Angina: dor no peito é sinal de alerta

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Angina é a dor provocada por um quadro de isquemia miocárdica, que é a má irrigação do músculo cardíaco provocada pelo entupimento parcial da artéria coronária. Ocorre quando a irrigação do músculo cardíaco com o sangue rico em oxigênio não é suficiente para suprir suas necessidades diante da intensidade do trabalho que realiza.

Quando o entupimento da artéria é total e o fluxo sanguíneo não consegue irrigar o músculo, se dá o que chamamos de infarto agudo do miocárdio ou ataque cardíaco.  

A pessoa que convive com o estreitamento das artérias por placas de gordura pode ter episódios de angina. Quando faz alguma atividade que aumenta o fluxo do sangue — como subir escadas ou a prática de esportes — sente desconforto e dor no tórax e pode também sentir falta de ar.  

A isquemia miocárdica que ocorre durante um episódio de angina é temporária. Cessa com a suspensão da atividade física e com o retorno dos batimentos cardíacos a um patamar de descanso, ou com o uso de um vasodilatador sublingual, que dilata as artérias coronárias e diminui o trabalho cardíaco. 

À medida que as artérias coronárias continuam a se estreitar, cada vez menos sangue chega ao coração e os sintomas podem se tornar mais graves ou frequentes. Com o agravamento, a dor pode começar a surgir aos pequenos esforços ou mesmo quando a pessoa está em repouso.  

A angina acomete portadores de doença arterial coronariana (DAC). 

Doença arterial coronariana (DAC)

Também é chamada de cardiopatia isquêmica. Trata-se do estreitamento das artérias coronárias, vasos sanguíneos que irrigam o músculo do coração com sangue rico em oxigênio e nutrientes.

Depósitos de colesterol (placas) nas artérias do coração e inflamação geralmente são a causa da doença arterial coronariana – esse processo se chama aterosclerose. É uma das principais causas de morte no mundo, no entanto, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os avanços nos tratamentos têm permitido que a grande maioria dos pacientes que têm acesso a acompanhamento médico sobrevivam.

Como é a dor da angina?

A angina se manifesta tipicamente como uma dor em aperto, peso ou queimação, localizada abaixo do osso esterno (no meio do tórax,).  

Contudo, a dor pode se localizar em qualquer porção do tórax, mais frequentemente no meio ou no lado esquerdo, e ainda nos ombros, braços, pescoço, mandíbula, dentes e costas.  

Vale ressaltar que, em cada indivíduo, a angina apresenta algumas das características típicas. A persistência da dor por mais de 10 a 15 minutos pode significar que a crise de angina seja grave ou pode se tratar de um infarto agudo do miocárdio. 

Atenção: ao perceber qualquer um desses sintomas, busque ajuda de um médico. 

Qual o tratamento para angina?

A doença arterial coronariana geralmente se desenvolve ao longo de décadas. Os sintomas podem passar despercebidos até que uma obstrução significativa cause sintomas ou ocorra um infarto do miocárdio. Seguir um estilo de vida saudável para o coração pode ajudar a prevenir a doença arterial coronariana.

O tratamento da angina inclui:

  • Controle dos fatores de risco: abandono do tabagismo, controle da pressão arterial, redução do colesterol – são medidas indispensáveis;
  • Prescrição de medicamentos de acordo com o diagnóstico do paciente e o estágio da cardiopatia: para alívio imediato, os nitratos que dilatam os vasos do coração, usados pela via sublingual durante as crises de angina. Para impedir o aparecimento das crises, os betabloqueadores, que reduzem os batimentos cardíacos, diminuindo a isquemia.
  • Procedimentos de revascularização, se indicados.

Revascularização

A revascularização é o restabelecimento da irrigação sanguínea para o miocárdio atingido pela isquemia para conter a expansão da lesão. A escolha entre uma dessas técnicas de revascularização do miocárdio depende da extensão e localização da lesão no coração e dos sintomas:

Angioplastia: Procedimento no qual um balão dilata, pelo próprio cateterismo, o vaso com obstrução, sendo colocada uma armação de metal (stent) para manter o vaso aberto. O stent é geralmente indicado para pacientes que apresentam um vaso entupido ou com lesões de grande porte (mais de 70% de comprometimento).

Cirurgia de revascularização do miocárdio: Enxertos de vasos retirados ou desviados do próprio paciente são usados para criar novos caminhos para o sangue chegar ao músculo cardíaco, desviando da obstrução

Trombólise com fármacos fibrinolíticos: É o uso de medicação para dissolver o coágulo em casos de infarto agudo do miocárdio quando não disponível um centro de hemodinâmica para realizar a angioplastia coronariana.

Aspirina

O Ministério da Saúde registra que o uso de medicamentos antiplaquetários, em especial a aspirina em dose baixa (100 mg/dia), apresenta bons resultados em pacientes que apresentam cardiopatia isquêmica.

O emprego de aspirina em pacientes sem doença isquêmica já manifestada, mas que sejam considerados de alto risco cardiovascular, também se mostrou benéfico.

O médico vai levar em conta os efeitos adversos já associados ao uso da aspirina, como AVCs hemorrágicos e hemorragias gastrintestinais, antes de receitá-la.

Prevenção

A Organização Mundial da Saúde sustenta que a ocorrência no mundo de mortes por doenças cardiovasculares (o que inclui as cardiopatias isquêmicas e os derrames) pode ser reduzida à metade apenas com a alteração de hábitos e estilo de vida. Medidas classificadas como fundamentais são:

  • Redução do consumo de sal;
  • Não fumar;
  • Manter uma atividade física;
  • Adotar uma dieta saudável com pouca gordura e muitos vegetais;
  • Fazer a medição periódica da pressão arterial e da glicemia. E controle da hipertensão arterial e do diabetes, quando presentes.
  • Controlar o nível de colesterol.

As mesmas medidas são classificadas pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), agência de saúde ligada ao governo americano, como intervenções efetivas, comprovadas e de baixo custo.


Revisão técnica: Sabrina Bernardez Pereira Especialista em Cardiologia pela SBC/AM; médica Economia da Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein; mestrado e doutorado em Ciências Cardiovasculares na Universidade Federal Fluminense.

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