A coceira no couro cabeludo é um desconforto comum que afeta muitas pessoas, mas nem sempre é tratada com a devida atenção. Quando essa região da cabeça coça, isso pode indicar mais do que apenas um incômodo passageiro – essa sensação pode ser sintoma de diversas condições, que exigem cuidados específicos.
Além da coceira, outros sintomas como descamação, vermelhidão, inchaço ou até mesmo perda de cabelo podem estar presentes. Ignorar esses sinais pode levar ao agravamento da condição e, em alguns casos, a complicações mais sérias. Por isso, é essencial procurar um dermatologista quando os sintomas persistem ou se intensificam.
O diagnóstico precoce permite um tratamento mais eficaz e evita problemas de saúde a longo prazo. Em inúmeras doenças da pele há uma interação entre os estados emocionais e os sintomas das dermatoses.
Para que se tenha a certeza da origem da coceira, é necessário excluir todas as possíveis causas endógenas ou exógenas, pois o couro cabeludo é frequentemente “alvo” de várias doenças dermatológicas.
O risco de tratar por conta própria é a falha do diagnóstico correto e possíveis efeitos colaterais, pois a coceira às vezes pode ser devido a doenças mais graves.
Saiba mais sobre as causas mais comuns desse incômodo:
1. Dermatite seborreica
Trata-se de uma doença inflamatória crônica e uma das principais causas de coceira. Afeta principalmente o couro cabeludo (e, nessa região, é popularmente conhecida como caspa), mas também pode se manifestar em outras áreas do corpo, como o rosto e o peito, onde há maior concentração de glândulas sebáceas.
Entre suas características estão vermelhidão, descamação em forma de flocos amarelados ou esbranquiçados e, muitas vezes, coceira intensa. Embora não seja uma doença contagiosa, a dermatite seborreica pode ser recorrente e desconfortável, afetando a qualidade de vida.
Essa condição pode ser desencadeada por predisposição genética. Para saná-la, o uso de shampoos ou loções, além da lavagem frequente do cabelo, pode ser suficiente para o controle da doença. Porém, como se trata de uma doença crônica, os cuidados devem ser constantes. É muito importante o diagnóstico correto para que o tratamento seja eficaz.
2. Psoríase
A psoríase é outra doença inflamatória crônica, de caráter autoimune, que frequentemente atinge o couro cabeludo e provoca o surgimento de manchas vermelhas e escamosas. Muitas vezes, essas manchas se transformam em placas descamativas. As lesões podem causar coceira intensa, dor e, em alguns casos, até sangramento.
Embora a causa exata seja desconhecida, fatores genéticos e ambientais, como estresse, infecções e alterações climáticas, podem desencadear ou agravar o quadro.
3. Piolho ou pediculose
Altamente contagiosa, a infestação por piolho é um problema bastante comum, principalmente, entre crianças em idade escolar. Esses pequenos insetos se espalham facilmente pelo contato direto com a cabeça de uma pessoa contaminada ou por meio de objetos pessoais compartilhados, como chapéus e pentes.
Os principais sintomas incluem coceira intensa no couro cabeludo, devido à reação alérgica à saliva do piolho, além de vermelhidão e a presença dos insetos ou suas lêndeas (ovos) nos fios de cabelo.
O tratamento pode ser feito por via oral e com loções e xampus, além do uso de pente fino, para remoção completa das lêndeas. Usualmente, o tratamento é repetido.
4. Fungos
As infecções fúngicas no couro cabeludo são uma causa comum de coceira intensa e desconforto. Estão por trás delas fungos que se proliferam em ambientes úmidos e quentes, como é o caso do couro cabeludo.
Os principais sintomas incluem coceira persistente, queda de cabelo, inflamação e, em alguns casos, o surgimento de crostas ou manchas vermelhas. São mais frequentes em crianças ou em indivíduos imunodeprimidos.
O tratamento envolve o uso de antifúngicos tópicos ou orais, dependendo da gravidade da infecção. Pode ser necessário o uso de antifúngicos por um período prolongado para que se tenha a cura completa.
Se houver dúvida no diagnóstico, pode ser solicitado um exame de cultura para os fungos. O tratamento correto é muito importante porque, se houver demora, a região pode ficar com falhas permanentes do cabelo, levando a possíveis transtornos psicológicos.
5. Dermatite de contato (alergia)
A dermatite de contato no couro cabeludo é uma reação alérgica ou irritativa desencadeada pelo contato com substâncias como produtos capilares, tinturas, shampoos ou até mesmo metais presentes em acessórios. Os principais sintomas incluem vermelhidão, coceira, inchaço e descamação.
A condição é frequentemente observada quando a pele do couro cabeludo entra em contato com um agente externo que provoca uma resposta inflamatória, como o uso de laquês, ceras e sprays para modelar os fios.
É preciso primeiro identificar o agente causador da reação para evitar novos episódios. O tratamento geralmente envolve o uso de cremes ou loções anti-inflamatórias e a interrupção do uso dos produtos que causam a irritação. A remoção das substâncias causadoras da coceira normalmente é suficiente para acalmar o prurido.
6. Dermatoses de origem psiquiátrica ou psicossomática
As dermatites no couro cabeludo também podem ter origem psicossomática, ou seja, ser desencadeadas por fatores emocionais e psicológicos, como estresse, ansiedade e traumas. Nesses casos, o corpo reage com inflamações na pele, resultando em coceira, vermelhidão e descamação.
Na chamada dermatite factícia, a própria pessoa causa escoriações em si mesma, o que muitas vezes provoca coceira. O quadro geralmente resulta de algum distúrbio psiquiátrico.
Quando não se consegue esclarecer o diagnóstico, o tratamento é realizado com medicamentos psiquiátricos. Reconhecer a origem emocional desses problemas pode ser essencial para uma recuperação completa.
Outras doenças
Condições como urticária, câncer, problemas renais graves, dermatite atópica e diabetes, além do uso de certos medicamentos, também podem causar coceira no couro cabeludo. A análise minuciosa da história clínica do paciente é essencial para chegar ao diagnóstico correto.
Revisão: Luiza Kassab Vicencio, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein