Lente de contato dental: conheça os prós e contras das facetas

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As lentes de contato para os dentes viraram uma febre entre celebridades e até entre pessoas comuns, que exibem nas redes sociais seus sorrisos alinhados e super brancos. 

No entanto, a aplicação desses laminados altera não apenas a cor, mas também o posicionamento dos dentes, causando desgaste e pequenas alterações morfológicas permanentes. E o mais importante: o processo é irreversível, dependendo do material escolhido. Portanto, é essencial realizar uma análise individual e criteriosa antes de decidir colocar as facetas.

Além de ter um preço elevado, essa técnica não é recomendada para todos e pode até apresentar riscos, especialmente se for executada por profissionais não qualificados. Além disso, a longevidade das restaurações é menor em casos de pacientes com bruxismo, por exemplo. Pessoas com refluxo gastroesofágico crônico também devem evitar o procedimento, uma vez que estão propensas a sofrer erosões e desgastes mais frequentes devido ao refluxo. 

1 – Como evitar arrependimentos?

Uma boa maneira de evitar arrependimentos é fazer um test drive com facetas de resina impressas em 3D, que ficam adesivadas provisoriamente. Trata-se de um processo que permite ao paciente decidir pela melhor aparência dos dentes sem causar desgastes desnecessários, em caso de desistência do formato e da cor escolhidas. Em geral, as facetas impressas ficam adesivadas provisoriamente para que o paciente as utilize num período de 15 a 30 dias, ou até que se sinta seguro para realizar o procedimento mais duradouro.

2 – Para quem é indicado?

A colocação de facetas não é para todo mundo. Elas são indicadas para quem deseja melhorar a estética de seus dentes fazendo alterações de forma, tamanho, posicionamento e coloração. Porém, se o desejo for apenas de uma alteração de cor, o clareamento é o método indicado. Já se o paciente quiser corrigir um posicionamento, a ortodontia é o melhor tratamento, uma vez que algumas alterações de forma podem ser realizadas em resina.

Se os dentes não tiverem restaurações prévias e estiverem posicionados de maneira ideal, o desgaste causado será de apenas 0,3mm, na parte do esmalte do dente. Mas atenção: a sensibilidade pode ser maior dependendo das restaurações que existam previamente e da posição de cada dente na arcada dentária. 

3 – Qual material é o mais indicado?

As lentes de contato dentais podem ser confeccionadas em resina ou porcelana, com diferentes indicações e níveis de dureza. Normalmente, as resinas são mais fáceis de polir e, se quebrarem, podem ser reparadas mais rapidamente na boca do paciente. No entanto, elas tendem a ter uma vida útil mais curta, são geralmente mais frágeis, propensas a manchas e sofrem maior desgaste ao longo do tempo.

Por outro lado, as facetas de porcelana mantêm sua cor ao longo do tempo, apresentando menor probabilidade de manchas, e não necessitam de sessões de repolimento.

O custo da técnica varia dependendo do material escolhido, do número de facetas e da complexidade do caso, bem como do nível de qualificação do profissional e da localização da clínica odontológica. Em geral, no mercado, o preço de cada faceta (por dente) pode variar de R$ 3.000 a R$ 9.000.

4 – Como é feita a manutenção?

O dente com faceta está muito mais sujeito a ter cáries, pois a emenda entre a faceta e o dente é sempre uma área de risco. Mas as técnicas mais modernas utilizam a resina termo-modificada para fazer essa aderência entre a porcelana e o dente, a fim de diminuir os riscos de manchas e o aparecimento de cáries secundárias.

É necessário fazer a melhor higiene possível, voltar ao dentista seguindo o intervalo estipulado pelo profissional, e evitar alimentação ácida e/ou com corantes. Caso a pessoa não realize uma boa limpeza bucal, existe a possibilidade do surgimento de inflamação na gengiva e, em casos mais extremos, perda óssea.

5 – Como é o passo a passo da colocação das facetas? 

Na primeira sessão, é realizado um exame clínico, radiografias iniciais, solicitação de tomografia, escaneamento intra e extraoral, montagem do modelo em um articulador semiajustável e uma entrevista com o paciente.

Em seguida, o dentista deve realizar um estudo, reunindo os dados coletados, a anamnese, as tomografias, radiografias, escaneamentos e a montagem do modelo no articulador. Essa análise utiliza técnicas que envolvem ferramentas como simuladores em 3D, aparelhos de raio-X panorâmicos e scanners no consultório.

É na primeira consulta que o dentista identifica qual a melhor técnica para a correção de cada dente e se realmente existe indicação para a colocação das lentes de contato. É também neste momento em que são identificados todos os hábitos bucais deletérios que o paciente possui que podem influenciar no tratamento, como bruxismo e refluxo gastroesofágico, assim como hábitos de dieta. O profissional também avalia os estresses mecânicos, a intensidade de modificação na cor e forma dos dentes, além do aspecto das gengivas. 

Na segunda sessão, o dentista faz o procedimento de clareamento dentário, que deve ser realizado com os dentes livres de manchas ou tártaros. Nessa consulta, também é apresentado ao paciente o planejamento do tratamento, e são discutidos todos os prós e contras, quaisquer alterações no planejamento e as possibilidades dos resultados em todas as etapas. O cirurgião dentista normalmente investe cerca de 20 horas somente na elaboração de todo o planejamento do projeto.

Na terceira sessão, o dentista aprova com o paciente a tonalidade das facetas e faz um test drive com as facetas de resinas provisórias impressas em 3D, principalmente em casos de bruxismo, quando é necessário fazer um reposicionamento do maxilo-mandibular ou ainda alterar o tamanho dos dentes posteriores. Outra possibilidade é colocar uma resina bisacrílica, que é adesivada diretamente nos dentes até a verificação de como o sistema estomatognático do paciente reage a essas alterações.

Na quarta sessão, ocorre o preparo e escaneamento dos dentes, seguido pela colagem das facetas provisórias. Em casos de dentes íntegros, é necessário realizar um preparo para atingir uma profundidade de 0,3 mm, que permite a aplicação da faceta. Por outro lado, em casos de dentes já tratados, muitas vezes, o cirurgião dentista não precisa fazer um preparo mais profundo para acomodar a faceta, limitando-se à remoção de cáries ou áreas de retenção a fim de preservar os dentes.

Após determinar a trajetória de inserção dessas facetas, é feito um escaneamento, em que o software vai desenhar e produzir as facetas duradouras. Depois do projeto ser aprovado e todos os preparativos realizados, a colocação das facetas na boca demora, em média, de quatro a cinco horas. 

6 – Quais as vantagens e desvantagens do procedimento?

Vantagens

  • Proporciona uma mudança na vida dos pacientes, elevando a autoestima;
  • Pode contribuir para a melhora da mastigação;
  • Realinha dentes tortos ou desalinhados e com muitas restaurações; 
  • Alta durabilidade, caso seja realizado com um bom material e o paciente não sofra de bruxismo; 
  • Recupera os dentes manchados, proporcionando maior resistência a manchas futuras, caso as facetas sejam feitas de porcelana (que costuma ser o material mais caro). 

Desvantagens: 

  • O processo costuma ser irreversível, principalmente no caso das facetas de porcelana;
  • Custos de colocação e manutenção altos, no caso das facetas de resina; 
  • A cor e o formato dos dentes não podem ser alterados;
  • Desgaste dos dentes naturais em menor ou maior grau;
  • Pode haver dificuldade de reparação em caso de fratura, quando a faceta é de porcelana. Neste caso, uma nova faceta deverá ser produzida e colocada; 
  • O paciente deve realizar uma higiene dental mais cuidadosa para evitar doenças periodontais, uma vez que o dente com faceta está muito mais sujeito a ter cáries por conta da emenda entre eles; 
  • Necessidade de colocação de uma placa de proteção dental antes de dormir para preservar os dentes, principalmente em casos de bruxismo;
  • Menor durabilidade das facetas em pacientes que rangem os dentes ou apresentam uma mordida desequilibrada;
  • Aumento de sensibilidade nos dentes, dependendo de restaurações prévias e da posição dos dentes na arcada. 
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