O câncer é uma doença que pode atingir praticamente todas as áreas do nosso organismo. Ele é caracterizado pela mutação de células saudáveis, que se transformam em malignas e passam a se multiplicar, gerando lesões ou tumores (chamados de neoplasias). Um dos tipos de cânceres mais comuns é o câncer de boca, tema deste post!
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No entanto, apesar de ser muito prevalente, ele ainda é pouco conhecido pela população em geral. Então, hora de mudar isso, não é mesmo?
Para tirar todas as nossas dúvidas, convidamos o Dr. Renan Lira, cirurgião de Cabeça e Pescoço, doutor em Oncologia pela FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) e coordenador executivo da pós-graduação em Cirurgia Robótica de Cabeça e Pescoço do Hospital Israelita Albert Einstein. Vamos lá? Boa leitura!
O que é o câncer de boca?
De acordo com o Dr. Renan Lira, o câncer de boca é um problema que pode afetar qualquer estrutura da cavidade oral — como os lábios, a língua, o céu da boca, as gengivas e as bochechas. Ele se manifesta por meio do aparecimento de tumores, lesões, aftas e feridas nessa região.
O caráter desse tipo de câncer é bem agressivo, fazendo com que o diagnóstico precoce seja a melhor chance do paciente contra a doença. Um dos seus principais problemas está no alto índice metastático, ou seja, na grande possibilidade de o câncer se espalhar para regiões distantes. Dentre as mais afetadas, podemos citar os linfonodos do pescoço, dos pulmões e, até mesmo, os ossos.
Quais são os principais tipos?
O câncer de boca pode ser dividido em vários tipos. Eles são:
- Carcinoma verrucoso;
- Carcinoma de células escamosas;
- Carcinoma adenoide cístico;
- Carcinoma mucoepidermoide;
- Adenocarcinofestma;
- Linfomas.
A determinação do tipo de neoplasia só pode ser feita a partir da realização de uma biópsia, exame que identifica as células em um microscópio. Também serão determinadas por conta da localização dos tumores e lesões.
Qual é a probabilidade de surgir em pacientes?
As últimas estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) afirmam que o número de casos novos de câncer da cavidade oral esperados para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 11.180 casos em homens e de 4.010 em mulheres.
Lira observa que esses valores correspondem a um risco estimado de 10,69 casos novos a cada 100 mil homens, fazendo com que esse seja o quinto câncer mais prevalente nesse grupo. Para as mulheres, corresponde a 3,71 para cada 100 mil mulheres, sendo a décima terceira neoplasia mais frequente entre o grupo feminino.
O médico ainda afirma que boa parte dos pacientes recebe o seu diagnóstico após os 50 anos de idade. No entanto, é importante ficarmos atentos a uma tendência cada vez maior de casos entre os mais jovens, que se encontram na faixa dos 30 anos. A região mais afetada nesse grupo é a lateral da língua.
Quais são as causas do seu desenvolvimento?
Muitas vezes, não é possível dizer exatamente qual é a razão para o desenvolvimento de um câncer. No entanto, ao analisarmos todos os casos documentados, é possível traçar alguns perfis que trazem informações sobre o assunto.
No caso do câncer de boca, é notável a relação entre o seu desenvolvimento e o abuso de substâncias como o tabaco e as bebidas alcoólicas. A infecção por HPV (papilomavírus humano) também é um fator de risco.
Outros fatores que devem ser mencionados são a exposição solar prolongada (que pode afetar regiões como os lábios) e/ou a falta de higiene bucal, que lesiona as estruturas bucais e pode deixá-las mais suscetíveis às mutações.
Quais são os principais sintomas dessa doença?
O principal sintoma do câncer de boca é a presença de uma lesão — que pode se apresentar, por exemplo, como uma afta ou uma bolinha. No entanto, não se desespere. O momento de começar a se preocupar é quando não acontece a cicatrização dessa lesão em cerca de duas semanas.
Além disso, outros sintomas que podem indicar que algo está errado são:
- Nódulos no pescoço;
- Sangramentos na boca;
- Presença constante de sangue na saliva;
- Dificuldade de abrir a boca;
- Dificuldade de mastigar;
- Mau hálito persistente, mesmo sem a presença de problemas dentários;
- Dentes que ficam moles e caem sem nenhuma explicação.
O diagnóstico desse problema começa em uma consulta odontológica. Caso você apresente algum dos sintomas citados, é importante visitar o consultório do seu dentista de confiança e mostrar as lesões para ele. Assim, ele poderá encaminhar para um especialista da área médica, caso julgue necessário.
Como é feito o diagnóstico?
Com o encaminhamento em mãos, é fundamental que você busque a orientação de algum serviço médico. É possível agendar a consulta diretamente com um cirurgião de Cabeça e Pescoço ou passar pelo clínico geral, que poderá orientar sobre o que fazer a seguir.
O profissional determinará se o seu problema é realmente um câncer de boca a partir de exames complementares, como a biópsia. Caso seja positivo, ele passará a estadear o seu caso, observando se há metástases (focos de câncer em outros locais) e outros detalhes fundamentais para guiar o tratamento correto.
Qual tratamento deve ser realizado?
Na maioria das vezes, é realizada uma cirurgia para a remoção do tumor ou lesão. Depois, o paciente pode passar por sessões de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia para tratar a questão.
Outro ponto que pode ser necessário é a reconstrução, dependendo do tamanho e da localização do tumor bucal. Vale a pena lembrar que cada tratamento é único, sendo planejado de acordo com as necessidades e particularidades de cada caso.
Como podemos perceber, o câncer de boca é um problema agressivo, que precisa ser diagnosticado rapidamente para que possa ser devidamente tratado. Então, fique de olho e, caso necessário, agende uma avaliação odontológica o quanto antes.
Para que mais pessoas conheçam o câncer de boca e os seus sintomas, compartilhe o conteúdo em suas redes sociais e transmita essas informações a todos que você conhece!
Revisão técnica: João Gabriel Pagliuso, médico da Economia da Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein.