Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde mental não significa ausência de transtornos mentais. Ela se caracteriza pela presença de um estado de bem-estar no qual a pessoa consegue utilizar os seus potenciais, lidar com o estresse normal da vida, trabalhar de modo produtivo e contribuir para sua comunidade.
No entanto, em alguns casos, o indivíduo não consegue lidar com os diversos fatores que impactam a sua vida. Esses fatores podem ser desde o trabalho, o lazer, a segurança, a saúde financeira, as relações interpessoais, entre outros. Nesses casos, são recomendadas terapias de suporte, como a psicoterapia.
O que é psicoterapia?
A psicoterapia é uma prática profissional realizada por psicólogos(as). Trata-se de um processo no qual o(a) psicólogo(a) acolhe, compreende as queixas do paciente e realiza intervenções por meio de técnicas reconhecidas pela ciência, pela prática e ética profissional.
Nesse sentido, a psicoterapia tem o objetivo de promover a saúde mental e ajudar as pessoas a enfrentarem seus conflitos e sofrimentos. Ou seja, essa terapia não é somente para pessoas que têm o diagnóstico de transtornos mentais.
Ao longo de décadas de estudos, diferentes teorias e práticas profissionais foram desenvolvidas para o cuidado do sofrimento e desenvolvimento humano. Conheça algumas delas e como atuam.
Principais tipos de psicoterapia
As psicoterapias podem acontecer amparadas em diferentes referenciais teóricos que norteiam a prática profissional dos psicólogos. Algumas das abordagens mais utilizadas são:
- Terapia cognitivo comportamental;
- Psicanálise;
- Psicoterapia junguiana;
- Terapia analítico-comportamental;
- Gestalt-terapia;
- Psicologia positiva.
Conheça brevemente qual o modo de atuação de cada uma delas.
1. Terapia cognitivo-comportamental
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) foi criada por volta da década de 60 pelo psiquiatra Aaron Beck e é uma das mais conhecidas e adotadas pelos psicólogos do século XXI. Ela trabalha com o intuito de modificar as crenças do paciente sobre si mesmo, seu mundo e outras pessoas. Dessa forma, coloca o paciente como protagonista da sua história e busca alterar a forma que ele se sente, seu humor e seu comportamento.
Ou seja, esse tipo de abordagem faz com que o indivíduo analise suas próprias ações e encontre respostas mudando a interpretação que faz do mundo a sua volta. O psicólogo atua guiando o paciente para identificar o teor dos seus pensamentos, identificando e testando suas reações para compreender se estão exagerados ou errados para aquela situação.
Dessa maneira, trabalha para que o paciente crie reações mais realistas e adaptativas, que sejam funcionais para a sua realidade. Também por isso, a Terapia cognitivo-comportamental é uma terapia de prazo limitado.
2. Psicanálise
A Psicanálise é um método terapêutico criado por Sigmund Freud. Para atuar como psicanalista não é necessário ter bacharelado em Psicologia, mas é necessária uma formação específica em Psicanálise.
Os pressupostos básicos que norteiam a atuação clínica dos psicanalistas são: a existência do inconsciente, a teoria dos três componentes da mente (id, ego e superego), a teoria da libido, a importância da sexualidade na vida psíquica e a técnica da associação livre.
Para explorar os conteúdos do inconsciente a Psicanálise utiliza a técnica da associação livre: o paciente é incentivado a falar livremente sobre qualquer assunto que lhe venha à mente, enquanto o analista realiza as análises e interpretações. O objetivo é acessar o inconsciente, que também é representado por meio da fala.
A Psicanálise tem como objetivo ajudar o paciente a ter maior compreensão de si, dos seus sofrimentos e sintomas, a fim de ajudá-lo a melhorar sua qualidade de vida.
3. Psicoterapia Junguiana ou Psicologia analítica
A Psicoterapia Junguiana ou Psicologia Analítica foi criada por Carl Jung e se baseia no princípio de que a consciência humana é apenas a parte superficial da personalidade do ser humano. Por isso, busca explorar e compreender outras partes do inconsciente de cada indivíduo.
Somado a isso, esse tipo de abordagem analisa o contexto ambiental e social em que cada pessoa está inserida e como eles a influenciam. Tem como objetivo auxiliar o paciente a encontrar autoconhecimento, descobrir suas forças internas, aceitar instintos e impulsos e ampliar sua relação com o mundo ao seu redor.
4. Terapia analítico-comportamental
A Terapia Analítico-Comportamental (TAC) baseia-se nas teorias behavioristas de Skinner para explicar o surgimento e a manutenção dos comportamentos do indivíduo.
Parte da ideia de que o indivíduo se comporta e suas ações produzem consequências no mundo que influenciam seus padrões de comportamento, aumentando ou diminuindo a probabilidade da pessoa se comportar de certa maneira em um determinado contexto.
O terapeuta realiza análises sobre as queixas dos pacientes, procura compreender como a pessoa se comporta para então ajudá-la a identificar outras formas de agir no mundo. O processo terapêutico proporciona autoconhecimento e a realização de mudanças alinhadas com valores que são importantes para o paciente.
5. Gestalt-terapia
A Gestalt-terapia foi criada por Frederick Perls na década de 40. É uma abordagem centrada na pessoa que se baseia na teoria da Gestalt, que procura promover mudanças no estado atual do indivíduo, ajudando-o a encontrar seu próprio potencial criativo para lidar com as demandas da vida.
Os principais objetivos da Gestalt-terapia são ajudar as pessoas a compreenderem e aceitarem seus sentimentos e emoções, tornar conscientes de suas habilidades e potenciais, melhorar a autoestima, a capacidade de tomar decisões e estabelecer relacionamentos saudáveis com os outros.
6. Psicologia positiva
A psicologia positiva teve início com pesquisadores norte-americanos que buscavam compreender “o que faz a vida ser digna de ser vivida”. Martin Seligman, fundador dessa abordagem, acreditava ser necessário ampliar a visão do tratamento psicológico, retirando o foco dos problemas e dos transtornos mentais.
Para isso, considerou que um dos principais objetivos da psicologia positiva seria promover os pontos fortes e os recursos psicológicos que são capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Esse movimento possui três áreas de investigação científica situadas nos níveis subjetivo, individual e grupal. Confira:
- Nível subjetivo: estudo dos valores, do bem-estar subjetivo, do otimismo, da esperança e da felicidade.
- Nível individual: busca conhecer os traços positivos relacionados às características de cada pessoa como, por exemplo, suas habilidades interpessoais e seus talentos.
- Nível grupal: são analisadas virtudes comunitárias, para que os indivíduos se tornem cidadãos responsáveis, altruístas, tolerantes e éticos
O papel da intervenção positiva é auxiliar a pessoa a construir uma vida prazerosa, engajada, com senso de propósito e significado.
Como você pode ver, existem diversos tipos de abordagens dentro da psicoterapia. Contudo, o psicólogo é o profissional que pode analisar o seu caso e então orientá-lo para a psicoterapia mais adequada.
Revisão técnica por: Renata de Sousa, Karen Borges, psicólogas do Einstein, e Dr. Daniel Oliva, psiquiatra do Einstein.