Dia Mundial de Combate à Asma: saiba como identificar e tratar a doença

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Por Arthur Pires* 

Todos os anos, na primeira terça-feira de maio, acontece o Dia Mundial de Combate à Asma com o objetivo de divulgar informações sobre a doença e prevenir o agravamento dos sintomas. A data comemorativa é organizada há mais de 20 anos pela Iniciativa Global Contra a Asma (GINA, na sigla em inglês), criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), estima-se que cerca de 300 milhões de pessoas no mundo inteiro vivem com asma. Para conhecer mais sobre a doença, confira a entrevista com Humberto Bogossian, pneumologista do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).  

O que é a Asma? 

A asma é uma doença inflamatória que ocorre nos pulmões e gera inflamação crônica dos brônquios. Os brônquios podem ser entendidos como o “encanamento dos pulmões”, estrutura por onde o ar passa para chegar dentro dos alvéolos, pequenas bolsas onde ocorre a troca dos gases. “A asma provoca, além da inflamação, estreitamento dos brônquios, dificultando a passagem do ar e a respiração”, explica Bogossian.  

Quais são as causas? 

A asma pode ter caráter hereditário e também pode ser multifatorial, desencadeada por diversos fatores ambientais, entre eles:

  • Poeira; 
  • Pelo de animais e penas; 
  • Fungos; 
  • Alguns alimentos; 
  • Exposição profissional; 

“Também há casos em que a asma pode ser desencadeada por refluxo gastroesofágico, então por alterações do trato gastrointestinal. E tem pacientes que, às vezes, pioram quando fazem atividade física”, esclarece o especialista.  

Qual a incidência?

Segundo Bogossian, os países em que as estações do ano são mais bem definidas, como os Estados Unidos e os países europeus, apresentam maior incidência de pessoas com asma. Nestes países, o inverno é marcado por temperaturas baixas e neve, e a primavera, pelo excesso de pólen. 

“Num país muito frio, a pessoa sai da neve e vai para um lugar com calefação e tem a asma induzida por variação térmica. E muita gente tem a asma induzida pela exposição ao pólen”, explica. 

A incidência na população, de acordo com o especialista, é maior em crianças e adolescentes, atingindo 10% da faixa-etária pediátrica, e diminui na idade adulta. “No adulto, em média, a incidência é de 6% a 7%”. 

Quais são os sintomas da asma? 

  • Falta de ar; 
  • Dificuldade para respirar; 
  • Sensação de peso no peito ao respirar; 
  • Chiado ao soltar o ar; 
  • Tosse (noturna e diurna). 

“Muitas vezes, o paciente está com uma tosse que não melhora e essa tosse pode ser uma crise de asma”, explica.  

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico da asma acontece a partir da conversa entre médico e paciente e baseado no histórico clínico. Os exames médicos são utilizados para a confirmação e o estabelecimento de critérios de gravidade da doença.  

Os exames de confirmação e investigação da gravidade da asma são:

  • Prova de função pulmonar (espirometria); 
  • Broncoprovocação; 
  • Exame de sangue (usado para investigar se o paciente tem alergias ou anemia); 
  • Exames de imagem (usado para investigar complicações secundárias à asma). 

Como é feito o tratamento? 

A asma não tem cura, mas pode ser controlada com o tratamento e acompanhamento adequados. Uma pessoa com predisposição para a asma, pode não manifestar a doença e ficar livre de crises durante anos, ou até nunca mais manifestá-las. Nestes casos, não é necessário o tratamento medicamento e o paciente pode levar uma vida normal. 

De acordo com Bogossian, antes de pensar em tratamento com medicamentos, primeiro é necessário aprender a identificar e se afastar das situações que desencadeiam uma crise de asma. Do ponto de vista ambiental, isso pode ser feito através de algumas medidas de prevenção, como: 

  • Usar roupas que não acumulam pó;  
  • Lavar as roupas guardadas há muito tempo antes de usá-las no inverno ou outono; 
  • Ter poucos tapetes em casa;  
  • Tirar cortinas de tecido; 
  • Atentar-se para infiltração por mofo nas paredes; 
  • Evitar dormir junto de animais no quarto; 
  • Deixar as janelas mais abertas; 
  • Não fumar; 
  • Fazer a limpeza do ar-condicionado com mais frequência.

“É preciso cuidar do ambiente. Com certeza, cuidando melhor do ambiente, tirando a poeira com mais frequência, o paciente terá menos crises. Se for pintar a casa, por exemplo, saia de casa; se for fazer alguma obra, se afaste. Tudo isso faz muita diferença”, ressalta. 

Tratamento medicamentoso 

O tratamento medicamentoso é indicado conforme a necessidade e a gravidade da doença. A medicação pode ser usada por pacientes com crises “pontuais” de asma (uma vez por mês, ou a cada dois meses), e por pacientes com crises mais frequentes (duas ou três vezes por semana) ou com a função pulmonar alterada. 

De acordo com Bogossian, os pacientes com crises “pontuais” devem usar a medicação nos momentos da crise, já os pacientes com crises mais frequentes, ou com a função pulmonar alterada, devem usá-la de forma contínua. Nesses casos, é indicado a medicação inalatória (broncodilatadores), que é utilizada por meio de um dispositivo que libera a medicação em mecanismo em pó ou aerossol. 

“A medicação inalatória tem ação local, pouca absorção para o sangue, então o efeito colateral sistêmico, do ponto de vista de absorção para o sangue, é muito pequeno, porque vai ele ficar praticamente na mucosa do brônquio. Então é uma medicação que vai reduzir a inflamação do brônquio e, além disso, dilatar o brônquio”, explica o especialista.  

Além disso, também é indicado medicação para a rinite e o refluxo gastroesofágico, que podem desencadear a crise asmática. Nos casos graves de asma, pode ser necessário o uso de corticoide e medicamentos imunorreguladores, aplicados a uma frequência mensal ou quinzenal para controlar as crises intensas. 

O uso correto da medicação inalatória (broncodilatadores) e a vacinação contra a gripe, pneumonia, Covid-19, entre outras doenças, também são importantes medidas de tratamento para a asma, segundo o especialista. 

Saiba mais sobre diversas doenças no  blog do Vida Saudável.

*Sob supervisão da jornalista Fernanda Bassette.

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