Obesidade: saiba por que o diagnóstico vai além do IMC

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Durante muito tempo, a obesidade foi vista apenas como consequência de um estilo de vida não saudável, marcado pelo excesso de comida e pela falta de atividade física

Hoje, porém, já se sabe que essa é uma condição crônica e multifatorial. Tradicionalmente, o índice de massa corporal (IMC) era a principal ferramenta para diagnosticar a obesidade. Ele considera a razão entre o peso e o quadrado da altura (peso/altura²) e delimita que, se o resultado estiver entre 25 e 30, o indivíduo está com sobrepeso; acima disso, com obesidade. 

Vídeo: “Obesidade: 5 dúvidas respondidas por endocrinologista do Einstein”

Contudo, as diretrizes mais atuais ampliaram essa análise. Hoje, além do IMC, outros parâmetros clínicos, laboratoriais e métodos de avaliação corporal são considerados, como a bioimpedância e a densitometria óssea. Também entram na conta a medida de circunferência abdominal e os exames de alterações metabólicas associadas ao excesso de peso (colesterol, glicemia e marcadores inflamatórios). Essa abordagem torna o diagnóstico mais personalizado e eficaz. 

Riscos da obesidade

A obesidade está associada a uma série de doenças crônicas que comprometem significativamente a qualidade e a expectativa de vida. Entre os riscos mais frequentes estão:

  • Diabetes mellitus tipo 2;
  • Hipertensão arterial;
  • Dislipidemias (alterações no colesterol e triglicerídeos);
  • Doenças cardiovasculares graves, como infarto e AVC;
  • Certos tipos de câncer;
  • Doenças ortopédicas, como artrose e lesões em joelhos e coluna.

Essas repercussões podem ocorrer em curto, médio ou longo prazo. A associação entre obesidade e câncer, em especial, é cada vez mais documentada na literatura científica, com evidências de que o excesso de gordura corporal pode favorecer processos inflamatórios e hormonais que estimulam o surgimento de tumores.

Tratamento individualizado

O tratamento da obesidade deve ser individualizado, considerando as características clínicas, psicológicas e metabólicas de cada pessoa. Em alguns casos, mudanças no estilo de vida aliadas ao uso de medicamentos são eficazes. Em outros, a cirurgia bariátrica pode ser necessária.

Saiba também que não é necessário atingir o “peso ideal” para colher benefícios. Como estudos indicam, a perda e manutenção de 5% a 10% do peso corporal já reduz de forma significativa os riscos associados à obesidade, conceito que tem sido chamado de “obesidade controlada”. Isso já leva a uma diminuição significativa de riscos e das doenças associadas.


Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes (CRM-SP 203006/RQE 91325), médico do Pronto Atendimento e Corpo Clínico, especialista em Clínica Médica do Einstein Hospital Israelita.

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