A metoclopramida é um medicamento antienjoo que aumenta as contrações musculares no trato digestivo, acelerando o movimento de passagem dos alimentos ingeridos pelo estômago e pelos intestinos delgado e grosso. Ela costuma ser recomendada para tratar náusea e vômito decorrentes de cirurgias, outros remédios e doenças metabólicas ou infecciosas.
Pessoas com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) que não responderam bem a outros tratamentos também podem fazer seu uso para aliviar a sensação de azia e estimular a cicatrização de úlceras e feridas no esôfago.
O fármaco ainda pode ajudar indivíduos com diabetes a lidar com o esvaziamento gástrico lento, o qual tende a estar associado a sintomas como náusea, vômito, azia, perda de apetite e sensação de estômago cheio.
Como usar a metoclopramida
A metoclopramida é classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com tarja vermelha e só pode ser comercializada nas farmácias do país mediante a apresentação de uma receita assinada. A medida tem como objetivo manter um maior controle sobre a circulação desse produto que, quando feito sem o devido acompanhamento, pode ser prejudicial à saúde.
A substância está disponível na forma de comprimido e solução para administração oral. Vale salientar que a automedicação pode levar à ineficácia do tratamento, bem como aumentar os riscos de efeitos colaterais graves.
Efeitos colaterais
No geral, os efeitos colaterais da metoclopramida incluem:
- Sonolência;
- Cansaço excessivo;
- Fraqueza;
- Dor de cabeça;
- Tontura;
- Diarreia;
- Náusea;
- Vômito;
- Secreção mamária;
- Atraso no período menstrual;
- Diminuição da libido;
- Dificuldade para controlar a micção.
Mais raramente, é possível que o paciente apresente sintomas como:
- Movimentos musculares descontrolados no rosto;
- Tremores nos braços ou pernas;
- Problemas de fala;
- Depressão;
- Ideação de suicídio ou automutilação;
- Febre;
- Rigidez muscular;
- Confusão mental;
- Batimento cardíaco irregular;
- Sudorese;
- Inquietação;
- Dificuldade para adormecer ou permanecer dormindo;
- Problema no equilíbrio;
- Irritação na pele;
- Urticária;
- Inchaço de olhos, rosto, lábios, língua, boca, garganta, braços, mãos, pés, tornozelos ou pernas;
- Ganho de peso;
- Dificuldade para respirar ou engolir;
- Produção de sons agudos durante a respiração;
- Problemas de visão.
No caso de qualquer uma dessas manifestações, busque atendimento médico. Se necessário, acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) pelo número 192.
Contraindicações
Este medicamento é contraindicado a pessoas alérgicas a qualquer um de seus componentes. Ele tampouco deve ser utilizado por quem tem:
- Discinesia tardia (distúrbio de movimentos involuntários);
- Problemas estomacais ou intestinais, como bloqueio, sangramento ou perfuração no estômago ou nos intestinos;
- Epilepsia ou outro distúrbio convulsivo;
- Tumor da glândula adrenal.
Antes de iniciar o tratamento com a metoclopramida, avise seu médico se tiver histórico de:
- Doença hepática ou renal;
- Problemas com movimentos musculares;
- Insuficiência cardíaca congestiva;
- Distúrbio do ritmo cardíaco;
- Câncer de mama;
- Doença de Parkinson;
- Diabetes;
- Asma;
- Depressão.
Uso em idosos requer atenção
O uso de metoclopramida em pessoas idosas exige atenção especial. Essa faixa etária apresenta maior sensibilidade aos efeitos colaterais, especialmente aqueles relacionados ao sistema nervoso central. Entre os principais riscos estão:
- Discinesia tardia (movimentos involuntários repetitivos, geralmente na face e língua), possivelmente irreversível, principalmente após uso prolongado;
- Sintomas extrapiramidais, como rigidez, tremores e inquietação, mesmo com doses baixas;
- Confusão mental e delírio, que podem piorar quadros de demência ou aumentar o risco de quedas;
- Sonolência excessiva, fator que compromete a segurança em atividades diárias.
Por esses motivos, diretrizes geriátricas recomendam evitar o uso rotineiro da metoclopramida em idosos, restringindo seu uso apenas a situações específicas, na menor dose eficaz e pelo menor tempo possível, sempre sob supervisão médica.
Revisão técnica: Mariana Jancis Unelo Rigolo (CRM 198725), membro do corpo clínico e da unidade de pronto-atendimento do Einstein Hospital Israelita. Residência em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina do ABC e especialização em Geriatria pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.