Como tratar uma mordida de cachorro?

4 minutos para ler

Em caso de mordida de cachorro, é crucial investigar se há risco de raiva. Uma adequada higienização geralmente é suficiente para tratar o ferimento, mas é essencial verificar a saúde do cão envolvido. Com base nisso, o médico irá avaliar a necessidade de prescrever vacinas e soro antirrábico para a pessoa atacada.

O que fazer em caso de mordida de cachorro?

Dois cuidados principais são necessários: 

1. O ferimento

O primeiro cuidado é lavar imediatamente o local da mordedura com água e sabão. Recomenda-se uma higienização minuciosa com água corrente, seguida de secagem superficial com uma toalha limpa. Após esse procedimento, é importante buscar atendimento em um serviço de saúde. Não é aconselhável aplicar pomadas ou cobrir o ferimento.

2. O cachorro

O segundo cuidado diz respeito à possibilidade de que o animal esteja contaminado com raiva. Se for possível identificar o tutor do cachorro e verificar o comprovante de vacinação, não será necessário colocar o animal em observação. Na ausência de comprovante de vacinação, ele deve ser isolado por um período de dez dias.

Na situação mais desfavorável, em que não é possível colocar o cachorro em observação e não há registro de vacinação, a profilaxia recomendada pelo Ministério da Saúde inclui a aplicação da vacina antirrábica na pessoa que sofreu a mordida.

Somente se houver sinais sugestivos de que o animal está contaminado com raiva será aplicado também o soro antirrábico (imunoglobulina humana antirrábica). O profissional de saúde indicará se há necessidade ou não da profilaxia.

Em todas as circunstâncias, é recomendável procurar um serviço de saúde.

Qual é o perigo de uma mordida de cachorro?

Quando é realizada a higienização cuidadosa do ferimento, as mordidas de cachorro tendem a cicatrizar sem gerar infecção. No entanto, devido à presença de muitas bactérias na saliva dos cães, em alguns casos, a mordedura pode resultar em uma complicação com uma infecção bacteriana. Outro perigo surge quando o animal está contaminado com o vírus da raiva, o que é muito raro no Brasil.

Raiva em humanos: o que pode acontecer?

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave que afeta mamíferos, incluindo os seres humanos, e é transmitida pela saliva de animais infectados.

No período de 2010 a 2022, o Ministério da Saúde identificou 45 casos de raiva humana no país. Dentre esses casos, nove foram resultantes de agressões por cães, 24 por morcegos, quatro por primatas não humanos, dois por raposas, quatro por felinos e dois de animais desconhecidos.

Conforme relatórios do Ministério da Saúde, apenas dois casos evoluíram para cura, enquanto os demais resultaram em óbito. Isso ocorre porque a raiva em humanos é uma encefalite progressiva e aguda, com uma letalidade de aproximadamente 100%. Portanto, trata-se de uma doença extremamente grave.

O governo federal mantém o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva, que promove a imunização antirrábica canina e felina em todo o território nacional, por meio da distribuição de vacinas contra a raiva. Em 2021, foram identificados 11 cães positivos para raiva em todo o país.

Vacina contra raiva após a mordida

Quando indicada, a vacina antirrábica é aplicada em quatro doses ao longo de 14 dias a partir da data em que ocorreu a mordida. É importante ressaltar que a vacina antirrábica deve ser administrada anualmente nos cães.


Revisão Técnica: Luiz Antônio Vasconcelos, especialista em clínica médica, medicina interna, cardiologia e ecocardiografia. É cardiologista e clínico das unidades de pronto atendimento e do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.

Posts relacionados