Quais remédios as gestantes não devem tomar?

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Durante a gravidez, até uma simples dor de cabeça pode gerar dúvidas sobre qual remédio é realmente seguro. A preocupação faz sentido, já que muitas substâncias atravessam a placenta e chegam ao bebê, podendo afetar seu desenvolvimento.

Por isso, médicos e autoridades de saúde reforçam: gestantes não devem se automedicar. Antes de iniciar qualquer tratamento, é fundamental buscar orientação profissional – mesmo nos casos de remédios de venda livre, que não exigem receita e, teoricamente, apresentam menores riscos de efeitos colaterais.

Vale lembrar ainda que medicamentos fitoterápicos, obtidos de plantas, não passam por testes rigorosos em gestantes e, portanto, também não devem ser usados sem indicação segura e clara. O mesmo vale para vitaminas e suplementos, que devem ser utilizados apenas sob prescrição médica, já que em doses excessivas podem trazer riscos à saúde da gestante e do bebê.

Exemplos de remédios proibidos

No Brasil, não existe uma lista única de medicamentos proibidos. As informações estão descritas nas bulas, nos protocolos clínicos do Ministério da Saúde e no Bulário Eletrônico da Anvisa, disponível online e gratuitamente.

Entre os mais conhecidos (porém não únicos) medicamentos contraindicados estão:

  • Isotretinoína – usada no tratamento de acne grave, altamente teratogênica, pode causar malformações severas;
  • Talidomida – restrita a alguns tratamentos específicos, historicamente associada as malformações congênitas;
  • Varfarina – anticoagulante que aumenta o risco de hemorragias e alterações no desenvolvimento fetal;
  • Tetraciclinas – antibióticos que podem comprometer a formação de ossos e dentes do bebê;
  • Aminoglicosídeos – antibióticos associados a danos auditivos no feto;
  • Anti-inflamatórios não esteroides (como ibuprofeno e diclofenaco) – sobretudo no terceiro trimestre, podem afetar rins e coração do bebê;
  • Inibidores da ECA e antagonistas do receptor de angiotensina II – usados para hipertensão, podem comprometer o desenvolvimento renal do feto;
  • Metotrexato – indicado em alguns tipos de câncer e doenças autoimunes;
  • Ácido valpróico – anticonvulsivante associado a defeitos no tubo neural.

E quais medicamentos são considerados seguros?

Nem todas as medicações são proibidas. O paracetamol costuma ser a primeira escolha para febre ou dor leve, quando necessário. Antibióticos como penicilinas e cefalosporinas são, em geral, mais seguros. No entanto, até esses devem ser usados com cautela, em doses adequadas e sempre sob prescrição médica, com acompanhamento rigoroso.

João Roberto Resende FernandesEspecialista em Clínica Médica, médico do pronto-atendimento e do corpo clínico do Einstein Hospital IsraelitaCRM-SP 203006/RQE 91325
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