Fissura anal: como prevenir o problema que causa dor e desconforto

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A fissura anal é uma pequena ruptura ou rachadura no revestimento do ânus, causando desconforto e dor ao defecar.

Geralmente, essa condição resulta de traumas locais provocados por constipação intestinal, que torna as fezes volumosas e duras, por diarreia explosiva ou persistente, e pelo parto vaginal. Embora menos frequente, a prática de sexo anal e a inserção de objetos no ânus também podem causar o problema.

O quadro se torna crônico quando a lesão não cicatriza e as bordas se tornam mais elevadas. Às vezes, mesmo que a fissura cicatrize, outras fissuras podem surgir, e o desconforto persiste.

Quem corre mais risco de ter o problema?

Homens e mulheres podem desenvolver fissura anal, e a faixa etária com maior incidência está entre os 20 e 40 anos. No entanto, o problema pode ocorrer em qualquer idade, embora o risco diminua à medida que se envelhece.

As fissuras anais podem ser mais frequentes em casos de câncer anal, leucemia, infecção por HIV ou outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). Além disso, também podem surgir em pessoas que têm doença de Crohn ou colite ulcerativa.

Quais são os sintomas?

Os principais sintomas da fissura anal incluem dor durante e após a evacuação, sangramento (às vezes visível no vaso sanitário), coceira e inchaço. Durante a fase aguda, a dor pode se tornar tão intensa a ponto de dificultar ou até mesmo impedir a evacuação. Uma complicação possível é a infecção local, que pode levar ao desenvolvimento de um abscesso no ânus.

Como prevenir o problema?

  • Aumentar a ingestão de fibras – Isso é fundamental para manter o intestino funcionando regularmente e evitar a constipação intestinal;
  • Beber muita água – Manter-se hidratado ajuda a melhorar o trânsito intestinal;
  • Fazer exercícios físicos – O sedentarismo é uma das causas mais comuns de constipação. Trinta minutos por dia de exercícios são suficientes;
  • Não ignore a vontade de ir ao banheiro – Muita gente faz isso, porque se sente constrangido. O caso é que esperar só contribui para ressecar as fezes, dificultando a evacuação;
  • Fique no banheiro apenas o tempo necessário – Ficar muito tempo sentado no vaso sanitário aumenta a pressão na região do canal anal. 

Como é o tratamento?

Na fase aguda, ou seja, logo após o surgimento da lesão, é recomendável substituir o papel higiênico por água morna para a higiene logo após a evacuação. Quando isso não for possível, é melhor utilizar lenços umedecidos.

Banhos de assento com água morna relaxam o esfíncter, aliviando a dor e auxiliando na cicatrização. Nesse caso, é preciso permanecer com a região anal imersa por alguns minutos. Além disso, é aconselhável aumentar a ingestão de fibras para evitar a constipação intestinal e, assim, reduzir o desconforto durante a evacuação.

Se o problema persistir, o médico pode recomendar pomadas com substâncias anestésicas, como lidocaína, prilocaína e cinchocaína, ou à base de corticoides, como hidrocortisona e dexametasona, para acelerar a cicatrização.

No caso de fissuras anais crônicas, o objetivo do tratamento é promover o relaxamento do esfíncter, uma vez que os espasmos contribuem para piorar o problema. Isso pode ser alcançado com o uso de medicamentos específicos por via oral ou injetável.

Dependendo do quadro, pode ser necessário realizar uma cirurgia que seccione a parede interna do esfíncter para evitar a contração do ânus, aliviando o desconforto e facilitando a cicatrização da fissura. Em outra técnica, o médico remove a área do tecido comprometido, incluindo a cicatriz ao seu redor.


Revisão Técnica: Luiz Antônio Vasconcelos, especialista em clínica médica, medicina interna, cardiologia e ecocardiografia. É cardiologista e clínico das unidades de pronto atendimento e do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.

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