Gota: doença inflamatória causada pelo aumento de ácido úrico no sangue

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O que é gota?

Também conhecida como artrite gotosa, a gota é uma doença inflamatória crônica e progressiva que afeta as articulações. Ela é causada pelo aumento dos níveis de ácido úrico no sangue (hiperuricemia), que pode ocorrer devido ao aumento na produção dessa substância ou à sua eliminação inadequada. Isso pode levar ao depósito de cristais de ácido úrico nos espaços articulares, resultando em inflamação.

Ácido úrico em excesso

A doença provoca inflamação dolorosa nas articulações e, embora não tenha cura, pode ser controlada por meio da adoção de um estilo de vida mais saudável.

O que faz o ácido úrico

Produzido naturalmente pelo corpo, o ácido úrico é o resultado da quebra das moléculas de purinas, que são proteínas presentes em diversos alimentos. Em outras palavras, o ácido úrico é um resíduo metabólico.

Os rins têm a função de eliminar uma parte do ácido úrico. No entanto, ele pode se acumular na corrente sanguínea quando a filtragem renal não é eficaz ou quando a pessoa consome alimentos com altos níveis de purinas.

Quem pode ter gota

A incidência é mais elevada em homens com idades entre 40 e 50 anos, especialmente naqueles que têm sobrepeso ou obesidade, levam um estilo de vida sedentário ou consomem quantidades significativas de álcool. Também afeta mulheres com mais de 60 anos, sendo pouco comum antes da menopausa.

Sintomas de gota

Inchaço e dor nas articulações, principalmente no dedão, tornozelos e joelhos, são sintomas comuns da gota. As crises de gota geralmente ocorrem durante a madrugada, provocando uma dor intensa capaz de acordar a pessoa. A ingestão de álcool, especialmente vinho tinto e cerveja, assim como o consumo de alimentos ricos em purina, traumas físicos, quimioterapia e uso de diuréticos podem desencadear episódios agudos da doença.

Como é o tratamento de gota?

Crises leves costumam desaparecer depois de um ou dois dias, enquanto os episódios mais graves causam dor crescente que pode persistir com intensidade por uma semana ou mais.

Não se fala em cura, mas em controle. Anti-inflamatórios como a Colchicina podem auxiliar durante as crises e aliviar os sintomas em questão de poucas horas. O médico também oferece orientações e prescreve medicamentos para tratar a hiperuricemia, evitando assim a ocorrência de novas crises.

O tratamento é crucial, pois sem ele o intervalo entre as crises tende a diminuir e a dor a aumentar. Além disso, com o passar do tempo, as articulações podem sofrer deformações e cristais de ácido úrico podem se depositar em cartilagens, tendões e bursas.

Fique de olho no estilo de vida

Além de tratar doenças associadas à gota, como diabetes e hipertensão arterial, alguns cuidados são importantes para manter o problema sob controle:

1. Evitar o consumo excessivo de alimentos ricos em purinas

Pessoas com níveis elevados de ácido úrico devem evitar o consumo de frutos do mar, sardinha, miúdos (rins e fígado), carne vermelha e pele de aves. Quando os níveis de ácido úrico estiverem controlados, é possível consumir esses alimentos, porém com moderação.

2. Tome cuidado com o álcool

A mesma recomendação usada para o consumo de alimentos ricos em purina se aplica aqui, ou seja, é aconselhável evitar esses alimentos se os níveis de ácido úrico estiverem elevados. Além disso, a regra geral é sempre beber com moderação.

3. Não exagere nas calorias

Dieta hipercalórica leva ao excesso de peso, que, por sua vez, sobrecarrega as articulações.

4. Pratique exercícios físicos regularmente

A atividade física ajuda a combater sobrepeso e obesidade, que são dois fatores de risco para o aparecimento da gota.

5. Aumentar a ingestão de água

É importante para manter a saúde dos rins.


Revisão técnica: Erica M. Zeni, médica da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein. Possui graduação e residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e residência em Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Também possui pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, em Buenos Aires, Argentina.

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