A síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico que afeta a saúde mental, levando a pessoa a realizar sons e movimentos repetitivos de maneira involuntária, conhecidos como tiques.
Geralmente, ela se manifesta ainda durante a infância na maioria dos indivíduos, tornando o diagnóstico precoce importante para auxiliar no controle e tratamento ao longo da vida adulta. Estima-se que cinco em cada 1.000 crianças tenham esse problema de saúde, embora muitas delas nem sequer sejam diagnosticadas.
É comum relatos de pacientes com a síndrome de Tourette que também apresentam transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Quais as causas da síndrome de Tourette?
Embora as causas concretas que levam uma pessoa a desenvolver a síndrome de Tourette ainda não sejam conhecidas, a ciência já identificou uma relação entre essa síndrome e complicações no sistema nervoso central, que tornariam o organismo mais propenso ao seu desenvolvimento. Por esse motivo, acredita-se que situações que afetam o estado emocional, como estresse, ansiedade e cansaço, estejam diretamente relacionadas ao seu surgimento. Além disso, os meninos costumam ser mais afetados por essa condição do que as meninas.
Alguns estudos sugerem que a síndrome só pode ser confirmada após mais de um ano de acompanhamento dos tiques vocais e motores por um profissional de saúde.
Quais os sintomas da síndrome de Tourette?
Os tiques são o principal sintoma da síndrome de Tourette. Eles são mais comuns na infância e no início da adolescência, podendo persistir por anos sem que a pessoa perceba. Exemplos comuns de tiques incluem piscar repetidamente os olhos, movimentos oculares, caretas, pulos, gritos, toques em objetos e pessoas, espasmos, grunhidos, pigarros, cliques, tosses, repetições verbais e assobios. Em casos mais graves, o indivíduo pode ainda experimentar sensação de queimação ao redor dos olhos, secura na garganta, dores musculares devido aos movimentos e coceira intensa.
Esses sintomas podem se tornar mais evidentes em situações que envolvem ansiedade e estresse. Pessoas com a síndrome de Tourette também podem apresentar alterações constantes de humor e comportamento, além de encontrar dificuldade para socializar. Portanto, muitos pacientes com essa condição relatam ter sofrido bullying ou outros episódios traumáticos na infância, muitas vezes relacionados a um tique ou a maneiras de aliviá-lo.
Como é feito o diagnóstico e tratamento da síndrome de Tourette?
A anamnese (entrevista que o médico faz para conhecer o histórico do paciente) é fundamental para compreender o que está causando os tiques da síndrome de Tourette. Geralmente, o caso é encaminhado para um neurologista, que pode fornecer um diagnóstico mais preciso da condição, excluindo outras possíveis causas e doenças. Em alguns casos, pode ser necessária a realização de uma ressonância magnética.
Não existe uma cura definitiva para a síndrome de Tourette. Na maioria das crianças, o tratamento envolve acompanhamento psicológico para ajudar a controlar os tiques e outros transtornos relacionados. Os pais também podem buscar auxílio terapêutico comportamental e treinamentos que auxiliem a criança a superar os hábitos ou a encontrar maneiras alternativas e menos perceptíveis de aliviar os tiques.
O uso de medicamentos só é recomendado em casos mais graves da doença e deve ser prescrito por médicos especializados em sistema nervoso central, pois muitos desses deles podem apresentar riscos colaterais para o paciente.
Revisão técnica: Erica M. Zeni, médica da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein. Possui graduação e residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e residência em Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Também possui pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, em Buenos Aires, Argentina.