O índice glicêmico (IG) classifica a rapidez com que os alimentos que contêm carboidratos aumentam os níveis de açúcar no sangue. Ele aponta a velocidade em que o carboidrato ingerido entra na circulação sanguínea na forma de glicose. Conforme a capacidade de fazer a glicose subir, o alimento vai ser classificado como de baixo, médio ou alto IG.
Em longo prazo, uma dieta com alto índice glicêmico pode levar a problemas de saúde como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, devido aos picos frequentes de açúcar no sangue.
Já uma alimentação com baixo IG pode ajudar a:
- Manter os níveis de glicose no sangue (a chamada glicemia) estáveis, o que é benéfico para o controle do diabetes e do pré-diabetes;
- Aumentar a sensação de saciedade, reduzindo potencialmente a ingestão calórica total e auxiliando na perda de peso;
- Reduzir o risco de diabetes tipo 2, doenças cardíacas e certos tipos de câncer, como o colorretal e de próstata.
Classificação
- Alimentos com alto IG (70 ou superior) são digeridos e absorvidos rapidamente, causando um pico rápido nos níveis de açúcar no sangue e de insulina;
- Alimentos com médio ou moderado IG (56 a 69) são digeridos e absorvidos não tão lentamente, mas sem ser tão rápido que cause picos nos níveis de açúcar no sangue e de insulina;
- Alimentos com baixo IG (55 ou inferior) são digeridos lentamente, levando a um aumento gradual e controlado dos níveis de açúcar no sangue e de insulina.
Riscos associados a dietas com alto IG
Níveis cronicamente altos de açúcar no sangue devido a uma dieta com alto IG estão associados a diversas complicações, incluindo doenças cardíacas, renais e danos nos nervos. Picos frequentes de açúcar no sangue podem causar resistência à insulina, desejo incontrolável de consumir mais e mais açúcar e potencial ganho de peso.
Quando ocorre uma alta elevação da glicose devido à alimentação, há uma hipersecreção de insulina, o que pode promover hiperglicemia em indivíduos com resistência à insulina. Por isso, pessoas com diabetes tipo 2 devem evitar ao máximo esse tipo de dieta.
Também existe o risco de que os picos de glicose e insulina se transformem em gordura corporal, criando novos depósitos de gordura no organismo. Assim, alimentos de índice glicêmico baixo ou moderado são considerados ideais para a população em geral.
Índice glicêmico x carga glicêmica
Como explicado, o IG mede a rapidez com que um alimento que contém carboidratos eleva o nível de açúcar no sangue. Já a carga glicêmica (CG) considera também a quantidade real de carboidratos em uma porção típica.
Portanto, fornece um quadro mais abrangente do impacto de um alimento nos níveis de glicose no sangue do que o IG isoladamente. Um exemplo é a melancia, que tem alto IG, mas baixo teor de carboidratos.
Boas escolhas
De forma geral, é preciso tomar cuidado com esses alimentos com alto IG, especialmente diabéticos, pacientes resistentes à insulina e pessoas que tenham facilidade em ganhar peso. A substituição de alimentos de alto IG para baixo ou moderado torna a vida desses indivíduos mais saudável.
O mais indicado é optar por alimentos como grãos integrais, frutas, vegetais e leguminosas, que geralmente têm baixo IG. Vale também misturar alimentos ricos em carboidratos com fontes de proteína e gorduras saudáveis para retardar a absorção de açúcar.
E lembre-se de que o IG é um entre muitos fatores — ele não fornece informações sobre valor nutricional geral, teor de gordura ou tamanho das porções, por exemplo. Há de se levar em conta ainda o estilo de vida como um todo: além de uma alimentação balanceada e saudável, praticar atividade física, dormir bem e não fumar nem beber são hábitos essenciais para uma boa saúde.
Confira a seguir alguns dos alimentos de alto, médio e baixo índice glicêmico:
Alimentos de alto IG:
- arroz branco;
- batata cozida;
- bolacha de arroz;
- cereal de milho;
- melancia;
- melão cantaloupe;
- pão branco;
- pão integral;
- pipoca;
- purê de batatas;
- refrigerante à base de cola
- rosquinhas tipo donuts;
- sorvete;
- tapioca.
Alimentos de médio IG:
- abacaxi;
- arroz integral;
- aveia em flocos;
- batata-doce cozida;
- beterraba;
- cereja;
- cuscuz de trigo;
- farinha de milho;
- inhame cozido;
- iogurte natural;
- melão amarelo;
- pão de grãos;
- pêssego;
- uva.
Alimentos de baixo IG:
- ameixa;
- amido de milho;
- aveia;
- cacau em pó;
- cenoura;
- cevada;
- damasco;
- farinha de mandioca torrada;
- feijão;
- frutose;
- grão-de-bico;
- kiwi;
- laranja;
- leite integral;
- maçã;
- mamão;
- manga;
- morango;
- muesli;
- pera;
- quinoa;
- tomate.
Revisão técnica: Celso Cukier (CRM 65052), médico nutrólogo do Einstein Hospital Israelita.