A neoplasia maligna da cavidade oral é uma condição mais frequente em homens e, em mais de 50% dos casos, o diagnóstico é feito tardiamente. Também conhecida como “câncer de boca”, é mais comum em homens a partir dos 40 anos. Trata-se de um tumor maligno que afeta os lábios e as estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua e a região abaixo da língua.
De acordo com o Ministério da Saúde, a doença representa uma causa importante de mortalidade, uma vez que mais de 50% dos casos são diagnosticados quando o tumor está em estágio avançado.
Além disso, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontaram para 15 mil novos casos em 2022. Segundo a entidade, as maiores taxas de incidência e mortalidade estão nas regiões Sudeste e Sul.
Este tipo de câncer só atinge os lábios?
Não. Ele também pode afetar a gengiva, as bochechas, o céu da boca, além das bordas da língua e a região que fica abaixo dela. Isso ocorre porque os tumores da região orofaríngea (base da língua, amígdalas e palato) têm um comportamento diferente do câncer de cavidade oral. Mas, afinal, o que as visitas de rotina ao dentista têm a ver com o câncer de boca?
As visitas regulares ao dentista ajudam no diagnóstico precoce, uma vez que esse profissional está preparado para identificar possíveis lesões cancerígenas. Como esse tipo de neoplasia pode surgir não apenas nos lábios, é importante prestar atenção a alterações na boca como um todo.
Existe só um tipo de câncer oral?
Não, existem vários tipos de neoplasias malignas da cavidade oral. Mais de 90% dos cânceres de boca são carcinomas espinocelulares, também conhecidos como carcinomas epidermoides. Esse tipo de câncer tem origem quando células escamosas, que são achatadas e revestem a cavidade bucal, tornam-se anormais.
Na forma inicial, esse câncer é denominado carcinoma in situ, o qual está presente apenas nas células da camada superficial do revestimento. Já o carcinoma espinocelular invasivo é caracterizado pela penetração das células cancerígenas em camadas mais profundas da boca.
O carcinoma verrucoso é uma variante do carcinoma espinocelular e representa menos de 5% dos cânceres de boca. Trata-se de um câncer de baixa agressividade, que raramente produz metástases, mas pode se espalhar profundamente pelos tecidos adjacentes. Por esse motivo, o carcinoma verrucoso deve ser removido.
Quais outros fatores estão relacionados ao aparecimento do câncer oral?
Além da exposição inadequada aos raios UV e do tabagismo (cigarro e narguilé), outros fatores incluem o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e o diagnóstico positivo para o HPV. Pesquisas científicas comprovam a relação do vírus HPV com alguns casos de câncer de boca.
A maioria dos diagnósticos de câncer oral e outras neoplasias malignas está relacionada ao tabagismo. O Ministério da Saúde reforça que o tabagismo não se limita ao consumo de cigarros, mas também inclui o uso de charuto, cachimbo, fumo de rolo, narguilé e outros produtos derivados do tabaco, todos representando risco para o desenvolvimento da doença.
Quais são os sintomas do câncer de boca?
Os sinais e sintomas de câncer de boca variam de pessoa para pessoa e muitos deles são comuns a várias doenças benignas. No entanto, como a detecção precoce é fator decisivo para o sucesso do tratamento, é importante consultar um dentista, um otorrinolaringologia ou um especialista em cabeça e pescoço se apresentar algum dos sintomas abaixo:
- Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais comum);
- Dor na boca que não passa (comum em fases mais avançadas do câncer);
- Nódulo persistente ou espessamento de qualquer local da boca;
- Áreas vermelhas ou esbranquiçadas em qualquer local da boca;
- Dificuldade para abrir a boca ou mastigar;
- Dormência na língua;
- Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua;
- Inchaço da mandíbula que faz dentaduras ou próteses desencaixarem ou incomodarem;
- Dentes que ficam moles ou frouxos na gengiva;
- Sangramento na boca;
- Mau hálito persistente;
- Perda de peso inexplicável.
Como é feito o tratamento?
Além da cirurgia para extirpar o tumor, pode ser necessário associar sessões de quimioterapia e de radioterapia. Como nos outros tipos de neoplasias malignas, o tratamento varia em razão da localização da lesão e do estágio da doença.
Revisão técnica: João Gabriel Pagliuso, médico da Economia da Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein.