A obesidade infantil é uma condição crônica, que está associada a impactos físicos, emocionais e sociais capazes de comprometer a saúde da criança tanto na infância quanto posteriormente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença vem crescendo de forma alarmante: em 2024, estima-se que 35 milhões crianças com menos do que 5 anos estavam acima do peso. Outros 390 milhões de jovens com idades entre 5 e 19 anos viviam com sobrepeso em 2022 – 160 milhões deles, inclusive, já eram diagnosticados com obesidade.
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Entenda, a seguir, quatro pontos relacionados ao problema:
1. Diversas causas
Embora exista uma parcela de casos associados a causas genéticas, hormonais ou medicamentosas, a maioria tem origem considerada exógena. Isso quer dizer que a causa está ligada a fatores externos, como hábitos não saudáveis.
Entre eles estão alimentação inadequada — com excesso de produtos ultraprocessados (ricos em calorias, açúcares e gorduras, pobres em fibras e micronutrientes) — e sedentarismo, com falta de estímulos aos exercícios físicos e uso exagerado de telas.
2. Diagnóstico complexo
Diferente do que muitos acreditam, o diagnóstico de obesidade não deve ser feito apenas com base na percepção visual. Trata-se do resultado de uma análise matemática cuidadosa, que parte das curvas ajustadas por idade e sexo do Índice de Massa Corporal (IMC), calculado pelo peso dividido pelo quadrado da altura (kg/m²).
Essas curvas consideram os desvios-padrão (DP) em relação à mediana de crianças saudáveis. Para crianças entre 5 e 19 anos, por exemplo, o sobrepeso é entendido como IMC acima de +1 DP, e a obesidade, acima de +2 DP. Já para menores de 5 anos, o parâmetro é de +2 DP e +3 DP, respectivamente.
A análise dessas curvas permite detectar precocemente o risco dos pequenos evoluírem para um quadro de obesidade. Além do IMC, outros marcadores podem ser utilizados, como a circunferência da cintura, o histórico familiar, exames laboratoriais e até o padrão de crescimento da criança.
3. Impactos físicos, emocionais e sociais
A obesidade infantil é um fator de risco importante para diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como:
- Diabetes tipo 2;
- Doenças cardiovasculares (hipertensão, dislipidemia, etc.);
- Problemas osteoarticulares (joelho valgo, dores nas costas, dores no quadril, etc.);
- Apneia do sono;
- Puberdade precoce e distúrbios hormonais.
Os danos podem ir além da saúde física. Devido ao preconceito enraizado na sociedade, crianças com obesidade ainda podem enfrentar problemas na socialização e na construção da autoestima, o que, por sua vez, aumenta o risco de transtornos psicológicos, tais quais a ansiedade e a depressão.
4. Mudanças no estilo de vida
Apesar do cenário desafiador, a obesidade infantil pode ser prevenida e, em muitos casos, revertida. Entre as estratégias estão:
- Realizar uma introdução alimentar adequada;
- Reforçar a importância da alimentação saudável em casa;
- Reduzir o consumo de bebidas açucaradas, ultraprocessados e fast-food;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Limitar o tempo de tela;
- Prezar por uma rotina de sono equilibrada.
Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006/RQE 91325), médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Einstein Hospital Israelita.