Parkinson: 3 tratamentos que fornecem mais qualidade de vida aos pacientes

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Os casos de Parkinson no Brasil devem duplicar nas próximas décadas, passando de cerca de 500 mil atualmente para 1,2 milhão em 2060, de acordo com um estudo brasileiro, publicado no The Lancet Regional Health.

Apesar dessa perspectiva, a doença ainda é muito subdiagnosticada em seus estágios iniciais, sinalizando a necessidade de melhora na investigação de casos e em um maior acesso ao tratamento.

O Parkinson é uma doença neurológica causada pela degeneração de células responsáveis pela produção de dopamina, neurotransmissor envolvido nos estímulos dos movimentos. O principal fator de risco é o envelhecimento, mas estudos também sugerem uma associação com exposição excessiva a certos produtos químicos, como alguns solventes.

No início, ela se manifesta a partir de tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, entre outros sintomas. O diagnóstico é clínico, já que não há um exame específico capaz de detectar a doença, que é progressiva e tem uma evolução lenta.

Embora não tenha cura, o tratamento pode ajudar a manter os sintomas sob controle. Nas fases iniciais, a conduta terapêutica é feita com remédios para suprir a falta de dopamina, além de atividade física, fisioterapia e, em alguns casos, sessões de fonoaudiologia. 

No entanto, após cerca de sete ou oito anos, dependendo de cada indivíduo, começam a aparecer limitações funcionais. Nesses casos, pode haver grande impacto na qualidade de vida e, por isso, se discute a terapia avançada.

Para aqueles que não respondem mais ao tratamento clínico, há algumas opções terapêuticas, que devem levar em conta o estágio da doença e o perfil de cada paciente. Saiba mais sobre elas:

1. DBS (Deep Brain Stimulation ou Estimulação Cerebral Profunda)

Esta técnica cirúrgica existe há cerca de 20 anos e tem grande eficácia no controle da lentidão e dos tremores. O procedimento envolve a implantação de dois eletrodos em regiões específicas do cérebro, um de cada lado. 

Eles são ligados a uma espécie de marcapasso implantado no tórax do paciente. Esse dispositivo emite uma descarga elétrica que modula o núcleo de células doentes, regulando os sinais que produzem os sintomas. 

Além da eficácia, uma das vantagens da técnica é a possibilidade de regular sua intensidade — à medida que a doença progride, é possível ajustar as descargas. Contudo, por se tratar de um procedimento cirúrgico, pode ser contraindicado para algumas pessoas, como aquelas muito idosas ou com complicações clínicas.

2. High-Intensity Focused Ultrasound (HIFU)

Trata-se de um ultrassom de alta intensidade indicado para controlar tremores tanto do Parkinson quanto de um quadro chamado tremor essencial. Ele promove uma melhora imediata desse sintoma, em torno de 70%. A técnica chegou ao Brasil em 2025, mas está aprovada nos Estados Unidos desde 2017. 

Ao contrário do DBS, esse procedimento é menos invasivo. O paciente é colocado em uma máquina de ressonância magnética usando uma espécie de capacete (para isso, é necessário raspar todo o cabelo). Com a ajuda de exames de imagem, planeja-se a intervenção no local exato em que as células estão alteradas.

Durante o procedimento, ondas de ultrassom são aplicadas num ponto específico do cérebro, o tálamo, responsável pelos tremores. O objetivo é causar uma lesão térmica minúscula, de 4 milímetros, que elimina o “curto-circuito” causador do tremor. Todo esse processo dura cerca de três horas e é feito com o paciente acordado, sem anestesia geral. A alta ocorre no mesmo dia.

A terapia é unilateral, ou seja, se o indivíduo tiver tremores dos dois lados do corpo, poderá realizar uma sessão adicional no lado oposto, depois de pelo menos nove meses.

No entanto, a técnica não é uma cura para a doença, nem elimina sintomas como rigidez e lentidão. Embora a longo prazo a maioria continue com tremores controlados, eles podem voltar.  

Além disso, devido à inflamação no local da lesão, a pessoa pode apresentar dificuldade de equilíbrio. Também pode haver dor, náusea, formigamento, alteração da fala e fraqueza. Na maioria dos casos, porém, os efeitos colaterais são toleráveis e passageiros. 

3. Terapia de infusão dopaminérgica

Este tratamento nada mais é do que a infusão do remédio já existente por meio de uma bombinha subcutânea que libera as doses constantemente. Vem sendo apontado como uma saída para indivíduos que apresentam flutuações de sintomas, alternando períodos chamados de on e off. Embora tenha sido liberada nos Estados Unidos em 2024, ainda não foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).


Fonte consultada: Rubens Cury, neurologista do Einstein Hospital Israelita.
Este texto foi originalmente publicado na Agência Einstein

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