Esquistossomose: barriga-d’água ainda é um problema de saúde pública

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A esquistossomose é uma doença causada pelo parasita Schistosoma mansoni. É conhecida como xistose, barriga-d’água ou doença dos caramujos. A infecção ocorre quando uma pessoa entra em contato com água doce habitada por caramujos infectados pelos vermes causadores da esquistossomose. 

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Segundo o Ministério da Saúde, a esquistossomose é um relevante problema de saúde pública devido “à magnitude de sua prevalência, associada à severidade das formas clínicas e à sua evolução”. No entanto, a persistência da doença no Brasil está diretamente relacionada à precariedade do saneamento básico.

Como ocorre a transmissão da esquistossomose?

A transmissão da esquistossomose ocorre quando uma pessoa infectada elimina, nas fezes, os ovos do verme. Se essas fezes alcançam rios ou lagos, os ovos têm a capacidade de eclodir, liberando as larvas que vão infectar os caramujos.

Após quatro semanas, as larvas deixam os caramujos e passam a circular livremente nas águas naturais. O ser humano contrai a doença ao entrar em contato com essas águas, reiniciando assim o ciclo. Por essa razão, o ser humano age como o hospedeiro definitivo do parasita Schistosoma mansoni, enquanto os caramujos desempenham o papel de hospedeiros intermediários.

Incubação

O período de incubação (tempo em que os primeiros sintomas começam a aparecer a partir da infecção) geralmente acontece de duas a seis semanas após a contaminação. 

No mundo

A esquistossomose é prevalente em áreas tropicais e subtropicais de 54 países. Geralmente, ela ocorre em comunidades carentes sem acesso a saneamento básico e água potável. Milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de patologias graves em consequência da esquistossomose.

No Brasil

Os estados das regiões Nordeste e Sudeste são os mais afetados, sendo que a ocorrência está diretamente ligada à presença dos moluscos transmissores nessas regiões. A Fundação Oswaldo Cruz calcula que ocorram anualmente 6 milhões de infecções por Schistosoma mansoni no Brasil.

Quais são os sintomas da esquistossomose?

A maioria das pessoas infectadas com o parasita Schistosoma mansoni não apresenta sintomas. Isso não quer dizer que ele seja inofensivo para o ser humano. Quando uma pessoa adoece por causa da esquistossomose, ela passa por uma fase aguda e por uma fase crônica, com sintomas variados.

Então, pode haver o agravamento do quadro, com comprometimento do fígado e do baço e hemorragia interna, que podem levar à morte.

Sintomas da fase aguda

  • Começa com coceira e vermelhidão no local de penetração do parasita;
  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Calafrios e suores;
  • Fraqueza;
  • Falta de apetite;
  • Dor muscular;
  • Tosse;
  • Diarreia;
  • Fígado um pouco amentado e mais doloroso à palpação.

Sintomas na fase crônica

  • Diarreia alternada com prisão de ventre;
  • Tonturas;
  • Palpitações;
  • Perda de apetite;
  • Fígado aumentado e doloroso à palpação.

Sintomas nos casos graves

  • Emagrecimento;
  • Fraqueza acentuada;
  • Aumento do volume do abdome (barriga-d’água).

Como é feito o diagnóstico da esquistossomose?

O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais de fezes para confirmar a presença de ovos do parasita. Outros exames podem ser solicitados para verificar o alcance da infecção.

Como é eliminado o parasita em uma pessoa infectada?

A pessoa infectada se livra do parasita com uma dose única do medicamento antiparasitário Praziquantel, receitado pelo médico e distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico, conforme cada situação.

Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes, médico do pronto atendimento e corpo clínico, preceptor da residência em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.

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