Lábio leporino: conheça os tipos e suas possíveis complicações

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Lábio leporino, ou fissura labiopalatina, é uma condição congênita que leva à abertura de uma fenda no lábio superior do feto. Em alguns casos, pode acometer também o céu da boca. Isso ocorre por uma fusão incompleta dessas estruturas durante o período de desenvolvimento fetal

No mundo, é a mais comum dentre as anomalias que afetam a cabeça e o pescoço, com incidência aproximada de uma a cada 700 pessoas. Sua ocorrência é maior entre meninos. 

A gravidade da condição varia de acordo com o tamanho. Os casos mais graves são aqueles em que a abertura se estende até o palato, pois gera prejuízos nas funções de outras estruturas da face.

Vídeo: É possível tratar o lábio leporino?

Causa

O lábio leporino pode ser causado por alterações genéticas ou pelo consumo de álcool ou tabaco pela mãe durante a gestação. Alguns medicamentos, como anticonvulsivantes e ácido retinóico, também podem levar ao desenvolvimento da condição.

A fissura labiopalatina pode ocorrer de forma isolada, sem que o indivíduo apresente outro tipo de malformação associada, ou como uma síndrome. Nesse caso, além da fenda no lábio, outras deficiências podem ser desenvolvidas.

Essa condição pode ser classificada em quatro tipos:

  • Unilateral: A fenda está presente em apenas um lado dos lábios e o tamanho da abertura pode variar, indo de perto do nariz até a gengiva e o palato; 
  • Bilateral: O tipo de fenda é semelhante ao caso unilateral, porém sua ocorrência é simultânea dos dois lados;
  • Mediana: A fissura labial se forma bem no meio dos lábios, o que separa o lábio em duas partes. Esse caso é menos comum e costuma ser um sinal de alerta para outras síndromes genéticas associadas;
  • Palatina: A abertura se estende para as estruturas do palato, tanto o palato mole (céu da boca) quanto o palato duro (estruturas ósseas).

Complicações

Não é incomum que uma pessoa nascida com lábio leporino apresente algumas dificuldades de desenvolvimento, principalmente na primeira infância. A amamentação, por exemplo, acaba sendo comprometida, porque os bebês têm a pega do seio, sucção e a deglutição do leite materno prejudicadas, o que pode atrapalhar o ganho de peso. 

As crianças também poderão enfrentar empecilhos na fala, já que fonética de algumas palavras é mais difícil para pessoas com essa condição. Por isso, a instrução é o encaminhamento para profissionais de fonoaudiologia o quanto antes, a fim de iniciar as terapias para auxiliar na articulação da linguagem.

É possível que alguns indivíduos apresentem refluxo nasal por conta das dificuldades de comunicação anômala entre esses tecidos. Se isso não for corrigido, o quadro pode se desenvolver para uma dificuldade de mastigar alimentos sólidos.

Há riscos ainda de algum grau de disfunção tubária, que é uma alteração no funcionamento adequado das estruturas dos ouvidos. Isso favorece a ocorrência de infecções que, quando recorrentes, podem se agravar para a perda da audição. 

Por fim, como a anatomia da boca dessas pessoas é diferente, pode ser mais difícil manter a higiene bucal, o que pode acarretar em doenças gengivais e cáries. 

Tratamento

Os lábios leporinos dispõem de um tratamento cirúrgico de correção da malformação dos tecidos. Essa intervenção é capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Além disso, diversas técnicas podem ser implementadas durante o desenvolvimento da pessoa diagnosticada com fissura labiopalatina para aprimorar seu bem-estar e convívio social. 

Alguns exemplos disso são a terapia de estimulação precoce com a fonoaudiologia, para trabalhar questões alimentares e de fala; acompanhamento odontológico periódico e personalizado; além de apoio psicológico.

Prevenção

Para a prevenção da anomalia, é indicado que as mulheres façam uso de ácido fólico. A ingestão do nutriente deve ser diária três meses antes da concepção até o terceiro mês de gestação. 

O ácido fólico é um importante minimizador de riscos. Isso não apenas para a condição da fissura labiopalatina, mas também para cardiopatias congênitas e defeitos no tubo neural.


Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes, médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein. 

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