O ceratocone é uma condição que ocorre quando o tecido transparente da córnea se torna mais fino e se projeta para fora em forma de cone, o que pode comprometer a visão. Isso acontece devido ao fato de a córnea ser uma camada fina e transparente de colágeno que reveste toda a frente do globo ocular.
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Normalmente, a córnea é arredondada e desempenha o papel de uma lente que permite o foco adequado das imagens. Entretanto, o ceratocone é uma condição que provoca a pontuação da córnea, resultando na distorção da visão.
Os sintomas geralmente surgem na puberdade ou no final da adolescência. A degeneração geralmente progride até a quarta década de vida e, posteriormente, estabiliza-se. Em geral, a condição afeta ambos os olhos, mas os sintomas podem variar significativamente entre eles.
Quais são os sintomas?
No ceratocone precoce, os pacientes percebem a visão embaçada, especialmente à noite, e podem apresentar sensibilidade à luz, além de enxergar “imagens fantasmas”, como listras ou distorções ao redor das luzes. Também pode ocorrer o surgimento de uma borda descolorida ao redor da parte frontal do olho.
Além disso, as mudanças na córnea que ocorrem no ceratocone provocam rápidas alterações no grau dos olhos, agravando a miopia e o astigmatismo.
Como é feito o diagnóstico?
O ceratocone é diagnosticado por meio de um exame oftalmológico completo. A topografia da córnea, um exame que gera um mapa tridimensional digital da superfície da córnea, desempenha um papel crucial ao confirmar o diagnóstico.
Ceratocone tem tratamento?
Sim. Os avanços alcançados nos tratamentos nas últimas duas décadas têm reduzido significativamente o número de casos graves. Casos leves podem ser tratados com óculos ou lentes de contato gelatinosas para restaurar a acuidade visual, mas em muitos casos, é necessário recorrer a lentes de contato rígidas. Essas lentes ajudam a ajustar a superfície da córnea e corrigir o astigmatismo irregular causado pela deformidade.
Quando as lentes não são eficazes, recorre-se ao procedimento cirúrgico chamado crosslinking, que fortalece o colágeno da córnea. Alternativamente, é possível realizar cirurgicamente o implante, dentro da córnea, de segmentos de um anel de acrílico biocompatível para reduzir a protrusão (deslocamento para a frente) do cone.
Há necessidade de transplante?
Os casos avançados, que afetam de 10% a 15% dos pacientes, podem exigir um transplante de córnea. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as chances de controlar a evolução do problema. O acompanhamento regular com um oftalmologista é essencial para garantir a ausência de pioras. É importante notar que crianças tendem a apresentar uma forma mais agressiva da doença em comparação aos adultos.
Afinal, o que faz uma pessoa desenvolver ceratocone?
A causa exata do ceratocone é desconhecida. Provavelmente, sua origem está relacionada a uma combinação de fatores ambientais, comportamentais e genéticos, que contribuem para o problema central do ceratocone: a estrutura defeituosa do colágeno, resultando no afinamento e na irregularidade da córnea.
Cuidados com os olhos
Evite o hábito de coçar os olhos e avalie a adaptação e higiene das lentes de contato para prevenir condições ambientais que podem desencadear o ceratocone.
O trauma causado pelo ato frequente de coçar os olhos e apertar a córnea pode favorecer o enfraquecimento das fibras de colágeno. Portanto, é recomendável tomar cuidados especiais com crianças alérgicas, que têm maior propensão a desenvolver esse hábito.
Revisão técnica: Erica M. Zeni, médica da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein. Possui graduação e residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e residência em Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Também possui pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, em Buenos Aires, Argentina.