Os testes de colesterol são bem estabelecidos como parte importante da triagem de saúde cardiovascular em adultos. Para crianças e adolescentes, no entanto, é outra história: poucos têm os níveis de colesterol examinados rotineiramente, seja por falta de informação dos pais, seja porque os próprios médicos não têm o hábito de pedir esse exame.
A alta dosagem dessa lipoproteína no sangue leva ao acúmulo lento e progressivo de gordura nas artérias, causando a doença aterosclerótica, principal causa de infarto e acidente vascular cerebral (AVC), que podem levar à morte ou deixar sequelas.
Quais crianças devem dosar?
O colesterol deve ser dosado em crianças de 2 a 8 anos de idade, cujos pais ou avós tenham algum histórico de risco, como infarto, AVC, doença arterial periférica, hipercolesterolemia (colesterol total acima de 240mg/dl, de difícil controle) ou outros fatores de risco cardiovascular (hipertensão, diabetes, tabagismo passivo e obesidade, por exemplo). Para menores de 2 anos, não há a indicação de triagem.
Na faixa etária dos 9 aos 12 anos, o exame deve ser feito em todas as crianças, independentemente do histórico familiar. Já entre 12 e 16 anos, a triagem do colesterol volta a ser de acordo com os casos na família ou surgimento de novo fator de risco. Dos 17 aos 21 anos, recomenda-se que todos façam ao menos uma triagem do colesterol e, se os níveis vierem alterados, o exame deve ser repetido a cada seis meses até voltar ao normal.
Importante destacar que, na infância, a elevação do colesterol é absolutamente assintomática, mas a lesão das artérias começa muito precocemente. Daí a importância do diagnóstico ainda no começo.
Quais são as recomendações?
A partir do diagnóstico de alterações do colesterol, a primeira recomendação é não medicar. O ideal é apostar em mudanças no estilo de vida, especialmente na prática de atividades físicas regulares e adaptações na dieta. Além disso, dependendo do caso, pode ser que outras doenças estejam levando à dislipidemia, como diabetes ou problemas renais. Nesses casos, é preciso usar medicamentos específicos.
Vale frisar que, diferentemente do que acontece com adultos, o uso de medicações depende da faixa etária. Crianças mais velhas podem ser tratadas como adultos, mas o médico deve ser sempre consultado para particularizar o tratamento.
No ambiente escolar, é importante que haja atividades físicas e educação alimentar como medidas de prevenção. Já em espaços públicos, parques e praças podem ser meios de facilitar o acesso à prática de exercícios.
Fonte consultada: Mirna de Sousa, cardiologista pediátrica e ecocardiografista fetal do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia