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Existem inúmeros riscos associados ao fumo na gestação. Saiba os efeitos em quem quer engravidar, no feto e no recém-nascido
Por Dr. Romulo Negrini, obstetra e ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein / CRM SP 113 055
O fumo apresenta mais de 2.500 substâncias tóxicas, muitas com efeitos desconhecidos, de modo que não há níveis seguros de tabaco na gravidez. O tabaco é prejudicial para a gestação em todas as suas fases.
A maioria dos problemas é decorrente da menor oferta de oxigênio ao bebê, causada por conta de alterações nas artérias que nutrem a placenta por ação das substâncias tóxicas do cigarro.
De acordo com o Dr. Romulo Negrini, há maior risco de abortamentos, malformações fetais, restrição de crescimento intrauterino (fetos muito pequenos por má nutrição), ruptura prematura da bolsa d’água, parto prematuro, placenta de inserção baixa e descolamento do sítio placentário. Além de óbito do feto e alterações funcionais que podem favorecer alergias e asma na criança.
Sou fumante e quero engravidar
“A mulher que pretende engravidar deve interromper o hábito o quanto antes”, afirma Dr. Negrini. E, idealmente, engravidar sem estar fumando, para evitar os efeitos maléficos do cigarro no início da gestação.
Entretanto, parar de fumar não é uma tarefa fácil e a abordagem deve seguir os seguintes passos:
• Perguntar quantos cigarros a pessoa fuma por dia, estabelecendo um diário com situações e horários em que isso mais acontece;
• Advertir sobre os efeitos do cigarro e a necessidade de parar de fumar; acompanhar as evoluções e ser compreensivo com as dificuldades;
• Ajudar aqueles que estão empenhados, se necessário for, com uso de medicações;
• Incentivar as ações positivas no sentido de deixar o cigarro. Há que se ressaltar que o fumo intenso pode afetar a fertilidade e dificultar a gestação.
Efeitos da nicotina para o feto e recém-nascidos
A nicotina e as outras inúmeras substâncias contidas nos fumos podem levar desde a morte do feto, más-formações, até crescimentos restritos e prematuridade. Isso basicamente relacionado à má oxigenação fetal por alterações vasculares placentárias. Os filhos de mães fumantes também apresentam mais problemas respiratórios, como asma e bronquite, além de alergias e infecções. Estudos relacionam o tabaco na gravidez ao maior risco de diabetes, esquizofrenia e até mortes súbitas nas crianças.
A nicotina e a amamentação
De acordo com o Dr. Negrini, “é verdade que fumantes passam nicotina para o bebê por meio da amamentação. Estudos mostraram que crianças que mamam de mães fumantes apresentam maiores quantidades de cotidina (um metabólito do cigarro) na urina.” Além disso, os bebês dormem menos se receberem leite materno após a mãe ter fumado. Deve-se ressaltar que o leite de fumantes é produzido em menor quantidade e com menos gordura.
Não sabia que estava grávida. O que devo fazer?
Obviamente abandonar o hábito de fumar será a melhor opção. Parar com o consumo de tabaco minimizará os efeitos posteriores. Iniciar o pré-natal imediatamente para acompanhamento e auxílio neste sentido é fundamental. Embora as fumantes estejam correndo um maior risco, as alterações expostas não são uma certeza, por isso consulte um especialista que poderá avaliar o seu caso individualmente.