Emergências pediátricas: quando é necessário correr para o hospital?

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É comum que pais e responsáveis fiquem preocupados quando seu filho tem um episódio de febre alta ou fica abatido. Muitas vezes, a primeira providência é correr para o pronto-socorro em busca de atendimento imediato. Mas será que todos os casos realmente exigem uma intervenção de urgência? 

Saber identificar uma emergência médica e compreender a forma de funcionamento dos serviços de pronto-atendimento é fundamental para garantir o cuidado adequado de crianças e adolescentes. Mas esses conhecimentos também servem para não sobrecarregar esses serviços, que precisam estar disponíveis para lidar com situações de maior gravidade.

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Ao chegar a um pronto-socorro, pais e responsáveis frequentemente se deparam com longas esperas e, muitas vezes, ficam frustrados ao ver outros pacientes sendo atendidos antes, mesmo que tenham chegado depois. Essa dinâmica é guiada por protocolos de triagem de risco, num sistema baseado em critérios objetivos que classificam os pacientes de acordo com a urgência do quadro clínico.

Diferentemente do que muitos pensam, o atendimento não ocorre por ordem de chegada, mas, sim, por gravidade. Casos de risco iminente à vida (como crises respiratórias, convulsões, traumas graves, suspeita de ataque cardíaco ou reações alérgicas) têm prioridade máxima. Já situações de baixo risco, tais quais sintomas leves de gripe, pequenas lesões ou febre sem sinais associados, podem aguardar mais tempo.

Para sintomas realmente leves ou sem sinais de gravidade, o ideal é agendar uma consulta com o pediatra ou utilizar os serviços de telemedicina. A orientação médica virtual pode avaliar os sintomas, indicar tratamentos caseiros e, se necessário, encaminhar a um atendimento presencial com mais segurança. Por sua vez, as consultas eletivas oferecem um tempo de escuta e avaliação mais cuidadoso do que o ambiente corrido de um pronto-socorro.

Quando realmente se preocupar?

Crianças tendem a frequentar mais os serviços de emergência do que adultos, ou mesmo adolescentes. Isso é esperado e normal, já que seu sistema imunológico ainda está em formação, o que as torna mais suscetíveis a infecções. Além disso, o cotidiano infantil é naturalmente marcado por quedas, brincadeiras e atividades que podem resultar em acidentes.

Apesar disso, nem toda febre, tosse ou machucado deve motivar uma ida imediata ao hospital. A febre, por exemplo, é um mecanismo natural do corpo contra infecções e, isoladamente, não é sinal de algo grave. Por isso, o ideal é administrar o antitérmico recomendado pelo pediatra e aguardar seus efeitos. 

Caso a febre diminua e a criança volte a melhorar, isso significa que o quadro provavelmente não é urgente. Mas se a febre persistir e vier acompanhada de outros sintomas, como manchas na pele, vômitos, rigidez na nuca, dificuldade para respirar ou sonolência excessiva, aí já é hora de buscar aconselhamento profissional. Vale lembrar que desmaios, sangramentos intensos, convulsões, dificuldade de respirar e dor muito forte devem sempre ser tratados como urgências.

No caso dos adolescentes, as emergências nem sempre se manifestam de forma visível. Há uma preocupação crescente com questões relacionadas à saúde mental nessa faixa etária, incluindo quadros de ansiedade, depressão, uso de substâncias psicoativas, automutilações e tentativas de suicídio.

Esses jovens nem sempre compartilham seus sentimentos, daí a relevância dos médicos oferecerem espaços seguros e de acolhimento para eles falarem livremente. Muitas vezes, a consulta é essencial para identificar comportamentos de risco que não seriam revelados na presença dos pais. 

Como se portar no pronto-atendimento?

Ao decidir levar seu filho ao pronto-socorro, é importante adotar algumas boas práticas para otimizar o atendimento e torná-lo mais eficiente:

  1. Leve os documentos da criança. Além da identidade (RG ou CIN), tenha em mãos o cartão do SUS ou do convênio médico;
  2. Deixe a criança relatar os seus sintomas, interfira apenas se ela está impossibilitada de se comunicar ou para esclarecer a intensidade de suas dores e o tempo de uso de medicação;
  3. Confie na triagem. Mesmo que a espera seja longa, o sistema está priorizando quem mais precisa e brigar com a equipe médica pode causar mais desconforto a todos os pacientes;
  4. Mantenha a calma. A ansiedade é uma sensação compreensível nesses casos, mas agir com serenidade ajuda a criança a se sentir mais segura.
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