Fui picado por uma cobra, e agora? Aprenda a socorrer uma vítima

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O Brasil tem mais de 370 espécies de cobras espalhadas por seus ecossistemas, de acordo com o Instituto Butantan, em São Paulo. Estima-se que pelo menos 15% delas sejam peçonhentas. Elas vivem tanto no solo e nas árvores quanto em água doce. Isso significa que podem fazer parte do cotidiano das pessoas, especialmente nas zonas rurais. 

No entanto, nem toda interação das serpentes com seres humanos tem um final agradável. Dados do Ministério da Saúde indicam que o Brasil registrou cerca de 32 mil acidentes de envenenamento por esses répteis em 2023.

Mesmo que nem todas as espécies tenham picadas fatais, seu veneno ainda assim pode levar a graves danos no organismo humano. Em alguns casos, as sequelas podem ser permanentes e incluir perda de visão ou amputações.

Vídeo: Picada de cobra: o que fazer e o que evitar

Quanto mais rápido é iniciado o tratamento com soro antiofídico, menores são os prejuízos à saúde. Daí porque os primeiros socorros são tão importantes. Aprenda a socorrer uma pessoa picada por cobra:

1. Identificar os sintomas da picada

Quando se está em um ambiente de vegetação muito alta ou de baixa luminosidade, é possível que a pessoa picada não consiga visualizar o animal que a atacou. Embora variem a cada espécie, os sinais mais comuns em caso de envenenamento por serpente são:

  • Formação de hematomas, vermelhidão e/ou bolhas ao redor da picada (podem ocorrer sangramentos em outras partes do corpo); 
  • Dor intensa;
  • Inchaço;
  • Sudorese;
  • Taquicardia;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Diarreia;
  • Alteração de sensibilidade ou formigamento no rosto e nas extremidades;
  • Aumento de salivação; 
  • Turvação visual.

É interessante que o socorrista anote o horário da picada, bem como do surgimento dos sintomas. Isso pode ajudar os médicos na emergência a seguirem o melhor plano de tratamento.

2. Tranquilizar a vítima

Tente acalmar a vítima, pois o bombeamento acelerado do coração pode fazer com que o veneno se espalhe mais rapidamente pelo corpo. Dessa forma, é recomendado sentar ou deitar a pessoa, sem a realização de movimentos muito intensos ou bruscos. 

3. Retirar os acessórios 

Um dos sintomas do avanço do veneno no organismo é o inchaço dos membros. Para evitar eventuais problemas na circulação, o socorrista deve retirar anéis, relógios, pulseiras e outros acessórios do indivíduo picado.

4. Lavar a ferida

É importante que a lesão deixada pela cobra seja muito bem higienizada com água e sabão neutro. Após essa limpeza, cubra a ferida com um curativo ou pano seco e limpo e eleve o membro que levou a picada. 

5. Ir à emergência

A vítima da picada deve ser transportada o quanto antes para um hospital para que seja administrado o soro antiofídico. Caso o quadro seja grave, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pode ser acionado pelo número 192. 

Não é recomendado tentar capturar a serpente peçonhenta. Contudo, sua identificação pode ser útil na hora do atendimento médico. Se não representar risco de um novo ataque, tire uma foto à distância do animal e mostre-a à equipe.

Uso de torniquetes ou a ingestão de álcool para neutralizar o veneno da cobra são mitos que podem prejudicar o tratamento. O torniquete (garrote), por exemplo, pode piorar a circulação do sangue no local da picada e aumentar o risco de amputação de membros. 


Revisão técnica: Sabrina Bernardez Pereira (CRM 154.981/RQE 45120), médica Escritório de Valor em Saúde Einstein. Doutorado em Ciências Cardiovasculares UFF, título de especialista em Cardiologia SBC/AMB.

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