Hérnia abdominal: fragilidade da parede abdominal permite o surgimento de hérnias

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Hérnias são condições nas quais um órgão ou tecido se move através de um buraco. Na linguagem médica, esse buraco é a hérnia. O uso mais comum do termo é para se referir a duas condições distintas: as hérnias abdominais e as hérnias de disco vertebral

A hérnia abdominal é o escape (protrusão) parcial ou total de um ou mais órgãos por um orifício ou espaço que se abre por malformação ou por enfraquecimento das camadas de tecido protetor dos órgãos internos.  

Por que se formam hérnias no abdome?

A hérnia da parede abdominal ocorre quando parte de um órgão (normalmente alças do intestino delgado) se desloca através de um orifício (chamado de anel herniário) na parede abdominal, causando uma deformação no abdome. Esse deslocamento ocorre em pontos ou regiões de fraqueza na musculatura da parede abdominal.   

Os tipos mais frequentes são:  

  • Hérnia inguinal: aparece na virilha. Nos homens, pode se estender até os testículos. É a mais comum;  
  • Hérnia epigástrica: aparece na linha média do abdome (acima do umbigo) como resultado do afastamento dos músculos retos abdominais localizados na parte anterior e central do abdome;   
  • Hérnia umbilical: aparece em volta do umbigo. Geralmente é causada pela passagem de uma alça intestinal através do tecido muscular;  
  • Hérnia incisional: aparece no local de uma cirurgia. Abaulamento ou protuberância que surge próximo à cicatriz. Pode aparecer tanto em poucas semanas como também vários anos depois da realização de uma cirurgia. 

O que provoca o aparecimento de uma hérnia abdominal?

Não há causa óbvia para o aparecimento de uma hérnia. Pode ser o resultado de muito esforço físico ou pode ser congênita (formada durante a gravidez) e demorar anos para aparecer.  No entanto, algumas condições deixam a parede abdominal fragilizada ou aumentam a pressão intra-abdominal, como cirurgias, gestação, obesidade e idade avançada.  

Bebês

Hérnias podem ocorrer em bebês. Isso acontece quando a membrana que cobre os órgãos abdominais não fecha adequadamente antes do nascimento. A hérnia umbilical em bebês tende a fechar naturalmente nos primeiros anos de vida.  

As hérnias podem causar complicações?

Sim. Além do desconforto, há risco quando o órgão que passa através da hérnia fica “preso” (encarcerado) no orifício e provoca um estrangulamento. Se o encarceramento do órgão for grave a ponto de limitar a circulação sanguínea, ele pode necrosar. O estrangulamento representa uma emergência cirúrgica com risco de complicações pós-operatórias.  

Como se identifica a hérnia abdominal?

O principal sintoma é dor local ao toque ou quando é feito algum esforço. Com o passar do tempo, surge um abaulamento bem visível. Se a hérnia for diagnosticada nas fases iniciais, é possível retornar o órgão para seu local natural dentro do abdome.   

Frequentemente, o médico chega ao diagnóstico com base na história clínica do paciente e por meio de exames de imagem. Isso ocorre com pacientes obesos ou quando a hérnia é muito pequena. 

Como é a dor provocada por uma hérnia? 

É uma dor localizada e que tende a aparecer após atividade ou esforço físico. O desconforto melhora quando se faz repouso, especialmente na posição deitada.  

Como é o tratamento para a hérnia abdominal?

A única forma de tratar uma hérnia abdominal é por meio de cirurgia. No procedimento cirúrgico, o órgão é recolocado no seu lugar e é fechado o buraco (anel herniário) por onde ele entrava. Esse fechamento pode ser realizado por meio de sutura (pontos cirúrgicos) ou por sutura com reforço de tela cirúrgica.  

Segundo a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal, existe uma tendência de recomendar a colocação de tela na maioria das cirurgias de hérnia abdominal para evitar a recidiva (volta da hérnia). 


Revisão técnica: Sabrina Bernardez Pereira – Médica Economia da Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein, especialista em Cardiologia SBC/AMB, doutorado em Ciências Cardiovasculares UFF. 

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