Você já sentiu o coração disparar em uma entrevista de emprego, diante de uma notícia inesperada ou ao encontrar alguém especial? Essa sensação comum é mais do que emoção: o coração responde diretamente ao que sentimos. O motivo para essa reação está no funcionamento de um poderoso mecanismo, o sistema nervoso simpático.
Vídeo: Ansiedade, paixão e estresse – o que faz seu coração bater mais forte?
O sistema nervoso simpático é uma parte do sistema nervoso autônomo, responsável por controlar funções que acontecem sem que a gente precise pensar, como o batimento do coração, a dilatação das pupilas e a respiração. Ele atua como um sistema de emergência do corpo; quando algo é percebido como ameaça, desafio ou forte emoção, ele entra em ação.
Isso marca o início da chamada “resposta de luta ou fuga”. A reação era essencial para a sobrevivência de nossos ancestrais, já que os ajudava a fugir de predadores ou enfrentar perigos. Hoje, o mesmo mecanismo pode ser ativado em situações bem mais corriqueiras e simples, como uma prova ou a espera por uma mensagem.
Quando o sistema nervoso simpático é ativado, o corpo libera adrenalina e noradrenalina, hormônios que preparam o organismo para agir. O coração começa a bater mais rápido para bombear mais sangue aos músculos, a respiração acelera para levar mais oxigênio e a pressão arterial sobe. Em poucos segundos, o corpo está em modo de alerta total.
Quando o alerta se torna um problema
Embora essa seja uma reação natural e temporária, o problema surge quando ela se mantém por tempo demais. Situações de estresse constante mantêm o sistema nervoso simpático em “modo ligado”, o que pode causar sobrecarga no coração e nos vasos sanguíneos. O resultado é o aumento do risco de hipertensão, infarto e outros problemas cardiovasculares.
Um exemplo é o estresse típico dos dias atuais: ruídos, pressão para cumprir prazos, trânsito e excesso de estímulos fazem com que o corpo viva em alerta quase permanente. Mesmo sem perceber, muitas pessoas passam o dia com o coração acelerado, músculos tensos e respiração curta — sinais de que o sistema simpático está no comando.
As emoções positivas também ativam o coração. A paixão, por exemplo, dispara os mesmos hormônios do estresse, só que acompanhados de dopamina, o neurotransmissor do prazer. O resultado? Coração acelerado, suor nas mãos e uma leve sensação de euforia.
Por outro lado, quando o amor acaba ou uma perda acontece, o corpo pode reagir com intensidade semelhante. A chamada “síndrome do coração partido” é um exemplo disso: o choque emocional desencadeia uma descarga de adrenalina tão grande que o coração pode sofrer espasmos e imitar os sintomas de um infarto, como dor no peito, falta de ar e fadiga.
Cuidar das emoções é cuidar do coração
O coração é um órgão resistente, mas não invencível. Ele precisa de pausas, descanso e equilíbrio. O manejo do estresse é essencial e considerado um dos pilares da longevidade. Práticas simples como meditação, técnicas de respiração, atividade física, sono regular, momentos de lazer e tempo de qualidade com amigos e /ou familiares ajudam a ativar o sistema nervoso parassimpático – o “antídoto” natural do estresse, responsável por relaxar o corpo e diminuir a frequência cardíaca.
Cuidar da saúde mental também é importante e a psicoterapia tem papel central nesse processo, ajudando a reconhecer limites, lidar com emoções e desenvolver estratégias para reduzir a sobrecarga emocional. Aprender a desacelerar também é fundamental para preservar a saúde mental e cardiovascular.
Revisão técnica: Pâmela Cavalcante (CRM 153200/RQE 116412), professora da pós-graduação em Cardiologia no Einstein Hospital Israelita e assistente da seção de cardiometabolismo no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.


