Você já ouviu falar em teranóstica? Apesar do nome diferente, essa tecnologia representa um grande avanço no tratamento do câncer — unindo diagnóstico e terapia de forma personalizada e precisa.
A teranóstica combina duas etapas importantes do cuidado médico: descobrir onde está a doença e tratá-la utilizando-se vias metabólicas e moleculares específicas. Tudo isso é feito com a ajuda de substâncias chamadas radiofármacos, que se ligam especificamente às células doentes, como as do câncer.
Esses radiofármacos funcionam como um “rastreador”, que localiza o tumor no corpo e, ao mesmo tempo, leva a radiação diretamente a ele, combatendo as células malignas com menos impacto nos tecidos saudáveis.
Evolução da teranóstica
Um dos primeiros e mais conhecidos usos da teranóstica foi no tratamento do câncer de tireoide. Desde a década de 1940, é utilizado o iodo-131, que se acumula naturalmente nas células dessa glândula. Ele é usado tanto para realizar exames (como a cintilografia) quanto para tratar as células cancerígenas — tudo com a mesma substância.
Esse sucesso abriu portas para aplicar a teranóstica em outros tipos de câncer, como os de próstata, fígado, tumores neuroendócrinos, entre outros.
Com o avanço da ciência, pesquisadores conseguiram identificar “alvos” específicos nas células do câncer e desenvolver radiofármacos cada vez mais precisos. É como se fossem medicamentos “inteligentes”, capazes de localizar e atacar o tumor com exatidão, preservando as partes saudáveis do corpo.
Qual a diferença entre teranóstica e outros tratamentos?
A teranóstica se diferencia dos tratamentos convencionais principalmente pela precisão. Veja a comparação:
- Quimioterapia: atua em todo o corpo, podendo causar efeitos colaterais significativos, já que atinge também células saudáveis;
- Radioterapia externa: é mais localizada, mas ainda pode afetar tecidos saudáveis ao redor do tumor;
- Cirurgia: pode remover o tumor visível, mas nem sempre alcança todas as células cancerígenas, especialmente se houver metástases.
Já a teranóstica entrega o tratamento diretamente nas células doentes. Outro diferencial é que, antes de iniciar a terapia, os médicos podem usar exames para verificar se o tumor apresenta o “alvo” ideal para aquele radiofármaco. Isso evita tratamentos desnecessários e aumenta a chance de sucesso.
Apesar de não substituir os tratamentos tradicionais, a teranóstica pode ser combinada com eles, trazendo melhores resultados e menos efeitos colaterais.
Cânceres com indicação ao tratamento
- Câncer de tireoide bem diferenciado (comportamento menos agressivo) – tratamento com iodo-131
- Tumores neuroendócrinos e outros com receptores de somatostatina – Terapia com DOTATATE-177Lu
- Câncer de próstata com metástases – Terapia com PSMA-177Lu
- Metástases ósseas do câncer de próstata – Terapia com rádio-223
- Metástases no fígado – Radioembolização com ítrio-90
- Neuroblastoma – Terapia com MIBG-131I
A teranóstica representa uma das principais modalidades em desenvolvimento da medicina personalizada — com mais precisão, menos efeitos colaterais e melhores resultados. Se você tem dúvidas sobre esse tipo de tratamento ou quer saber se ele é indicado para o seu caso, converse com seu médico.
Revisão técnica:
Sabrina Bernardez Pereira (CRM 154.981/RQE 45120), médica Escritório de Valor em Saúde no Einstein Hospital Israelita. Doutorado em Ciências Cardiovasculares pela UFF e título de especialista em Cardiologia SBC/AMB.
Taise Vitor, coordenadora biomédica da Medicina Diagnóstica do Einstein.