Respostas sobre o transplante de medula

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Procedimento é realizado no Brasil desde os anos 1980 e consiste na substituição da medula óssea doente ou deficitária por células saudáveis doadas

O que é transplante de medula?

Transplante de medula óssea é o tratamento utilizado para algumas doenças que afetam as células do sangue. Consiste na substituição da medula óssea doente ou deficitária do paciente por células saudáveis doadas, que vão repovoar a medula do receptor.

O nome científico do procedimento é transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), em referência à célula progenitora hematopoiética (CPH) encontrada na medula óssea, que possui a capacidade de se autorrenovar e dar origem a todas as células do sangue.

Os transplantes de medula vêm sendo realizados no Brasil há cerca de 40 anos, com progressos consideráveis na identificação de doadores e no uso de medicamentos para ajudar o transplantado na delicada fase pós-procedimento. 

Quando o transplante de medula óssea é necessário?

O transplante é proposto em casos de doenças no sangue e cânceres que não respondem satisfatoriamente a tratamentos conservadores (com medicamentos), sendo os principais:

  • Anemia aplástica grave; 
  • Mielodisplasias;
  • Alguns tipos de leucemia;
  • Mieloma múltiplo e linfomas. 

Onde são feitos os transplantes de medula óssea no Brasil?

No Brasil, o transplante de medula óssea é feito em hospitais públicos e privados autorizados pelo Ministério da Saúde. 

O Hospital Israelita Albert Einstein realiza transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) desde 1987.

O que é medula óssea?

É um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos. Na medula óssea são produzidos os componentes do sangue e, por isso, falhas em seu funcionamento acarretam problemas para todo o organismo.

Como é feito o transplante de medula óssea?

O processo começa com a identificação de um doador compatível de célula progenitora hematopoética (CPH). A fonte tradicional para a obtenção de CPH é a medula óssea, mas se utiliza também sangue periférico (que circula pelas artérias e veias) e células do cordão umbilical. 

Como é escolhido o doador?

O possível doador passa por testes de compatibilidade a partir de amostras de sangue dele e do receptor. Comprovada a compatibilidade, é submetido a um procedimento feito em centro cirúrgico, sob anestesia. Com agulhas, são realizadas punções nos ossos posteriores da bacia para que as células da medula sejam aspiradas.

O que acontece com o receptor?

Para receber o transplante, o paciente é submetido a um tratamento que destrói sua própria medula. Em seguida, ele recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. As células da nova medula circulam pela corrente sanguínea e vão se alojar na medula óssea, onde desenvolvem a capacidade de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade.

O que acontece depois do transplante de medula?

Logo após o transplante, o paciente precisa ser monitorado devido ao risco de infecções e hemorragias e ao uso de drogas quimioterápicas. Há necessidade de acompanhamento também porque pode ocorrer a chamada “doença enxerto contra hospedeiro”, que precisa ser controlada com medicamentos. Ela acontece quando as células do doador atacam o receptor por identificá-lo como um corpo estranho. A rejeição por parte do organismo do receptor das células transplantadas vindas do doador não é comum no transplante de medula.

O que significa a “pega” da medula?

Quando a medula óssea começa a funcionar novamente se diz que houve a “pega”. Isso geralmente ocorre entre duas e quatro semanas após o transplante. Ainda assim, o acompanhamento médico continua, já que podem surgir complicações mesmo após um ano do procedimento. 

Há riscos para o doador de medula óssea?

Para o doador, os riscos são poucos. Os sintomas que podem ocorrer após a doação, como dor local e fraqueza temporária, são passageiros. Após poucas semanas da doação, a medula óssea estará inteiramente recuperada.

Quais são as diferentes modalidades de transplante de medula óssea?

As modalidades mais comuns de transplante de medula óssea são:

  • Transplante autólogo: com células doadas do próprio indivíduo que será transplantado;
  • Transplante alogênico aparentado: com células doadas de outro indivíduo consanguíneo e compatível, geralmente irmão, pai ou mãe;
  • Transplante alogênico não aparentado: com células de um doador não aparentado e compatível. 

O transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea – as células-tronco hematopoiéticas – obtidas do sangue periférico de um doador ou do sangue de cordão umbilical. 

O Hospital Israelita Albert Einstein mantém um banco de cordão umbilical para a execução de transplantes não aparentados. Segundo o hospital, seu Banco de Cordão tem sido o serviço que proporciona o maior número de transplantes com cordões brasileiros em centros transplantadores no país.

O que é o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME)?

No Brasil, doadores voluntários são cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). Segundo o Ministério da Saúde, é o terceiro maior registro do mundo, com mais de 5 milhões de cadastros. A busca por doadores compatíveis também pode ser feita internacionalmente, em registros de outros países. 

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Revisão Técnica: Sabrina Bernardez Pereira: Especialista em Cardiologia pela SBC/AMB. Mestrado e Doutorado em Ciências Cardiovasculares pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Médica da Economia da Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein.

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