O que é quimioterapia e como ela é utilizada no tratamento contra o câncer?

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A quimioterapia é um dos métodos de tratamento contra o câncer mais conhecidos. Essa terapia utiliza medicamentos específicos para destruir e inibir a capacidade de multiplicação das células cancerígenas. 

Os remédios atuam de forma sistêmica, o que significa que percorrem o corpo todo. Na prática, isso significa que podem atingir as células mutantes localizadas tanto no tecido original de crescimento na neoplasia quanto em outras regiões por onde elas podem ter se espalhado (o que é conhecido como metástase).

A sua aplicação pode ser indicada para diversos tipos de câncer. Ela também pode aparecer como tratamento principal ou complementar, associado a outras abordagens, como em casos cirúrgicos ou de radioterapia.

Vídeo: Como a quimioterapia age no tratamento do câncer?

Métodos de administração

A quimioterapia pode ser administrada a partir de diferentes maneiras, que dependem do tipo de câncer, da condição da pessoa e do objetivo do tratamento. Geralmente, os dois métodos mais indicados são por via intravenosa ou oral.

Via intravenosa

A administração intravenosa é a mais comum. O medicamento é introduzido diretamente na corrente sanguínea pela veia, o que permite uma distribuição rápida e eficaz pelo corpo. Ela pode ser realizada por cateter periférico ou central.

No caso do periférico, utilizam-se as veias superficiais, localizadas nos braços ou mãos do paciente. O procedimento é feito em um ambiente hospitalar ou em clínicas especializadas. 

Essa técnica é indicada para tratamentos de curta duração ou ciclos que não necessitem de grandes volumes de medicação. No entanto, há riscos de irritação da veia ou extravasamento da droga, o que pode causar dor ou danos aos tecidos ao redor de onde o cateter é introduzido.

Quando o procedimento exige infusões frequentes ou de longo prazo, contudo, é comum o uso de um cateter venoso central. Nesse caso, um tubo fino é inserido em uma veia grande, normalmente no peito ou pescoço, próximo ao coração. 

Essa abordagem reduz o desconforto da pessoa, pois evita punções venosas repetitivas. O cateter pode permanecer alojado por semanas ou até meses e facilitar o acesso ao sistema venoso sem a necessidade de novas inserções de agulhas a cada sessão.

Via oral

Envolve a ingestão de medicamentos em forma de comprimidos, cápsulas ou líquidos. Essa abordagem de administração oferece maior conveniência e pode ser realizada em casa, o que diminui a necessidade de deslocamentos frequentes a hospitais ou clínicas. 

Entretanto, a quimioterapia oral requer disciplina rigorosa quanto ao cumprimento do horário e da dosagem prescrita. Além disso, são necessários cuidados específicos com a conservação dos medicamentos. 

Essa modalidade também pode causar efeitos colaterais significativos. Por isso, é importante manter o acompanhamento profissional regular para monitorar as respostas do organismo e ajustar a dosagem conforme necessário.

Efeitos colaterais

Os efeitos colaterais variam de acordo com o tipo de medicamento, a dose administrada, a frequência do tratamento e a resposta individual de cada pessoa. De maneira geral, alguns dos sintomas mais comuns incluem:

  • Náusea;
  • Vômito;
  • Queda de cabelo (alopecia);
  • Anemia;
  • Queda do sistema imunológico;
  • Alterações gastrointestinais;
  • Mucosite (inflamação da mucosa);
  • Fadiga.

Em alguns casos, pode ser necessário reduzir a dose do medicamento, alterar o seu cronograma de administração ou ainda substituí-lo por um quimioterápico menos agressivo. Além disso, o suporte psicológico e nutricional também são importantes para ajudar a pessoa a manter a qualidade de vida. Daí porque esses pacientes devem ser acompanhados por uma equipe multidisciplinar, que pode incluir oncologistas, enfermeiros, farmacêuticos e nutricionistas.

Cuidados e recomendações

A quimioterapia pode enfraquecer o sistema imunológico e tornar o paciente mais suscetível a infecções. Por isso, mais do que só manter a rotina de tratamento, adotar cuidados específicos pode minimizar os riscos da doença e promover melhoras na qualidade de vida.

É recomendado evitar grandes aglomerações e o contato com pessoas doentes. Feridas e lesões devem ser limpos imediatamente e monitorados, a fim de evitar agravamentos.

Uma dieta equilibrada também é recomendada. Importante escolher alimentos frescos e bem cozidos e evitar produtos crus, como carnes, ovos e frutos do mar, que podem conter bactérias nocivas. Frutas e vegetais devem ser bem lavados antes de consumidos.

Beber bastante água é ideal para manter o corpo hidratado e estimular a eliminação de toxinas. Em casos de náuseas ou diarreia, hidratar-se é ainda mais importante para prevenir quadros decorrentes da desidratação.

A prática de exercícios leves traz benefícios para a saúde física e mental, pois eles  ajudam a melhorar a circulação sanguínea, manter a força muscular, reduzir a fadiga e melhorar o humor. No entanto, é essencial consultar o médico antes de iniciar qualquer atividade para garantir que ela seja segura e adequada.


Revisão técnica: Luiz Antônio Vasconcelos, especialista em Clínica Médica, Medicina Interna, Cardiologia e Ecocardiografia. Cardiologista e clínico das unidades de pronto atendimento e do corpo clínico do Hospital Albert Einstein.

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