Câncer de pâncreas: silencioso e letal

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O pâncreas é uma glândula localizada atrás do estômago que é responsável pela produção de insulina e pela absorção de enzimas que auxiliam na digestão, além de secretar hormônios (insulina e glucagon) que ajudam a controlar o açúcar no sangue. 

Várias neoplasias podem afetar o pâncreas. O tipo mais comum de câncer nesse órgão começa nas células que revestem os dutos responsáveis pelo transporte de enzimas digestivas para fora do pâncreas (adenocarcinoma ductal pancreático). Já os carcinomas neuroendócrinos são raros e costumam ser detectados já em estágio metastático, quando a doença começa a se espalhar pelo organismo.

Aumento da incidência do câncer de pâncreas

Nos Estados Unidos, em 2021, foram diagnosticados mais de 60.000 novos casos, e registradas mais de 48.000 mortes. Dados de 2020 do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam 11.893 mortes no Brasil. Por aqui, o câncer de pâncreas responde por 1% de todos os casos de câncer diagnosticados, e 5% do total de mortes são decorrentes da doença. O diagnóstico acontece, sobretudo, após os 40 anos de idade, sendo mais frequente entre 80 e 85 anos.

Quais fatores podem levar ao câncer de pâncreas?

Algumas síndromes de predisposição genética aumentam o risco para o aparecimento de tumores no pâncreas. Entre elas: câncer de mama e de ovário hereditários (associados aos genes BRCA1, BRCA2 e PALB2); síndrome de Peutz-Jeghers, que acomete o trato gastrointestinal e produz lesões epidérmicas pigmentadas; e síndrome de pancreatite hereditária.

Entre os fatores não hereditários estão tabagismo, obesidade, diabetes tipo 2 e pancreatite crônica não hereditária. Também entram nessa lista mutações genéticas adquiridas que resultam da exposição a substâncias químicas cancerígenas, como as encontradas na fumaça do tabaco. Há também casos de exposição ocupacional, em que o paciente tinha contato com produtos químicos usados nas indústrias de limpeza e metalurgia, que são oncogênicos.

Primeiros sintomas do câncer de pâncreas

Em geral, os tumores pancreáticos são agressivos e produzem sintomas que podem ser atribuídos a outras doenças, o que colabora para o diagnóstico tardio. É comum que o tumor seja diagnosticado em estágio avançado e quando as células do câncer já se espalharam para outros órgãos (metástase). Isso, infelizmente, reduz bastante as chances de cura.    

Aqui estão alguns sinais que podem estar relacionados às neoplasias malignas do pâncreas:

  • Pele e olhos (a parte branca, que é a esclera) amarelados;
  • Formação de coágulos em algumas veias das pernas (trombose venosa profunda);
  • Dor abdominal que irradia para as costas;
  • Fadiga;
  • Fezes de cor clara;
  • Novo diagnóstico de diabetes ou diabetes descompensada;
  • Perda de apetite e de peso;
  • Urina de cor escura.

As opções de tratamento para o câncer de pâncreas

As opções de tratamento são escolhidas com base na extensão do tumor e podem incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação delas. A cirurgia, geralmente, é a melhor opção de tratamento, já que costuma representar chances reais de cura. Infelizmente, esse objetivo nem sempre é atingido. Isso porque, mesmo que todo o tumor seja eliminado, podem restar células cancerosas remanescentes que, com o tempo, fazem o câncer surgir novamente ou, em casos mais graves, se espalhar pelo corpo. 

Quando as lesões são muito extensas a ponto de comprometer todo o órgão, é possível fazer a remoção cirúrgica (pancreatectomia total). Após o procedimento, porém, o paciente precisa tomar enzimas pancreáticas para o resto da vida, já que elas não serão mais produzidas naturalmente. Além disso, pessoas que se submeteram a uma pancreatectomia total têm risco aumentado para desenvolver diabetes e podem se tornar dependentes de insulina. 

Por ser um tipo de câncer muito agressivo e descoberto tardiamente em mais de 80% dos casos, a sobrevida média depende da gravidade da doença e geralmente é de um a cinco anos depois do diagnóstico. Confira a série Entendendo o Câncer para ler todos textos que produzimos a respeito das formas mais comuns da doença, aprenda sobre o tema e saiba o que é verdade ou mentira quando se fala sobre esse assunto tão importante.

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