Também chamada de anorexia nervosa, essa doença é um tipo de transtorno alimentar que faz com que a pessoa fique obcecada pelo próprio peso e por tudo o que come.
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A anorexia não provoca perda de apetite — na verdade, a pessoa limita a ingestão de alimentos porque tem uma imagem corporal distorcida e acredita estar com sobrepeso, mesmo quando o que acontece é exatamente o contrário.
Os anoréxicos têm hábitos alimentares peculiares e lidam com estresse, ansiedade e baixa autoestima limitando o que comem, o que pode proporcionar a eles uma falsa sensação de controle.
O problema afeta mais mulheres do que homens e costuma surgir na adolescência ou mesmo na infância. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, estima-se que mais de 70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por algum tipo de transtorno alimentar – inclusive anorexia.
Quais são as causas da anorexia?
Não se sabe exatamente o que está por trás desse transtorno alimentar, mas existem alguns fatores que podem estar relacionados ao seu aparecimento:
1. Biológicos e psicológicos: não há clareza sobre os genes que estariam relacionados à anorexia, mas sabe-se que alguns traços hereditários podem facilitar o surgimento do problema, como histórico familiar de comportamentos obsessivos compulsivos relacionados à perfeccionismo e à perseverança, por exemplo;
2. Ambientais: embora isso esteja sendo cada vez mais discutido, ainda vivemos em um mundo que valoriza a magreza, o que pressiona as pessoas a perseguir o corpo “ideal”.
Dois subtipos
A quinta e última edição do Manual Diagnóstico Restritor e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM na sigla em inglês), que saiu em 2013, indica a existência de dois subtipos de anorexia nervosa:
- Restritivo – Nesse subtipo, a pessoa alia a restrição severa de ingestão calórica, ou o jejum, a uma rotina intensa de exercícios físicos – tudo com o objetivo de perder peso;
- Compulsivo-purgativo – Este subtipo se caracteriza por episódios de ingestão compulsiva de alimentos seguidos por episódios purgativos (indução de vômito e uso abusivo de laxantes e diuréticos, e realização de enemas, que é uma lavagem intestinal).
Anorexia x bulimia
Anorexia e bulimia são transtornos alimentares em que a pessoa é obcecada pela magreza e persegue a perda de peso incansavelmente. O comportamento purgativo aparece tanto na anorexia compulsivo-purgativa quanto na bulimia.
A diferença é que na anorexia o índice de massa corporal (IMC) é inferior a 18, ou seja, a pessoa está abaixo do peso. Na bulimia, por outro lado, o IMC é normal ou até mesmo elevado e a preocupação com a forma corporal induz a comportamentos purgativos depois de episódios de compulsão alimentar.
Quais são os sintomas da Anorexia?
É importante lembrar que, em casos extremos, a anorexia leva à morte, seja em razão dos inúmeros problemas de saúde que acarreta, seja por questões mentais – tentativas de suicídio são recorrentes em pacientes com anorexia.
Os sinais da doença se manifestam não só no corpo, mas também na mente e nas emoções:
- Sintomas físicos: mau estado nutricional, baixo peso, redução da densidade óssea (osteopenia ou osteoporose) e da temperatura corporal (a pessoa sente frio o tempo todo), desidratação, dor de estômago, constipação, letargia ou fadiga, pelos corporais finos e alongados (lanugo), pele seca ou amarelada, queda de cabelo, unhas quebradiças, amenorreia, infertilidade, disfunção erétil, desmaios, tonturas e pressão baixa;
- Sintomas mentais/emocionais: imagem corporal alterada, medo extremo de engordar, prática excessiva de exercícios físicos, negação da fome, fixação com a preparação dos alimentos, comportamentos alimentares incomuns como a recusa em participar das refeições em família, comportamentos obsessivo-compulsivos, perda de interesse em sexo, irritabilidade, mudança de humor e depressão.
Mais de uma abordagem terapêutica
De maneira geral, o tratamento da anorexia é multidisciplinar e envolve psiquiatras, psicólogos e nutricionistas. Na maior parte dos casos, familiares e pessoas que convivem com o anoréxico é que se atentam para o problema e acabam levando a pessoa ao médico.
O diagnóstico é clínico e se baseia nos sintomas, no exame físico e no histórico relatado pelo paciente e por sua família.
Quanto antes for iniciado o tratamento, menos impacto para a saúde. Em casos extremos, o anoréxico precisa ser internado para a reintrodução gradativa de alimentos. Quanto à medicação, não existem remédios específicos para a anorexia — normalmente são prescritos antidepressivos e antipsicóticos.
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes, médico do pronto atendimento e corpo clínico, preceptor da residência em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.