Saiba como prevenir / tratar a dispepsia (má digestão) e outros problemas digestivos com a alimentação.
A digestão começa pela boca. Ao mastigarmos iniciamos o processo mecânico e acionamos enzimas encontradas na saliva, como a amilase salivar que degrada as moléculas grandes de amido em moléculas menores (maltose).
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Da nossa boca o alimento segue pelo esôfago e chega até o estômago – local onde a pepsina, outra enzima, “quebra” as proteínas. Na sequência o bolo alimentar vai para o intestino e sofre a ação de sucos digestivos produzidos ao longo do trato digestório.
Este processo pode sofrer desequilíbrios. Azia, gastrite, úlceras gástricas e outros problemas digestivos são resultados de fatores agressivos e defensivos da mucosa. Os agressivos são aqueles que aumentam a secreção ácida do estômago (a mucosa integra a principal defesa da região). O controle do consumo de alguns alimentos pode, então, colaborar com a redução dos sintomas.
Má digestão (dispepsia)
É o nome técnico para um conjunto de sintomas, como desconforto na região da boca do estômago (epigástrio), sensação de empachamento, sensação de distensão, náuseas/vômitos e dispepsia. Na maioria dos casos tem relação com:
- hábitos alimentares inadequados, como o consumo de grandes porções de comida, consumo de alimentos muito pesados e/ou gordurosos, refeições excessivamente tardias;
- consumo de bebidas alcoólicas;
- tabagismo;
- estresse físico ou psíquico;
- sono inadequado;
- sedentarismo.
Os sintomas dispépticos, no entanto, podem ser a apresentação inicial de doenças mais sérias, como o refluxo gastroesofágico e as úlceras. Portanto, quando esses sintomas ocorrem com muita frequência é necessária uma investigação médica criteriosa.
Dieta regrada
As dietas para problemas digestivos devem limitar ou excluir os alimentos irritativos da mucosa gástrica, como pimenta, alimentos ácidos, cafeína, refrigerantes e alimentos que retardam o esvaziamento gástrico, como frituras, carnes gordas, molhos gordurosos ou que contenham muita fibra solúvel.
O fracionamento da alimentação também é recomendado. Comer em quantidades menores e mais vezes ao dia, fazer 5 ou 6 refeições diárias. Outra recomendação é comer devagar e mastigar bem os alimentos antes de engolir, facilitando o trabalho do estômago. Cada refeição deveria durar cerca de vinte minutos.
O cuidado com a alimentação noturna é fundamental e o intervalo entre comer e o momento de deitar-se deve ser suficiente para que a digestão aconteça.
A identificação dos alimentos que causam desconforto digestivo depende de uma observação atenta. É necessário fazer uma correlação entre a sua ingestão e os sintomas. Excluir temporariamente os alimentos com suspeita de má digestão é uma alternativa para observar se os sintomas desaparecem e, só assim, excluí-los definitivamente da dieta.
Evite
- Alimentos e preparações muito gordurosas, como frituras, feijoada, churrasco etc.;
- Pimenta do reino, pimenta vermelha, canela, cravo-da-índia, noz-moscada, páprica, mostarda, picles, pois são considerados irritantes à mucosa gástrica;
- Café, chá mate, chá preto e chocolate, principalmente de “estômago vazio”, pois estimulam a secreção gástrica;
- Refrigerantes e água com gás, pois estimulam a secreção ácida no estômago; bebidas alcoólicas.
Outras recomendações
- Procure alimentar-se devagar, mastigando bem os alimentos;
- Faça a refeição em ambiente tranquilo;
- Não tome leite em excesso, pois o leite contém cálcio que estimula a secreção gástrica;
- Faça pelo menos 5 refeições de pequeno volume com intervalos de aproximadamente 3 horas;
- Evite fumar, o fumo dificulta a cicatrização da úlcera;
- Procure não deitar imediatamente após uma refeição de grande volume e evite ingerir alimentos durante a madrugada;
- Não existe um único alimento que possa prevenir sintomas gástricos, mas sim um conjunto de ações preventivas.
Uma alimentação equilibrada e saudável tem papel fundamental na manutenção e recuperação da saúde. Manter um cardápio balanceado é o primeiro passo para viver bem, contribuindo na prevenção de doenças, aumentando a vitalidade e disposição para as atividades diárias.
Veja alguns alimentos que ajudam na digestão
Alguns chás são digestivos, como hortelã, erva-cidreira, camomila, alecrim, sálvia, menta.
Abacaxi possui a bromelina, enzima que auxilia na digestão de proteínas, podendo aliviar a sensação de “estômago cheio”.
Gengibre é um anti-inflamatório natural que pode auxiliar na digestão e melhorar a sensação de queimação, dor e náusea.
Alimentos ricos em fibras colaboram para o melhor funcionamento do intestino, tais como: mamão, ameixa, laranja, mexerica, hortaliças preferencialmente cruas e leguminosas (feijões, lentilha, grão-de-bico).
Fibras
Fibras são consideradas “carboidratos não digeríveis” pelo organismo e uma de suas funções é a de auxiliar o funcionamento intestinal. Para que o papel das fibras possa ser desempenhado, enfatiza-se um maior consumo de líquidos (principalmente água) durante todo o dia.
Conheça os tipos de fibra
Fibras Solúveis
A principal é a pectina, encontrada em frutas, vegetais, farelos de aveia e leguminosas. Atuam no retardo do esvaziamento gástrico.
Fibras insolúveis
Encontrada em todos os alimentos vegetais, sua maior fonte são os grãos (milho, soja, grão-de-bico) e frutas consumidas com casca (maçã, pera e ameixa). Ajudam na prevenção de algumas doenças intestinais e aumentam a saciedade.
Referências Bibliográficas:
Site da Sociedade de Gastroenterologia de São Paulo
Bernaud FSR; Rodrigues TC. Fibra alimentar – Ingestão adequada e efeitos sobre asaúde do metabolismo. Arq Bras Endocrinol Metab. 2013; 57/6.