Confira quais são as emergências médicas mais frequentes e dicas para evitar acidentes com crianças. Continue lendo!
Por Dra. Milena de Paulis, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein / CRM SP 81 950
Das coisas que acontecem com as crianças com mais frequência, o que realmente deve ser considerado uma emergência? De acordo com a pediatra Milena de Paulis, especialista em emergências pediátricas do Einstein, boa parte delas são alterações que não necessariamente precisam de atendimento em um pronto-socorro.
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Na entrevista abaixo, a médica explica quais os casos mais graves e que merecem atenção especial, e quais são aqueles que não precisam tirar o sono dos pais. Ela também dá dicas de como evitar acidentes, alerta sobre o risco de febres sem outros sintomas e fala sobre as diferentes emergências com o passar da idade da criança. Confira!
Quais são as emergências pediátricas mais comuns?
Quando falamos em emergência nos referimos aos casos em que o paciente tem risco iminente de morte, mas no dia a dia este conceito é utilizado de maneira equivocada.
Os casos mais comuns de procura do pronto-socorro, em pediatria, correspondem aos quadros respiratórios tanto infecciosos, como as gripes, infecções de garganta, ouvido e pneumonia, como os quadros de asma e bronquiolite. Os vômitos e diarreias também são causas comuns de atendimento.
Quais situações realmente devem preocupar os pais?
Em relação aos quadros respiratórios, as pneumonias. As crianças geralmente ficam abatidas, com febre, tem respiração rápida ou dor para respirar. E as crises de asma com falta de ar. Também as diarreias acompanhadas por vômitos que não conseguem ser controlados com uso da medicação (mais de três episódios em uma hora) pelo risco de desidratação.
Outras situações que merecem avaliação no pronto-socorro são febre maior que 39° C em crianças com idade inferior a três anos sem nenhum sintoma aparente; intoxicações por ingestão de substâncias ou medicamentos; acidentes domésticos como as queimaduras; os cortes, as quedas com ferimentos profundos ou fraturas; afogamentos, engasgos com perda da respiração; traumas na cabeça, principalmente quando ocorrem em crianças menores de dois anos de idade, que caíram de uma altura maior que um metro, rolaram mais de cinco degraus de uma escada; convulsões; sonolência excessiva sem explicação, irritabilidade sem causa aparente, alteração súbita do comportamento como, por exemplo, desorientação; e dores intensas que limitam a atividade da criança.
Muitas crianças são levadas ao pronto-socorro sem necessidade?
O pronto-socorro é o local de atendimento de emergências, casos de parada cardíaca ou risco iminente de morte como, por exemplo, engasgos com parada da respiração e urgências, casos em que a atuação médica deve ser imediata para evitar a evolução para o óbito. Porém, não é o que ocorre no dia a dia.
O fato do pronto-socorro funcionar 24 horas por dia e ser de fácil acesso, torna-se um atrativo para que o paciente procure o serviço para atendimentos que poderiam tranquilamente aguardar a consulta com seu médico no consultório ou no ambulatório. Por esse conceito equivocado, é inevitável que a sala de espera fique lotada, aumente a insatisfação de pais e pacientes e o desgaste da equipe de saúde.
Como oferecer menos risco para as crianças no dia a dia?
A supervisão contínua por um adulto, seja em casa ou na escola, é muito importante para evitar, principalmente, os acidentes. Considerando que a principal causa de morte nas crianças acima de um ano de idade são os acidentes, principalmente os automobilísticos, o uso da cadeirinha no carro é obrigatória.
Os dispositivos de segurança como protetores de tomada, travas de armário e vaso sanitário, trincos de portas, e outros, devem estar presentes na casa e no ambiente em que a criança vive.
O uso de andadores é proibido! Não permitir que a criança frequente a cozinha ou a piscina desacompanhada. Para as crianças maiores, o uso de capacete, protetores de joelhos e cotovelos são importantes para a prática de esportes como skate, bicicleta e patins.
Em relação às infecções, o importante é evitar ambientes mal ventilados, com aglomeração, manter uma boa alimentação e hidratação, lavar sempre as mãos, ter a vacinação em dia e fazer as consultas pediátricas de rotina.
Que materiais de primeiros socorros não podem faltar em casa e como os pais podem saber mais sobre o assunto?
Um kit de primeiros socorros deve conter medicamentos para febre e vômito. Se existe caso de alergia, os antialérgicos e o corticoide também devem estar presentes. Outros itens importantes são: termômetro, álcool gel, ataduras, esparadrapo estilo micropore, tesoura de ponta romba, bolsa de água quente/fria, luvas, compressas limpas e soro fisiológico. Para saber mais sobre o assunto, os pais podem assistir ao vídeo que preparamos, que contém explicações práticas sobre kit primeiros socorros.
Existe uma idade em que as emergências pediátricas começam a diminuir ou apenas vão mudando até a adolescência?
As emergências pediátricas vão se modificando conforme a idade. Até os cinco anos de idade, os quadros infecciosos são muito frequentes, principalmente os respiratórios, sendo ainda mais constantes nas crianças com menos de dois anos. Por isso, nessa fase, a procura pelo atendimento médico é mais comum. À medida que a criança cresce e atinge a adolescência, as causas externas, como as quedas, traumas, acidentes e intoxicações exógenas com álcool e drogas ilícitas, crescem a sua importância em relação às infecções.
Quais os riscos de superproteger a criança?
É natural que os pais queiram proteger seus filhos para que nada de mal aconteça a eles.
Se considerarmos superproteger estar perto da criança, ensinando, monitorizando suas ações de forma equilibrada, permitindo o seu desenvolvimento com autonomia, não vejo risco. Muito pelo contrário: a criança, quando bem amparada, torna-se um indivíduo mais seguro e autoconfiante.
Por outro lado, quando a superproteção resulta de ações de insegurança e ansiedade dos pais, limitando os desafios, os riscos e os perigos que a criança é exposta no seu dia a dia, isso sim gera crianças dependentes, frustradas, egoístas e inseguras.
O que fazer com febre repentina sem causa aparente?
A febre sem causa aparente é tecnicamente chamada de febre sem sinais localizatórios e se refere a uma febre sem outros sintomas associados, como tosse, coriza, alteração das fezes ou da urina.
Essa condição é um alerta, principalmente, nas crianças menores de três anos de idade que apresentam uma temperatura maior que 39° C, ou nas crianças com menos de três meses de idade com temperatura superior a 37,8° C.
Isso porque, além de as crianças não conseguirem expressar o que estão sentindo, o sistema imunológico é imaturo nessa faixa etária, o que predispõe a criança a infecções por bactérias que causam doenças como pneumonia, meningite e infecção urinária. Nesses casos, é muito importante que a criança seja vista por um médico, que vai avaliar a necessidade de coleta de exames de urina e sangue.
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