Sinusite tem cura?

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O aumento dos casos de resfriados e gripes nos dias mais frios e secos típicos do inverno traz como consequência a maior ocorrência de quadros de sinusites, que é a inflamação dos seios ou cavidades paranasais, também conhecidos como seios da face.

Esse aumento na incidência das infecções das vias aéreas deve-se bastante pela aglomeração mais frequente de pessoas em ambientes fechados, que ocorre nos meses frios, do que pelas temperaturas frias em si. Essa aglomeração permite um maior contato entre as pessoas e maior possibilidade de transmissão de microrganismos e vírus.

Quais são os sintomas da sinusite?

Congestão e dor facial, obstrução nasal e secreção amarelada ou esverdeada são os sintomas mais comuns de sinusite. Mal-estar geral, fadiga e falta de apetite também podem estar presentes. A doença atinge 16% da população norte-americana entre 20 e 59 anos e responde por 12% de todas as prescrições de antibióticos no país, gerando gastos de três bilhões de dólares em consultas médicas, exames, antibióticos e internações. No Brasil, ainda não há dados a respeito.

Como a doença se desenvolve?

A sinusite está relacionada com a obstrução da drenagem da secreção nasal normal produzida nas cavidades nasais e paranasais. As cavidades paranasais – frontal, maxilar, etmoidal (entre os olhos) e esfenoidal (abaixo da base do crânio) – comunicam-se com as cavidades nasais através dos óstios, dutos que, além de promoverem a ventilação das cavidades, também drenam a secreção nasal.

A secreção pode ser natural, para lubrificação e proteção das estruturas nasais, ou patológica, quando é produzida pela ação de agentes irritativos como cheiros fortes, alergia ou resfriados e gripes.

Quando a secreção nasal não é convenientemente drenada, acaba ficando estagnada nas cavidades paranasais, tornando-se um meio de cultura para vírus, bactérias e fungos, gerando o processo inflamatório, que pode também ser infeccioso.

“Um resfriado que se prolonga por mais de 10 dias com permanência dos sintomas de obstrução nasal, pressão na face e secreção amarelada, ou a chamada dupla piora (double worsening), resfriado que estava melhorando, mas volta a piorar depois do quinto ou sexto dia, devem servir de alerta para que se busque uma avaliação médica”, explica Mauricio Kurc, otorrinolaringologista do Einstein.  

Quais são os tratamentos para sinusite?

Nos casos de diagnóstico de sinusite aguda, o tratamento é basicamente clínico, com soro fisiológico e sprays nasais, analgésicos para melhorar a dor e, eventualmente, antibióticos. Se os sintomas clássicos da sinusite perdurarem por mais de oito semanas, podendo ou não ser acompanhados de febre e secreção nasal purulenta, a doença pode se tornar crônica.

Além disso, há a sinusite crônica relacionada a outros fatores que obstruem as vias nasais. O exame clínico em consultório com a inspeção da cavidade nasal com o auxílio do endoscópio e eventualmente exames de imagem, principalmente a tomografia computadorizada, são adotados para diagnóstico adequado das causas da obstrução.

A causa mais comum de obstrução nasal é o desvio do septo, estrutura que divide o nariz em duas cavidades. Outra é a inflamação do corneto inferior, mucosa que fica na parede lateral da cavidade nasal, cuja função é aquecer, umidificar e remover as impurezas do ar.

A formação de pólipos na mucosa nasal também está entre os fatores mais corriqueiros da obstrução responsável pelas sinusites crônicas, além de variações anatômicas que prejudicam a drenagem dos óstios.

“Além de prejudicar consideravelmente a qualidade de vida, a sinusite crônica pode levar a graves complicações, como a celulite periorbitária (processo infeccioso na região dos olhos) e a meningite pneumocócica, que apresenta elevado índice de mortalidade”, explica Denílson Fomin, otorrinolaringologista do Einstein. 

Casos de sinusite que demandam cirurgia

Nas sinusites crônicas, a terapia clínica, com corticóides tópicos, sistêmicos e antialérgicos, pode apresentar resposta em alguns pacientes. Porém, na maioria dos casos, a conduta cirúrgica para remoção do fator obstrutivo é a única alternativa para promover a melhora e reduzir a possibilidade de retorno da doença.

No Brasil, a sinuplastia endoscópica (menos invasiva) é a mais adotada nos grandes centros urbanos, embora em regiões menos desenvolvidas ainda seja empregada a técnica aberta. 

O procedimento endoscópico é minimamente invasivo, feito com o auxílio de um endoscópio, que permite ao médico ter acesso e visualizar de forma ampliada toda a cavidade nasal para a remoção do fator obstrutivo. Dependendo do tipo de obstrução, podem também ser utilizados equipamentos de radiofrequência e de laser, evitando o uso de tampão nasal, que é necessário no pós-cirúrgico dos procedimentos tradicionais. Outro recurso é o debridador, uma cânula de aspiração com uma lâmina dentro, que facilita a remoção de pólipos.

O avanço tecnológico mais recente é a utilização de balões acoplados ao uso do endoscópio. Introduzidos na cavidade nasal com ajuda de uma guia, os balões são inflados, dilatando os óstios e facilitando a desobstrução. A técnica, denominada sinusplastia com balão, é especialmente indicada para a melhor visualização das cavidades frontais e maxilares, porém o custo elevado torna sua adoção mais restrita.

Apesar de ser feita com anestesia geral, a cirurgia endoscópica permite que a maioria dos pacientes tenha alta no mesmo dia. Mesmo quando não é possível a total remoção do fator obstrutivo, o indivíduo tem sua qualidade de vida substancialmente melhorada. No entanto, o retorno da doença pode ocorrer, principalmente nas sinusites causadas por fungos ou por novas formações de pólipos.

Sinusite tem cura?

A crença popular de que sinusite não tem cura está longe de ser verdade. Tratamentos existem e, ainda que em poucos casos o problema não possa ser totalmente revertido, os benefícios para o paciente são muito expressivos. Acreditar no mito de que não há cura é resignar-se a conviver com a sinusite e seus sintomas e com o risco de doenças ainda mais graves.

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Revisão técnica: otorrinolaringologistas Mauricio Kurc e Denílson Fomin, do Hospital Israelita Albert Einstein

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