Saúde mental e futebol: como recuperar a confiança após lesão

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As lesões que acometem jogadores de futebol, em sua maioria, não conseguem tirá-los de suas atividades. Contudo, podem afetar sua saúde mental.

Afinal, quando a lesão ocorre, o trauma físico e o afastamento demandam um processo lento que envolve, por exemplo, a descoberta do real diagnóstico pelo ortopedista e equipe médica, tratamento farmacológico, recuperação, repouso, fisioterapia, entre outras necessidades.

Esses fatores envolvem recursos financeiros e mentais que podem desencadear problemas como estresse e preocupação.

O processo de pós-recuperação envolve certa ansiedade e entusiasmo para voltar a praticar suas atividades, além de sentimentos que podem ser negativos, como insegurança, medo de uma nova lesão e ter que passar por todo o processo novamente. Também existe o receio de que, na volta, sua performance seja comprometida.

Isso acontece principalmente com atletas de alto rendimento, pois também dependem de seu trabalho para obterem ganho ou renda.

A questão da lesão não necessariamente leva a quadros graves de ansiedade ou depressão. A menos que o atleta tenha variadas ocorrências e reincidências e, aí sim, isso acabe por comprometer de forma substancial sua saúde mental.

Medicina do esporte, psicologia e terapias adicionais para saúde mental

Além de contar com o médico do esporte, para diagnóstico, prognóstico e indicações de tratamento, o trabalho para resgate da autoconfiança e da segurança em atuar novamente deve passar pelo acompanhamento com psicólogo.

Esse trabalho começa por estabelecer com o atleta paciente uma rotina de hábitos, fator que deve lhe proporcionar mais tranquilidade sobre o dia a dia, sobre os seus problemas de saúde e em relação ao retorno às atividades.

Sendo assim, é fundamental ter uma nova rotina com atividades integradas:

  • Fisioterapia;
  • Medicações adequadas;
  • Descanso ideal;
  • Boa alimentação;
  • Práticas de fortalecimento muscular;
  • Práticas de autocuidado;
  • Entretenimento e lazer doméstico ou fora de casa.

Todavia, o atleta precisa ter em mente que, além de suas atividades como jogador, sua vida também contempla outras áreas, pessoas, ambientes, interesses e necessidades.

Logo, é preciso, na medida do possível, honrar essas suas diferentes facetas, partilhando a vida com as pessoas, realizando atividades que lhe tirem do foco do problema físico e/ou psicológico que por vezes preocupa e não necessariamente resolve na prática.

De volta às atividades

No retorno às partidas, é natural que o atleta se sinta inseguro de realizar certas jogadas com o membro ou parte do membro que passou pela lesão ou trauma no futebol.

Portanto, é preciso ter cautela para manter sua saúde mental no futebol. Nesse sentido, é essencial entrar literalmente em campo, se expor às atividades, praticá-las. E assim, aos poucos, esse receio, essa insegurança tende a ir se desfazendo.

Todavia, essa confiança depende muito também de todo o tratamento realizado anteriormente, da dedicação do atleta, do fortalecimento da parte atingida e, como sugerido, até de certo poder de abstração durante o período de afastamento.

Revisão técnica: Dr. Elton Yoji Kanomata, médico psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein pelo Núcleo de Medicina Psicossomática e Psiquiatria e pela Retaguarda de Psiquiatria, docente do Programa de Pós-graduação em Psiquiatria pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein

Saúde em Campo é um projeto que esclarece dúvidas e traz curiosidades relacionadas à saúde e ao futebol, publicado durante o maior torneio do esporte no mundo em 2022. Você pode acompanhar novas postagens e conteúdos nas redes sociais do Einstein ou acessar: www.einstein.br/saudeemcampo

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