como DIU de cobre ou DIU de prata.

O DIU é seguro como contraceptivo?

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), os DIUs em uso no Brasil são seguros e bem tolerados, com taxas de falha semelhantes às da esterilização cirúrgica feminina, ou seja, baixíssimas. O Sistema de Saúde do Reino Unido (NHS) fala em 99% de eficiência para evitar a gravidez.

Como age o DIU para evitar a gravidez?

Cada tipo de DIU atua de forma diferente: 

  • No DIU hormonal, o efeito contraceptivo é conseguido por meio da liberação contínua no interior do útero de uma pequena quantidade de progesterona. 
  • Nos DIUs de cobre e de prata, filamentos do metal cobrem partes do T de plástico. O cobre tem ação espermicida, atrapalhando o avanço dos espermatozoides da vagina até as tubas uterinas.
  • No DIU de prata, o cobre é misturado com um pouco de prata. Eles são recomendados para mulheres que precisam evitar métodos contraceptivos baseados em hormônios.

Durante a colocação, o DIU machuca a mulher?

A Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde descreve a inserção do DIU na cavidade uterina como segura, ainda que seja um procedimento invasivo não isento de riscos e complicações. 

Na literatura médica, são citados os seguintes riscos durante a colocação do DIU:

  • perfuração da cavidade uterina;
  • sangramento;
  • perfuração da bexiga;
  • lesão de alças intestinais e reação vagal (reflexo que pode provocar desmaio).

Para tornar a inserção do DIU mais confortável, o médico pode usar um anestésico local. Em alguns casos, o DIU pode ser colocado em centro cirúrgico, com sedação. Vale ressaltar que a colocação de DIU deve ser feita por médico habilitado e preparado para executar o procedimento.

Quais as vantagens do DIU sobre outras formas de contracepção?

Diversas fontes médicas citam as seguintes vantagens do DIU sobre outros contraceptivos:

  • Não demanda a intervenção diária da mulher, ou seja, depois de colocado não é necessário fazer nada para que o contraceptivo atue;
  • Não prejudica a fertilidade futura;
  • Pode ser retirado quando a mulher desejar;
  • O DIU hormonal pode tornar mais leve o sangramento, sendo recomendado para quem tem menstruação intensa ou dolorida.

O DIU pode ser usado por mulheres de qualquer idade?

Segundo documento da Fiocruz, o DIU pode ser usado em qualquer idade do período reprodutivo. O médico deve avaliar se é o método mais adequado para a mulher.

Por quanto tempo é possível usar o mesmo DIU?

O DIU não hormonal pode atuar por até dez anos dentro da vagina. Já os DIUs hormonais são eficientes por um período de três a cinco anos, dependendo da marca. Inclusive, duas marcas disponíveis no Brasil, Mirena e Kyleena, podem ser usadas por cinco anos, segundo os laboratórios fabricantes.

Quais são as complicações que o DIU pode provocar?

Quanto a possíveis complicações, existem diferenças entre os dois tipos de DIU:

  • DIU hormonal — Algumas mulheres relatam dores de cabeça, desconforto nas mamas e alterações de humor.
  • DIU de cobre — Provoca um aumento no sangramento menstrual, o que pode levar à anemia; aumenta a possibilidade de inflamação nos órgãos genitais.

E se a mulher engravidar usando o DIU?

Caso ocorra uma gestação durante o uso do DIU, o médico irá avaliar a possibilidade de retirada, analisando a posição do DIU dentro do útero em relação ao embrião/feto, o que pode ser confirmado por meio de ultrassonografia. A retirada do DIU é idealmente realizada durante o primeiro trimestre da gestação.

Nos casos em que não é possível fazer a retirada, a gestação tende a progredir sem complicações. Não há evidências na literatura que indiquem um aumento de malformações congênitas decorrentes da ocorrência de uma gravidez com o DIU.

Só mulheres que já tiveram partos podem usar DIU?

Segundo a Febrasgo, este é um mito que teria surgido porque os primeiros DIUs eram maiores e mais rígidos. Análise feita pela associação concluiu que até mesmo adolescentes podem utilizar o DIU como método anticoncepcional.

No SUS

O DIU de cobre é um dos métodos contraceptivos oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais públicos e Unidades Básicas de Saúde dos municípios. Já o DIU hormonal não está disponível no SUS.

Revisão técnica: Erica M. Zeni, médica da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein. Possui graduação e residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e residência em Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Também possui pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, em Buenos Aires, Argentina.

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